Filme: Psycho (1960) De: Alfred Hitchcock

_{Credit: MPVT / edited by Kubrickamente}

Estamos no ano de 1960. O conceito de filme de terror e suspense psicológico é quase inexistente, um sabor que ainda não foi dado a provar ao palato das massas. Marion Crane, interpretada por Janet Leigh, é uma foragida que se esconde num motel, após roubar quarenta mil dólares ao seu patrão. Cansada, decide tomar um duche. E é aqui, num simples chuveiro, sem qualquer aviso, que se desenrola uma das cenas mais icónicas da História do Cinema. A água corre e escorre pelo ralo erótico que constrói antecipação. Um vulto surge. Gritos. Facadas. A banda sonora só de cordas de Bernard Herrmann rasga o preto e branco de forma estridente. Medo. Pânico. E paz novamente. O sangue corre bombeado pelo coração da plateia aterrorizada e escorre pelo ralo agora poético e apaziguador. Sobra o olhar vítreo de Leigh filmado ao longo de mais de vinte takes, pois sem focagem automática, inexistente na altura, o afastamento para o plano aberto ficou entregue à destreza manual. Reza a lenda que, na estreia do filme em Nova Iorque, Hitchcock se encontrava do lado de fora da sala e se regozijou ao ouvir os gritos do público.

“Always make the audience suffer as much as possible.” – Alfred Hitchcock