#FazendoHistoria - As bases sociais da estrutura hospitalar

in #pt6 years ago (edited)

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Imagem Iustrativa - Fonte: History

Nesse post em colaboração a ótima iniciativa de @leodelara com a proposta da tag #fazendohistoria, irei trazer um percurso que se inicia ao final da Idade Média no século XIV e percorre a Idade Moderna até o século XVII, e que repercute na nossa formação cultural, e de estruturas sociais, até os dias de hoje.

Nesse percurso trarei os moldes que se constituíram as estruturas hospitalares na sociedade ocidental, e as referências bibliográficas estarão ao final do texto.

Hoje sabemos que a Hanseníase, é causada por um bacilo, o Mycobacterium leprae, no entanto ao longo da história o nome mais popular foi lepra. A lepra se espalhou por contágio por acometendo milhares de pessoas tendo grande repercussão na Idade Média, acometendo milhares de pessoas na Europa e Ásia.

Com acometimento dermatológico e neurológico, além do contágio, as deformações pela destruição dos tecidos cutâneos e nervosos, com aparências realmente perturbadoras, e por não ter muito o que fazer, devido a época, o isolamento social se constituiu, formando grandes locais a parte das cidades, onde poucos se atreviam a ir.

A Igreja Católica era uma das poucas instituições a se atrever estar nesse meio, diga-se de passagem quem não conhece a história de São Francisco de Assis vale a pena conhecer. Com ausência de tratamento minimamente eficaz, a fé e a salvação dos males mundanos, constituíam a única esperança, na salvação pela fé e na busca do paraíso.

Os mitos desses lugares, e forte conotação espiritual, que convergia junto a medicina, e seu isolamento determinado pelas autoridades, formaram locais imensos, cheios de gente.

Logo esses locais serviram para construção social de medo, estigmas, preconceito e terror. Os males não iriam acometer qualquer pessoa, o sofrimento era a punição dos pecados. E reuniriam muitos excluídos dos meios sociais além dos ditos portadores de lepra.

Temos a lepra a primeira descrita de modo consistente historicamente, como fator determinante do isolamento social, junto a condenação moral.

Lembrando que nessa época muitas afecções dermatológicas eram tidas como lepra, dentre elas o líquen, a psoríase, a escabiose, o impetigo, a elefantíase.

Em alguns locais como na fronteira da França com Alemanha, existiu a Lei de Strasbourg, que obrigava médicos, cirurgiões e barbeiros a examinar uma suspeita de lepra.

De acordo com Pinto (1995, p.134), "os médicos medievais consideravam a lepra simultaneamente uma doença contagiosa e hereditária, ou oriunda de uma relação sexual consumada durante a menstruação"
Letícia Maria Eidt

Quem acompanhará a lepra já no início da Idade Moderna, será a loucura. Os comportamentos que se destoava do meio cultural determinante, ou mesmo as ideias, irão acompanhar a lepra. De região para região na Europa, terão formas diferentes do qual os determinados loucos se destinariam.

Alguns eram destinados a viagens que por alguns eram considerados a busca da razão, que ficou conhecida pela Nau dos Loucos, navios do qual embarcaram os loucos ao destino que lhes levassem, nos muros das águas, ou nas prisões de quem os recebessem, por vezes os teatros, ou a corte poderiam dar um lugar para poucos.

De qualquer forma, assim como a lepra, a loucura teve seu destino construído, no isolamento social, e na condenação moral, antes mesmo da medicina tomar para si a loucura em busca da cura.

E não paramos por aqui, a sociedade moderna europeia terá que lidar com outro problema. Lesões dermatológicas e loucura começaram a aparecer, agora associado às doenças venéreas, a Sífilis assolou e disseminou-se pela Europa.

Também sofrendo o viés de uma medicina empírica que se misturava aos conceitos espirituais, desde Hipócrates, perpassando por Galeno, e que sem dúvida, suas ideias, foram bases importantes para os seus sucessores no século XVIII, porém na época não tinha muito o que fazer, mesmo assim a Sífilis passou a ser mais mais um problema médico do que os outros citados, e foram praticados dos mais variados experimentos, aos condenados do destino divino.

Aqueles locais que eram ocupados por indivíduos portadores de lepra, imensos, com a diminuição dos acometidos, as monarquias teriam que dar um destino invariavelmente. Ocupados pelos que destoavam ao aceitável socialmente, se tornaram as bases das estruturas hospitalares.

E esse destino dos portadores de sífilis seguiu o mesmo padrão da lepra, e da loucura, e por vezes se apresentando de forma bem parecida, quando se apresentava como Paralisia Geral, o que hoje chama-se de Sífilis Terciária, nosologia a ser determinada ao decorrer do seculo seguinte.

Dessa forma o isolamento social pelos males de causas morais, ainda mais venéreos, tinham que ter um destino. No tratamento da sífilis se constituíram as primeiras práticas de internações hospitalares.

No conjunto dos dogmas da época, com suas crenças, a falta outros de recursos, as estruturas organizacionais social monárquicas e as igrejas, constituíram as primeiras estruturas hospitalares ou asilares.

Essas estruturas que serviram e iriam servir por longos anos, a estrutura física organizada pelos humanos, na cultura ocidental, de isolamento moral e social. Estruturas com repercussão para além da medicina, que a sociedade contempla até hoje em outros moldes.

E assim se termino a base estrutural da formação hospitalar histórica. Lembro para finalizar que a lepra, recebeu o nome do indivíduo que isolou o bacilo, e passou a se chamar Hanseníase, devido às repercussões culturais negativas que o substantivo lepra carrega na cultura.

Até hoje existe, e é uma doença de notificação compulsória, com tratamento público disponibilizado pelo SUS. O Brasil tem um índice alto chegando a 11,6% do acometimento mundial. O público mais acometidos, ou seja de maior, incidência e prevalência, são indivíduos com menores condições econômicas e sociais. E seu contágio se dá por contato prolongado e íntimo por meio de secreções, em pacientes multibacilares que não estão em tratamento.

Pode se apresentar com manchas esbranquiçadas, bolhas, nódulos, anestesia das lesões ou regiões que seguem a inervação local, em casos mais avançados podem cursar com deformidades físicas, o que hoje em dia é incomum.

“É importante lembrar que, apesar de existirem tratamentos eficazes e cura para a hanseníase, campanhas massivas de educação em saúde pública, um aumento da consciência sobre a doença e integração dos tratamentos nos serviços de saúde, os esforços para o combate e controle dessa enfermidade ainda encontram um grande obstáculo: o estigma e a discriminação enfrentados pelas pessoas afetadas por ela.”
https://nacoesunidas.org/brasil-registra-116-dos-casos-de-hanseniase-no-mundo/


Referencias bibliográficas para elaboração do texto:


Meus referenciais para quem se interessar em conhecer as exchanges:

Kucoin - Renda passiva, pela posse/holding do KCS - Kucoin Shares, considerado uma securite token.

Binance - Exchange com muita liquidez, e negocia o ativo steem.

Braziliex - Negocia Real com bitcoin e outras altcoins, pouca liquidez ainda, porém muitas oportunidades.


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