Doutrina do Choque - A herança perdida das manifestações de 2013

Em 2013, tivemos o maior movimento popular da historia do país. A população brasileira foi as ruas para reclamar de tudo que estava errado no Brasil, e olha que não era pouca coisa, hein!

O movimento começou em São Paulo em protesto pelo aumento das passagens de ônibus e a revolta se espalhou por todo país, como pode ser visto no mapa abaixo, e pela primeira vez na vida vi políticos preocupados. Os governantes não sabiam o que fazer pois o movimento não tinha liderança, ninguém para dialogar, corromper ou matar.

Para conter o movimento vimos casos de policias se infiltrando em manifestações e fazendo algazarras a fim de torna um movimento pacífico em uma baderna. Mas a forma de controle de massa não se resume a isto.

A partir de 2014 inicia-se a maior crise econômica do Brasil mas, o interessante é como ela começa. O governo previa um superávit no orçamento público de 2015 de 65,3 bilhões reviram a meta e ajustaram para um superávit de 8,7 bilhões. As revisões no orçamento continuaram, e num passe de mágica o que era superávit se torna um déficit de 48,7 bilhões, mas ainda não satisfeitos com o resultado da crise, o governo realiza uma ultima revisão que chegaria a um déficit de 120 bilhões.

Sim, as contas que eram de um superávit de 65,3 bilhões se tornaram um déficit de 120 bilhões no orçamento. Quem faz estes cálculos são os estagiários do ministério da fazenda? Como justificar um erro tão grosseiro?

No livro Doutrina de Choque, de Naomi Klein, a pesquisadora mostra que o estado de choque e confusão dos cidadãos cria a oportunidade para realizar reformas impopulares. O que ocorre no Brasil atualmente é exatamente igual aos fatos narrados por Klein em seu livro.

O governo fomenta uma crise, só fala em crise e afirma que a única saída da crise são reformas impopulares. A reforma trabalhista foi a primeira e agora o governo possuí um fetiche inexplicável na reforma da previdência.

Para Keynes, os investimentos públicos seriam fatores de crucial importância para o crescimento econômico. Foi assim que Roosevelt recuperou a economia americana após a crise de 1929. Com o neoliberalismo da Escola de Chicago o que importa é o investimento privado (entenda-se , linha de crédito). Essa escola é responsável pelo fim do modelo do bem estar social e busca somente a liberação de créditos para tudo. .

As 8 maiores empresas de 2016, segundo a Forbes, eram do sistema financeiro. Hoje o que movimenta a economia global são os juros! Quer um exemplo bem simples? O FIES. Criar linhas de créditos para a pessoa estudar é covardia! Sucatear as universidades públicas para dar dinheiro para as privadas e cobrar juros por isso é o melhor de como as coisas funcionam agora.

Para não nos estendermos e onde quero chegar é: Um ano após se ter o maior movimento popular do país, onde todos se uniram em interesse de um país melhor, surge também a maior crise brasileira. Quando o povo começou a cobrar serviços públicos de qualidade, essa crise consegue desconfigurar este movimento, pois sem trabalho, sem comida, as pessoas só pensam no dia de amanhã. Não encontram forças para exigir mais retorno de seus impostos. Isto é a teoria da Hierarquia de Maslow!

No momento que o povo vai as ruas exigir mais, o governo cria uma crise e faz manobras para nos oferecer menos. Essa é a verdade que estamos!