#BOX DE SÉRIES# | "Juana Inés" (2016–hoje) | #8
Nessa fria Sexta-feira de feriado, segue aqui mais uma contribuição ao Box de Séries, iniciativa do @wiseagent. Para essa semana sugiro mais um seriado nada convencional, chama-se Juana Inés e está disponível na Netflix
...de Asbaje ou ...de la Cruz?
Escritora e poeta autodidata, questionadora de dogmas religiosos, ameaçada de ser condenada à fogueira pela Inquisição e freira — eis a história da mexicana que abalou as estruturas do México colonial
Se você é dos meus, que gosta de um seriado diferentão, que aborda temática épica, mas com uma temática que não estamos acostumados a ver, vais adorar esta produção. Juana Inés é uma produção mexicana, como você pode ver no Site Oficial produzida pelo Canal Once e agora disponível pela Netflix.
Literalmente poderiamos dizer que há duas Juana Inés na série. Juana Inés de Asbaje interpretada pela atriz Arantza Ruiz e Juana Inés de le Cruz interpretada pela a atriz veterana Arcelia Ramírez. A primeira, como vemos na pintura abaixo, seria a jovem, cujo parte da vida passou na corte da colônia e a segunda, a direita, refere-se a monja/freira que viveu maior parte de sua vida entre a ordem das Jerônimas.
Imagens: Divulgação/IMDb
É possível identificarmos em ambas as imagens uma intenção deliberada em representá-la com livros. Enquanto a jovem possui um livro em uma das mãos, a freira situa-se em uma biblioteca, com vários livros expostos em segundo plano.
Quem foi Juana Inés?
Nascida em San Miguel Nepantla, em 1651 e em 1695, aos seus 44 anos, faleceu na Cidade do México. Juana Inés foi uma religiosa católica, poetisa e dramaturga nova-espanhola mexicana, na colônia do Império da Espanha. Rumores da época a impediram de casar-se com um cristão por supostamente ter sido filha bastarda de um religioso com uma prostituta.
Imagens: Divulgação/IMDb
Mesmo sem posses, um sobrenome ou contatos que a garantissem uma relação de poder, enfrentou homens poderosos do governo colonial da nova Espanha, onde hoje é o México, bem como autoridades eclesiásticas local. Sendo processada e quase levada à fogueira por sua resistência frente às regras que regiam a vida das mulheres, dentro ou fora da Igreja.
A primeira feminista da América?
Novamente vemos uma mulher sendo considerada feminista antes deste conceito ser cunhado. Como já disse em outros posts, isso é totalmente compreensível. Contudo eu prefiro olhar para as complexidades que fizeram de Juana Inés a resistência em um tempo que não havia nenhuma teoria feminista para lhe servir de instrumento de formação educacional formal. Percebo que a tarefa desta, e tantas outras mulheres, frente ao processo de resistência e acusando os excessos que o patriarcado provocaram no cotidiano das mulheres torna-se muito maior quando olhamos para elas sem o filtro pré-definido das teorias feministas de nossa contemporaneidade.
Imagens: Divulgação/IMDb
Ou mais uma resistência histórica?
Não pretendo com isso reduzir o feminismo, ou suas funções sociais para com as mulheres hoje. Muito pelo contrário. Vejo que olhar para as mulheres do passado distante sem atribuí-las o papel anacrônico de feministas é um desafio ainda maior de mostra para a nossa sociedade do presente, que sempre houveram mulheres que discordavam com as prescrições que sua sociedades atribuíam às mulheres, mesmo sem que houvesse uma discussão epistemológica sobre o assunto. O que, ao meu ver, torna seus esforços hercúleos ainda mais louváveis e de necessárias pesquisas para que seja retiradas por completo dos silenciamentos da história.
Imagens: Divulgação/IMDb
Sugiro que coloque hoje mesmo essa séria em sua lista e assista o quanto antes. Caso ainda tenhas algumas dúvidas, deixo abaixo o trailer da produção mexicana para que vejo você e tire suas próprias conclusões. Opiniões que gostaria muito de saber quais são, então sinta-se a vontade de voltar e compartilha-las comigo, quando assistires.
Imagens: Divulgação/IMDb
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