Filosofia e o Suícidio
O suicídio é um mal que atinge muitas pessoas no mundo inteiro, é realmente uma grande problemática. A OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou que 800 mil pessoas se suicidam por ano, é realmente impactante.
O texto de hoje é dedicado a compreender o suicídio através da filosofia e outras ciências do pensamento, como a psicologia. Vamos ver o que a visão de diversos filósofos sobre o assunto.
Antes de adentrar no assunto é necessário lembrar ao leitor que se trata de uma visão filosófico, em maneira nenhuma é uma apologia à pratica, muito menos uma crítica.
Pelo contrário, me solidarizo com quem sofre este problema, e até espero que o texto possa trazer alguma ajuda para quem precisa.
"Não sofra calado, procure ajuda"
Os filósofos consideram o suicídio como o maior problema filosófico existente, Albert Camus chegou a afirmar, em 1942, que só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio, pois contraria a vontade de auto-conservação e sobrevivência que é inato a todo ser humano, Sigmund Freud denominou este princípio como Eros, é a definição de libido, o instinto da vida.
A questão do suicídio é que tirar a própria vida não é algo natural, não faz sentido. Assim, a pessoa que possui tendências suicidas está doente, uma doença psicológica que leva a auto-destruição.
É fácil perceber que existe uma grande carga emocional nestas pessoas, não se pode julgar pessoas que cometeram ou que desejam cometer.
Segundo Angerami (1997), quando o indivíduo busca o suicídio como alternativa para os devaneios e sofrimentos existenciais, esse alguém padece emocionalmente em níveis sequer suportáveis.
O desejo suicida se manifesta em um momento quando a pessoa não vê mais motivos de existir, o que acontece por diversas causas, não vê mais motivos para existir porque não possui uma perspectiva de futuro, ou não vê um futuro agradável.
Ocorre quando a pessoa encontra-se saturada, exausta e vê como alternativa a morte para se livrar de uma dor, uma agonia, se trata de uma trazer um possível alívio à situação.
Coragem ou Fracasso?
Aquele que tira sua própria vida pratica um ato de coragem ou de covardia? Para Santo Agostinho o suicida busca o suicídio por ser uma alternativa mais fácil, na visão dele é mais fácil se matar do que procurar a solução do problema, ele então considera um fracasso da coragem, uma tentativa de escapar da realidade. Eu, particularmente, não concordo com esta opinião.
Santo Agostinho foi influenciado sobre o pensamento cristão e a sua moral, é contrário ao suicídio e condena ao inferno quem pratica pois em sua visão de vida o único com direito de criar a vida e morte é Deus, é ele quem decide, para a religião cristã, o destino e o momento da morte de cada um.
Assim, aquele que decide terminar sua existência antes disto não estaria apenas contrariando uma vontade divina, também estaria querendo ser Deus, Deus de si mesmo.
Platão se opõe ao suicídio, afirmando só ser permitido em caso de necessidade, por exemplo, no caso de um soldado ser apanhado pelo exército inimigo, seria um ato heroico pois caso contrário poderia trazer riscos ao seu país. Para ele o suicídio se constitui numa injustiça praticada contra si mesmo.
Acontece que surgiu o Antropocentrismo (do grego άνθρωπος, anthropos, "humano"; e κέντρον, kentron, "centro") durante o Renascimento, corrente filosófica em oposição ao Teocentrismo (Teo: Deus Kentron: centro) que coloca o homem como o centro da atenção do pensamento, é a separação da Teologia da Filosofia. Os renascentistas defensores do antropocentrismo “pregavam” a razão, o homem e a matéria.
Alguns nomes mais conhecidos de renascentistas defensores do antropocentrismo são: Nicolau Maquiavel, Nicolau Copérnico, Galileu Galilei e René Descartes.
O controle da vida passou a pertencer as pessoas e não mais a uma entidade divina, ou a igreja. O homem passou a ser livre para praticar o que quisesse, independente de ser pecado ou não. O suicídio não é mais uma ofensa à ninguém, embora concorde que é muito triste. O ser humano é dono de si mesmo e possui o direito de fazer o que bem entender com a sua vida, até mesmo decidir sobre o momento de sua morte.
“filosofar é aprender a morrer”
- Montaigne
Seguindo esta linha de pensamento está o Estoicismo, corrente liderada por Estoico, para eles o homem é livre para decidir sobre a sua vida. É apenas uma minoria dos Filósofos que defendem o suicídio, a grande maioria se opõe fortemente.
Não posso concordar que o suicida é um covarde, apesar de desistir de sua existência é necessário muita coragem para fazer isso.
Visão Religiosa
Vimos anteriormente que o Cristianismo condena pratica, veja agora a opinião do Espiritismo:
“De onde vem o desgosto pela vida que se apodera de certos indivíduos sem motivos razoáveis?
Efeito da ociosidade, da falta de fé e freqüentemente da satisfação plena de seus apetites e vontades, do tédio. Para aqueles que exercem suas atividades com um objetivo útil e de acordo com suas aptidões naturais, o trabalho não tem nada de árido, e a vida escoa mais rapidamente. Suporta as contingências da vida com mais paciência e resignação quanto age tendo em vista uma felicidade mais sólida e mais durável do que o espera”
Em O Livro dos Espíritos, Parte Quarta, Capítulo I - Penalidades e Prazeres Terrenos, Allan Kardec pergunta aos espíritos superiores, através de outros médiuns.
Apesar de não ser um ato imoral, o suicídio não deve ser visto como um ato racional, e sim como um ato de desespero, afinal é considerado uma doença, que somente alcançará sua cura se houver um diálogo livre de preconceitos e prejulgamentos.
Em breve novos textos. E você? O que acha do assunto? Participe nos comentários!
Interessante, eu gostaria de acrescentar o suicídio japonês que é um dos mais interessantes pois para que haja honra no processo o indivíduo deve primeiro estar em status de bem sucedido socialmente, fisicamente e monetariamente então ele realiza o ritual chamado de Seppuku cujo ato é basicamente abrir a própria barriga com uma espada atravessada e expor as tripas para fora.
O suicídio inverso ao Seppuku é o Harakiri que é um suicídio informal de uma pessoa sem honra, um ninguém qualquer na sociedade japonesa.
Certa vez eu vi um documentário na cultura sobre um escritor japonês Yukio Mishima que planejava seu suicídio por mais de um anos e buscou status e honra para que sua morte não fosse coberta de vergonha.
É muito interessante que algumas pessoas mesmo atingindo certo status na sociedade possuem um vazio tão grande por dentro que nada é o bastante para faze-los desistir de se matarem.
interessante o harakiri eu conhecia mas o seppuku não, realmente é bem interessante, obrigado pela contribuição.