O Beija-flor-zoeiro e o Perfume da Dália
O menino havia arrancado aquela dália e começara a arrancar as pétalas uma a uma. Um pouco brincando, um pouco acreditando, ia arrancando as pétalas, falando baixinho: malmequer, bem-me-quer, malmequer, bem-me-quer... Assim ia pensando naquela bela menina.
Foi quando viu entre os minúsculos insetos que viviam entre as pétalas, um que parecia um pouco diferente. Todos os insetos ali pareciam frágeis e bastante a vontade vivendo ali no aconchego das pétalas, impregnados pelo perfume delas. Mas aquele tinha uma face estranha, e, sem entender o que acontecia, o menino pode ouvir algo daquele inseto.
A criatura disse que merecia viver, pois era especial. Ela disse que imitava o cheiro das pétalas para se camuflar. Disse que, para sobreviver ali, evoluíra para se confundir com elas, e, assim, nunca ser achado por nenhum predador.
O menino então respondeu:
Não há nada demais nisso. Conheço um animal com camuflagem muito mais interessante. É o Montanha. Ele é um camaleão tão grande como uma montanha. Ele não muda de cor para se esconder. Ele fica azulado para parecer com as montanhas distantes, pois quanto mais longe está uma montanha mais azulada ela é. O Montanha, assim, consegue sossego e passa despercebido. Ele não precisa se esconder. Ele só muda de cor porque para ele todo mundo é chato e irritante.
O menino então arrancou mais uma pétala, disse baixinho "bem-me-quer", e jogou a dália fora junto com o inseto falante.
No chão pedregoso, na flor que murchava, o pequeno inseto aguardava a morte, quando um beija-flor se aproximou atraído pelo colorido em lugar tão incomum. Vendo ali sua última chance de sobreviver, o pequeno inseto contou para o beija-flor toda a sua história. Contou tudo o que sabia, pediu ajuda, implorou para ser salvo, e prometeu contar ainda mais sobre o que sabia.
Por sorte, aquele era um beija-flor-zoeira. Então, ele pensou que seria engraçado colocar o inseto entre as penas de um certo sanhaço brigador. Pensou que o sanhaço passaria um pouco de vergonha quando seus amigos percebessem que ele estava usando perfume com cheiro de dália. E, agora que pequeno inseto o tinha revelado a existência do Montanha, ele o iria encontrar e o perturbar para causar bastante confusão naquele lugar. Teríamos confusão dobrada.
Foi assim que, com o seu voo rápido, o beija-flor-zoeira colocou o inseto cheiroso entre as penas do sanhaço, e, em seguida, partiu em direção a grande montanha azul que se estendia por todo o horizonte.
Com seu olho de beija-flor e podendo parar no ar, não foi fácil para o beija-flor-zoeira chegar bem próximo à face do grande monstro. Ele, então, começou a "encher o saco" do monstro até que ele abriu os olhos e perguntou o que o passarinho enjoado queria.
O beija-flor então disse ao monstro que ele não estava usando a estratégia mais sofisticada. Ele deveria é ficar com a face branca para parecer que ela é o topo de uma montanha altíssima. Um lugar inacessível e frio, coberto de neve o ano todo. Onde nem mesmo um pássaro acharia que poderia chegar para ficar o perturbando.
O monstro disse que isso não tinha nada a ver. E que sua estratégia funcionava perfeitamente. Sempre tinha funcionado... e mudar só por causa de palpite de um passarinho não fazia sentido.
Mas o beija-flor-zoeira perturbou tanto o gigantesco camaleão que ele resolveu mostrar que podia mudar a cor de sua cara para um branco tão pálido quanto a neve.
Ele fez um grande esforço e finalmente pôde perceber que conseguira, ao ver tudo ficar mais iluminado com o reflexo da sua imensa cara branca.
Então, o beija-flor caiu na gargalhada, assim como um bando de centenas de maritacas que ali passavam voando. Era evidente, o Montanha tinha ficado ridículo! E agora as maritacas iriam espalhar sobre o tinham visto para toda a floresta.
A cara do Montanha foi ficando vermelha, e irado ele tentou pegar, sem sucesso, o beija-flor com sua imensa língua de camaleão. Irritado e descontrolado, seus passos pesados balançaram e causaram confusão por toda floresta, até que ele tropeçou e caiu causando um grande terremoto.
Voltando alegre para casa, o beija-flor ficou sabendo que o sanhaço o tinha desafiado para um duelo. O sanhaço tinha ficado sabendo que era ele que tinha colocado pulgões entre as suas penas. Mas, os colegas do beija-flor-zoeira o avisaram que não havia com o que se preocupar, pois o sanhaço estava magrelo, pois o inseto era mesmo um pulgão que tinha adorado sugar o sangue do sanhaço, e ainda se multiplicara aos milhares.
Enfim, chegara o dia do duelo. O Sanhaço mesmo debilitado acreditava que o instinto para luta que sempre o acompanhara o faria vencer, e ali estava ele, frente a frente com o beija-flor-zoeira que flutuava confiante próxima ao chão.
O beija-flor-zoeira estava confiante e tranquilo, quando, de repente, as penas do sanhaço eriçaram subitamente, lançando ao ar centenas de pulgões. Isso causou bastante confusão na plateia de pássaros. Uns tentaram evitar a chuva de parasitas, outros, comer alguma coisa.
Passada a confusão, o sanhaço, com as penas eriçadas, parecia bem maior. E, mesmo sabendo que era só aparência, o beija-flor-zoeira - que tinha habilmente se desviado da chuva de pulgões - parecia sem coragem de atacar um pássaro que parecia tão forte.
Os dois ficaram ali, frente a frente, sem coragem de tomar a iniciativa para o combate. Um debilitado mas aparentando força, e o outro intimidado por uma força inexistente.
A verdade é que, para a plateia, aquele era o duelo mais ridículo e com os mais covardes passarinhos que já existiram.
Foi quando na montanha abriu-se um grande olho, e o grande réptil - que ainda não conseguia controlar bem a cor que tremulava na sua face como um tique nervoso - apareceu e disse num tom ameaçador:
Para consertar toda confusão do beija-flor-zoeira e recuperar a honra do sanhaço, os dois deverão partir numa jornada até uma região distante onde vive um monstro de duas cabeças. Só deverão voltar trazendo as cabeças do terrível monstro. Farão isso, ou toda a floresta será destruída.
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Foi quando viu entre os minúsculos insetos que viviam entre as pétalas, um que parecia um pouco diferente. Todos os insetos ali pareciam frágeis e bastante a vontade vivendo ali no aconchego das pétalas, impregnados pelo perfume delas. Mas aquele tinha uma face estranha, e, sem entender o que acontecia, o menino pode ouvir algo daquele inseto.
A criatura disse que merecia viver, pois era especial. Ela disse que imitava o cheiro das pétalas para se camuflar. Disse que, para sobreviver ali, evoluíra para se confundir com elas, e, assim, nunca ser achado por nenhum predador.
O menino então respondeu:
Não há nada demais nisso. Conheço um animal com camuflagem muito mais interessante. É o Montanha. Ele é um camaleão tão grande como uma montanha. Ele não muda de cor para se esconder. Ele fica azulado para parecer com as montanhas distantes, pois quanto mais longe está uma montanha mais azulada ela é. O Montanha, assim, consegue sossego e passa despercebido. Ele não precisa se esconder. Ele só muda de cor porque para ele todo mundo é chato e irritante.
O menino então arrancou mais uma pétala, disse baixinho "bem-me-quer", e jogou a dália fora junto com o inseto falante.
No chão pedregoso, na flor que murchava, o pequeno inseto aguardava a morte, quando um beija-flor se aproximou atraído pelo colorido em lugar tão incomum. Vendo ali sua última chance de sobreviver, o pequeno inseto contou para o beija-flor toda a sua história. Contou tudo o que sabia, pediu ajuda, implorou para ser salvo, e prometeu contar ainda mais sobre o que sabia.
Por sorte, aquele era um beija-flor-zoeira. Então, ele pensou que seria engraçado colocar o inseto entre as penas de um certo sanhaço brigador. Pensou que o sanhaço passaria um pouco de vergonha quando seus amigos percebessem que ele estava usando perfume com cheiro de dália. E, agora que pequeno inseto o tinha revelado a existência do Montanha, ele o iria encontrar e o perturbar para causar bastante confusão naquele lugar. Teríamos confusão dobrada.
Foi assim que, com o seu voo rápido, o beija-flor-zoeira colocou o inseto cheiroso entre as penas do sanhaço, e, em seguida, partiu em direção a grande montanha azul que se estendia por todo o horizonte.
Com seu olho de beija-flor e podendo parar no ar, não foi fácil para o beija-flor-zoeira chegar bem próximo à face do grande monstro. Ele, então, começou a "encher o saco" do monstro até que ele abriu os olhos e perguntou o que o passarinho enjoado queria.
O beija-flor então disse ao monstro que ele não estava usando a estratégia mais sofisticada. Ele deveria é ficar com a face branca para parecer que ela é o topo de uma montanha altíssima. Um lugar inacessível e frio, coberto de neve o ano todo. Onde nem mesmo um pássaro acharia que poderia chegar para ficar o perturbando.
O monstro disse que isso não tinha nada a ver. E que sua estratégia funcionava perfeitamente. Sempre tinha funcionado... e mudar só por causa de palpite de um passarinho não fazia sentido.
Mas o beija-flor-zoeira perturbou tanto o gigantesco camaleão que ele resolveu mostrar que podia mudar a cor de sua cara para um branco tão pálido quanto a neve.
Ele fez um grande esforço e finalmente pôde perceber que conseguira, ao ver tudo ficar mais iluminado com o reflexo da sua imensa cara branca.
Então, o beija-flor caiu na gargalhada, assim como um bando de centenas de maritacas que ali passavam voando. Era evidente, o Montanha tinha ficado ridículo! E agora as maritacas iriam espalhar sobre o tinham visto para toda a floresta.
A cara do Montanha foi ficando vermelha, e irado ele tentou pegar, sem sucesso, o beija-flor com sua imensa língua de camaleão. Irritado e descontrolado, seus passos pesados balançaram e causaram confusão por toda floresta, até que ele tropeçou e caiu causando um grande terremoto.
Voltando alegre para casa, o beija-flor ficou sabendo que o sanhaço o tinha desafiado para um duelo. O sanhaço tinha ficado sabendo que era ele que tinha colocado pulgões entre as suas penas. Mas, os colegas do beija-flor-zoeira o avisaram que não havia com o que se preocupar, pois o sanhaço estava magrelo, pois o inseto era mesmo um pulgão que tinha adorado sugar o sangue do sanhaço, e ainda se multiplicara aos milhares.
Enfim, chegara o dia do duelo. O Sanhaço mesmo debilitado acreditava que o instinto para luta que sempre o acompanhara o faria vencer, e ali estava ele, frente a frente com o beija-flor-zoeira que flutuava confiante próxima ao chão.
O beija-flor-zoeira estava confiante e tranquilo, quando, de repente, as penas do sanhaço eriçaram subitamente, lançando ao ar centenas de pulgões. Isso causou bastante confusão na plateia de pássaros. Uns tentaram evitar a chuva de parasitas, outros, comer alguma coisa.
Passada a confusão, o sanhaço, com as penas eriçadas, parecia bem maior. E, mesmo sabendo que era só aparência, o beija-flor-zoeira - que tinha habilmente se desviado da chuva de pulgões - parecia sem coragem de atacar um pássaro que parecia tão forte.
Os dois ficaram ali, frente a frente, sem coragem de tomar a iniciativa para o combate. Um debilitado mas aparentando força, e o outro intimidado por uma força inexistente.
A verdade é que, para a plateia, aquele era o duelo mais ridículo e com os mais covardes passarinhos que já existiram.
Foi quando na montanha abriu-se um grande olho, e o grande réptil - que ainda não conseguia controlar bem a cor que tremulava na sua face como um tique nervoso - apareceu e disse num tom ameaçador:
Para consertar toda confusão do beija-flor-zoeira e recuperar a honra do sanhaço, os dois deverão partir numa jornada até uma região distante onde vive um monstro de duas cabeças. Só deverão voltar trazendo as cabeças do terrível monstro. Farão isso, ou toda a floresta será destruída.
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