O VERDADEIRO AMOR É INCONDICIONAL - A minha escrita e fotos para o fim-de-semana
O verdadeiro amor é incondicional. Não é estreito, não impõe, não obriga a escolhas ou alternativas, é cumulativo, é ecuménico. Não retém, não se apropria, não ameaça, não cobra, não agride. Não é salomónico, prefere vê-lo partir que tê-lo partido ao meio.
O verdadeiro amor é incondicional, é altruísta, partilhado, dirigido ao bem do outro, é respeito. É agradecer todos os dias por o ter, é morrer de medo que corra perigo, é querer mais que bem querer, como dizia o poeta (1 - veja o grande poema de Camões abaixo).
O verdadeiro amor é incondicional, ou não é amor. Pode ser outra coisa, mas não é amor. Suspeito que seja ego. No verdadeiro amor o ego não tem lugar, na medida em que o sujeito amado é, verdadeiramente, mais importante que nós mesmos.
O verdadeiro amor é incondicional, acolhe, abarca o universo do outro porque faz parte dele, ama quem ele ama, ama as suas raízes, cuida, mima.
O verdadeiro amor vibra com os feitos do outro, ajuda-o a chegar lá onde ele quer.
O verdadeiro amor não compete, não sufoca, antes pára, maravilhado, por o ver respirar.
Isabel
www.isabelnolasco.com
Fotos: Gente de Balibó, Timor-Leste.
Tiradas com a minha Canon EOS 5D MKIII.
Que esteja a ser um bom fim-de-semana, amigos! Espero que gostem deste post e da maravilhosa poesia de Camões que deixo aqui.
(1)
Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que doi, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
To read this post in English click the link https://steemit.com/writing/@nolasco/unconditional-love-an-inspirational-writing-for-the-weekend
*se gostou deste post talvez goste destes:
Ainda q a escrita do seu texto é moi linda, difiro da valoración positiva do concepto "verdadeiro amor", o q mais prosaicamente chamo amor romàntico.
Non gosto del porque traeme a cabeza a" Istoria de O, de Pauline Repe". O amor non pode ser sumisión, senon liberdade.
Non gosto do termo porque "Non quero estar presa", e sobre todo, non quero estar presa por vontade.
Non gosto porque non quero "_servir a quen venceu, ó vencedor", porque a. victoria non xustifica nin as razóns nin a xustiza nin legalidade e quen sae victorioso.
Non gosto do concepto pirque non, non quero "ter lealdade con quen me mata.". Esta frase dame moito noxo. Visualiza a realidade das mulleres maltratadas que non denuncian o seu " compañeiro-agresor" porque bate nela porque a quere, a viola porque a ama, e en definitiva se queda con el ata q SÚA morte os separa,
Non, @nolasco. Gosto da súa escrita, mais esta vez difiro no concepto.
Olá @gazetagaleguia e @nolasco.
Sem dúvida que temos que contextualizar o poema de Luís de Camões no espaço e no tempo.
Estamos em pleno século XVI, quando Camões escreve “O amor é um fogo que arde sem se ver“, poema que faz parte da lírica clássica do autor.
Passo a citar uma interpretação das muitas que foram efectuados ao longo dos anos:
“Neste poema, Camões procurou conceituar a natureza contraditória do amor. Não é um tema novo. Já na Antiguidade, o amor era visto como uma espécie de cegueira, uma doença da razão, uma enfermidade de consequências às vezes devastadoras. Nas cantigas de amor medievais, os trovadores exprimiam seu sofrimento, a coita, provocada pela desorientação das reacções do artista diante de sua Senhora, de sua Dona.
Petrarca e os poetas do dolce stil nuovo privilegiaram, na Renascença italiana, o tema do desencontro amoroso, das contradições entre o amar e o querer e do sofrimento dos amantes e apaixonados.
O poeta buscou analisar o sentimento amoroso racionalmente, por meio de uma operação de fundo intelectual, racional, valendo-se de raciocínios próximos da lógica formal. Mas como o amor é um sentimento vago, imensurável, Camões acabou por concluir pela ineficácia de sua análise, desembocando no paradoxo do último verso. O sentir e o pensar são movimentos antagônicos: o sentir deseja e o pensar limita, e, como o poeta não podia separar aquilo que sentia daquilo que pensava, o resultado, na prática textual, só podia ser o acúmulo de contradições e paradoxos. Essa feição contraditória e o jogo de oposições aproximam Camões do Maneirismo e, no limite, do Barroco.”
Os conceitos evoluem ao longo do tempo e ainda bem que é assim.
Votos de um excelente domingo e saudações a todos.
"Estamos juntos em prol da língua portuguesa"
Isso mesmo, @ginga, muito obrigada pela contextualização e por nos aportares tão significativa informação. Bem hajas!
@gazetagaleguia, muito obrigada pelo seu comentário, tão bem fundamentado.
Esse conceito de que fala eu também não concordo. Nem é do amor romântico que falo, é do amor universal. Pelo outro. Seja filho, pai, amigo, ou o próximo. Do conceito de amor.
A sua crítica é ao soneto de Camões, do qual eu escolhi apenas um excerto (não querer mais que bem querer). Escolhi por o soneto no post, já que no meu texto fazia essa referência.
Mas o meu conceito de amor incondicional (que, por definição, significa que não impõe condições) está no meu texto, e não tem nada a ver com submissão, pelo contrário, eu digo que ele:
não impõe, não obriga
não se apropria, não ameaça, não cobra, não agride
é altruísta, partilhado, dirigido ao bem do outro, é respeito
não compete, não sufoca
É assim o amor que eu sinto pelos meus filhos, por exemplo. É um amor de liberdade, que dá asas. Não aquele que está subjacente no seu comentário.
Espero que compreenda a minha opinião. Não gostaria de ser mal interpretada, logo num assunto tão sensível quanto este.
Bem haja!
Certo que a crítica baseabase no texto de Camões, e debes disculpar a miña vehemencia no momento...
e entendo que voçe fala do "amor universal" ... mais os versos trouxeronme a crudeza de esta realidade que me acontece tan a miudo e que non sei como mitigar...
Apertas, vicinha @Nolasco.
Bem haja!
Obrigada, só fiquei preocupada porque o meu texto é todo o inverso do que pareceu ser a sua interpretação do mesmo. Temos que pensar no soneto do Camões devidamente contextualizado no seu tempo. Eu sou mulher e como tal, tenho uma herança milenar de submissão. Felizmente estamos no século XXI e, apesar de ainda haver um longo caminho a percorrer na igualdade (dentro da diversidade), a realidade é, felizmente, bem diferente! Bem haja, fico feliz com o seu comentário!
wonderful faces..
They truly are!
<3
obrigada <3
É sempre interessante ver as definições de amor e destino desse amor das pessoas, agradeço pelo compartilhamento. E agradeço também pela lição de como estruturar um texto e sugerir outros textos nessa plataforma na qual ainda sou novo!!
Desejo-lhe tudo de bom aqui no Steemit, e obrigada pelo seu comentário. Fico contente de poder ajudar, disponha!
Opa, eu que agradeço e que tenha tudo de bom para nós também!!!
Isso! Obrigada!