Destino: Independência Financeira! - #1: O despertar da consciência financeira

in #pt6 years ago (edited)




O meu nome é Rafael, tenho 29 anos, e no último ano tenho vindo a nutrir um crescente interesse pela gestão das finanças pessoais. Posto de forma simples, interessa-me aprender a viver com menos dinheiro, com menos bens, com menos consumo e ao mesmo tempo perceber como pode esse mesmo capital servir-me, ao contrário de ser eu a correr incessantemente atrás dele entrando na chamada “corrida de ratos”. O propósito deste primeiro post sobre este tema é expor como DESPERTEI para a importância de tomar decisões CONSCIENTES e ponderadas quanto aos USOS que dou ao meu dinheiro.

Aviso

Não sou um conselheiro financeiro nem tenho formação certificada em finanças ou economia. Sou apenas um curioso no que respeita ao universo das finanças pessoais, da frugalidade e da sustentabilidade.

Dito isto, apresento o meu caso.

Na inconsciência (financeira)


Esperar até aos 29 anos para perceber que o dinheiro deve ser gerido com consciência? Talvez um pouco tarde... sobretudo para alguém como eu, que começou a trabalhar aos 16 anos. A verdade é que muita gente vive toda uma vida sem uma real e precisa consciência do que acontece ao seu dinheiro. “Mais vale tarde do que nunca!”

Saí de casa dos pais aos 20 anos, quando me inscrevi na Universidade de Coimbra. Fazia a gestão da minha a mesada, é certo. Mas não se pode considerar realmente uma gestão. Poupar para o futuro ou criar um fundo de emergência nunca foi um hábito. Ou tinha dinheiro ou não tinha. E quando tinha, miraculosamente arranjava forma de o gastar, muitas vezes sem saber onde ou em quê. No último ano da minha licenciatura comecei a trabalhar como empregado de mesa, mantendo os mesmos hábitos. Acabando licenciado em Antropologia, as ofertas de emprego eram escassas e fui-me mantendo no mesmo ramo profissional nos anos seguintes. Não tinha um projecto claro de carreira. E nunca procurei, de forma organizada, redireccionar a minha formação para uma área semelhante.

Relativamente à minha saúde financeira, esta manteve-se sempre igual: estagnada. Não tinha qualquer tipo de dívida, mas também não tinha qualquer pé-de-meia. Mantinha a ideia de que não era um grande consumista, não comprava “muitas” coisas, mas na realidade não sabia para onde ia o meu dinheiro. E ele desaparecia sempre!. Resumidamente, não tinha qualquer plano, e isto mantinha-me constantemente dependente do meu trabalho. A mudança de carreira que eu tanto ansiava nunca chegou porque eu também não criei as condições para isso. Chapa ganha, chapa gasta. Era este a máxima que sem eu me aperceber, ia ditando as regras.
Quando me fartava de trabalhar num determinado restaurante ou pastelaria mudava... para outro. Sem mudar realmente o problema. O problema, era a minha falta de consciência quanto ao meu dinheiro, a minha falta de planeamento e ausência de bons hábitos de gestão e consumo.

Motivação


Há um ano atrás a minha situação era como tal, de uma total dependência financeira de terceiros: os meus empregadores. Não sobreviveria mais de dois meses caso ficasse desempregado ou impossibilitado de trabalhar. Isso começava a causar-me bastante stress. Não que eu vivesse alheio à realidade das finanças pessoais, apenas não tinha a motivação e disciplina necessárias para incorporar novos hábitos na minha vida.

Então, qual foi a MOTIVAÇÃO para a mudança?

Foi a pior notícia que poderia receber naquela altura; Hoje, a melhor "coisa" que já me aconteceu!

Em Fevereiro de 2017 recebi A CHAMADA. A minha namorada estava grávida. Entrei rapidamente na “Primeira fase do luto”: negação. Duvidei da fiabilidade dos famosos testes de gravidez vendidos nas farmácias. Depois veio a raiva (nunca violência). Uma enorme raiva que eu senti em relação a... mim. Não estava preparado para aquela situação. Tal como não tinha um plano para a minha vida financeira ou para a minha carreira, apenas “sonhos” que não passavam de devaneios efémeros, também a minha vida pessoal carecia de direcção. Não tinha ponderado nunca a possibilidade de ser pai, simplesmente não tinha pensado no assunto. Como tal sentia-me o mais desprevenido possível. A palavra mais correta será frágil.

O Despertar da Consciência Financeira

Tinha 29 anos. Tinha trabalho, mas “nunca” tinha dinheiro. Não tinha dívidas, mas a minha conta dificilmente ultrapassava os três dígitos... nos meses “bons”. Tinha uma licenciatura, mas há anos que trabalhava numa área que da qual não gostava sem nunca tomar uma atitude séria para mudar. Estava a menos de 8 meses de me tornar pai... e não sabia o que fazer.

Decidi descobrir!

As responsabilidades anunciadas por uma nova gravidez são avassaladores. Um gajo simplesmente não sabe onde se há de meter...
Achei, por bem, sem querer soar egoísta, que o melhor seria começar por MIM. Ou a criança iria ter um pai indesejado.
Precisava de um plano! Precisava de vários planos dentro de um PLANO...
Comecei pela fonte da minha maior insegurança: o dinheiro.
Dos meus flirts no passado, com o mundo das finanças pessoais, fui resgatar um softwear ao qual estou muito grato: YNAB 4 (You need a budget).
Percebi que um orçamente (budget) é essencialmente um plano para a gestão das nossas finanças pessoais no quotidiano. E eu precisava desesperadamente de um.
Comecei a consumir bibliografia relativa ao tema das finanças, mas não só. Comecei também a interessar-me pelo tema da produtividade ao nível pessoal e profissional. No final de contas era necessário criar SINERGIAS entre as várias esferas da minha vida de forma a que, tendo em conta o tempo perdido, eu pudesse “entrar nos eixos” o mais rapidamente possível.

... e eu precisava desesperadamente da segurança e confiança que um Plano, uma direção, nos dá.

Construindo os alicerces

Neste último ano, as mudanças exteriores, para além do meu novo papel de pai babado de uma menina super curiosa, actualmente com 8 meses, não são enormes. Conduzo o mesmo carro. Uso as mesmas roupas, continuo com o meu velho portátil comprado em 2008. Trabalhei até há bem pouco tempo na mesma área profissional (até que decidi que estava preparado para me despedir e seguir em frente).
O que mudou foi a mentalidade, a atitude e o método com que comecei a abordar os problemas e as decisões que tinha que tomar. Agora já tenho algo mais parecido com um plano de viagem. E um destino.

Concluindo

É nesta experiência que pretendo basear o conteúdo desta série de posts. Como fui, e continuo, a ter cada vez mais poder sobre a minha vida financeira, e sobretudo mais CONSCIÊNCIA das minhas decisões. É isso que se pode esperar desta série de tom muito pessoal:

  • A importância de um Orçamento pessoal e estratégias alternativas;
  • Necessidade de criar bons hábitos, disciplina e sinergias;
  • Como consumir de forma responsável, sustentável e frugal;
  • E como fazer o nosso dinheiro trabalhar para nós, ruma a uma maior INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA!

Não hesitem em deixar o vosso feedback. Ainda tenho muito para aprender e certamente aprenderemos melhor juntos!

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Bom post, inspirador!

Excelente abordagem ao tão importante tema que é a educação financeira.

Muito obrigado!

Muito legal o teu post, e já comecei a te seguir. Também estou publicando uma série de artigos sobre assuntos correlatos e acredito que poderemos trocar muitas ideias. Um abraço.

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