Suicídio!

As estatísticas não mentem e quase 1 milhão de pessoas tiram a própria vida por ano no mundo todo. Isto dá aproximadamente 1 suicídio por minuto. No Brasil em média 500 pessoas tentam se matar por dia e 25 conseguem de fato. Se o problema tem tal dimensão por que quase não se ouve falar no assunto?

Em uma época na qual a sociedade exige perfeição e sucesso obrigatórios, parece que admitir o suicídio como um problema grave e real é o mesmo que admitir que falhamos como civilização.

Primeiro vamos tentar entender o que leva uma pessoa a enveredar por este caminho muitas vezes sem volta. Uma das principais causas que levam alguém a escolher este destino é a depressão.

Alguns psicólogos acreditam que tais tendências se originam de um sentimento de culpa muito intenso e profundo, encontrando na morte uma válvula de escape e uma forma de auto punição. Quando em última instância o que elas buscam seria o perdão.

Inúmeros especialistas sugerem que, em muitos casos, tais sentimentos podem ter até mesmo uma origem intrauterina. As condições da gestação impactariam de maneira ampla a personalidade de uma pessoa.

Os sentimentos, pensamentos e emoções dos pais são em certa medida transferidos para o feto durante a gravidez, que internaliza em si a culpa e outras interpretações distorcidas da realidade.

Do mesmo modo nos primeiros anos de vida se a criança sente que estava sendo rejeitada e/ou que não era amada, poderá crescer e se desenvolver com grande dificuldade de cultivar a auto estima e o sentimento de amor pela vida em geral.

Filhos não desejados, tentativas de aborto, mães e pais com quadros depressivos durante a gestação e primeiros anos de vida do bebê, assim como sofrimento fetal, rejeição, ausência de carinho, maus tratos, abusos e traumas, são todos ingredientes que podem gerar patologias e tendências suicidas durante a vida adulta.

Isto ocorre por que o recém nascido ainda não tem sua individualidade bem definida e começa a registrar todas as emoções negativas dos pais como se fossem dele próprio. O que o leva a sentir, sem razão, muita culpa, menosprezo por si mesmo e pulsão de morte. Cresce com a sensação de que não merece viver.

Todas estas impressões ficam fortemente gravadas no subconsciente e podem depois vir a se manifestar em qualquer etapa da vida, geralmente após sofrerem mais algum trauma adicional.

Esta é uma possibilidade bem plausível mas muitas outras experiências de vida podem também fazer a personalidade de uma pessoa evoluir neste sentido. Algum transtorno mental gerado por traumas diversos que levem a depressão e não raro algum tipo de vício e dependência química como alcoolismo.

Infelizmente a sociedade vê o suicida como covarde, quando na verdade em 90% dos casos o quadro poderia ser evitado através de tratamento adequado. Depressão, Ansiedade, Síndrome do Pânico e Esquizofrenia são assuntos ainda considerados Tabu e sobre os quais se recusam a falar abertamente.

Alguns cientistas também sugerem que podem existir fatores genéticos para alguns casos, mas certamente não para todos e o mais importante para salvar vidas é sabermos identificar os sinais de que alguém possa estar pensando em se matar e como abordar e tratar a questão.

Quase sempre quem pretende de matar expressa sua vontade. Pode ser em uma simples conversa ou em uma publicação nas redes sociais. Não julgue nem ignore, tanto pode ser apenas uma tentativa de obter atenção como uma intenção legítima.

O humor do suicida em potencial muda drasticamente e tem um caráter bipolar. Podendo passar de um extremo a outro em poucos segundos. Ocorre por que o indivíduo enfrenta algum tipo de distúrbio ou desequilíbrio químico no cérebro.

A depressão é certamente o fator preponderante, estima-se que 15% dos pacientes severamente deprimidos cometem suicídio. Sabendo identificar corretamente o caso de doença pode-se obter tratamento adequando e evitar consequências piores.

O abuso de drogas, uso excessivo e indiscriminado de álcool e outras substâncias psicoativas.

Estar atento a muitos casos em que o paciente em estado grave consegue ludibriar a todos fingindo estar melhor, afim de burlar o tratamento. E depois acaba se matando. Toda melhora rápida deve ser observada com cautela.

Outros fatores comuns que levam ao suicídio além de patologias mentais já mencionadas (Depressão, Transtorno de Ansiedade, Síndrome do Pânico e Esquizofrenia) seriam qualquer trauma ou experiência extrema que pode levar ao desamparo, culpa, vergonha.

Por exemplo vítimas de abuso físico, abuso sexual, acidentes físicos, perda de ente querido, termino de relacionamento, perda do emprego, etc. Tudo isto em menor ou maior grau pode levar a um transtorno de estresse pôs traumático que por sua vez pode levar a tentativa de suicídio.

A maioria das pessoas que sofre Bullying enquanto cresce ou durante o horário escolar podem adquirir um alto grau de depressão. Este tipo de experiência negativa gera uma profunda marca na maneira como o indivíduo se sente e pensa, fazendo-os se sentir desvalorizados a ponto de perder totalmente a esperança em mudar tal situação.

Transtorno de Personalidade, Desemprego, Solidão e Isolamento Social e Dor Crônica, existem muitas causas que podem levar alguém ao fim da linha: aquele ponto de total desespero e falta de esperança de onde acredita não existir volta ou salvação.

Para vencer este mal o acompanhamento profissional de psicólogo e psiquiatra é muito importante. Deve-se evitar atitudes de censura ou julgamen­tos, utilizando sempre uma abordagem de acolhimento e de cuidado e carinho.

Não julgue. Demonstre seu apoio e se esforce para compreendê-la, mas não diga como ela deveria se sentir ou o que deveria fazer, este tipo de abordagem normalmente mais atrapalha do que ajuda e fará com que a pessoa sinta que você não a entende ou não a está escutando.

Ao invés de demonstrar preocupação excessiva, faça a pessoa sentir que não está sozinha, que você estará ali para apoia-la no que quer que seja. Convide-a para fazer alguma coisa com você como por exemplo caminhar, praticar algum esporte ou qualquer outra atividade que a ajude a se manter fisicamente ativa.

Estimule que ela escreva um diário, isto pode ser de grande valia pois deste modo ela poderá expressar tudo aquilo que sente ao invés de reprimir as próprias emoções.

Entenda que a mente de uma pessoa com pensamentos suicidas funciona de maneira diferente e é preciso encontrar formas não usuais para lidar com isto, tais como o uso, de programação neurolinguística, técnicas alternativas e meditação, assim como um acompanhamento terapêutico consistente e contínuo para que a pessoa possa se expressar livremente, sem julgamentos e aos poucos encontrar atividades que lhe despertem novamente a alegria e a vontade de viver.