Pilhas na Geladeira e Tesoura nos Pesadelos
Na minha época de criança, carrinhos a pilha eram o máximo em termos tecnologia de brinquedos, mas as pilhas eram caras e duravam pouco. Então, alguém veio com a “dica” de colocar pilhas no congelador para recarregarem.
No fundo, não acreditávamos muito que realmente recarregariam, mas pegá-las no congelador geladinhas e com umidade condensada na superfície dava uma sensação de que algo estava acontecendo nelas. Então, por que não tentar?
Nessas tentativas, toda hora abríamos a geladeira para ver se as pilhas já tinham recarregado. Hoje sei que o abrir de geladeira a toda hora aumentava o consumo de energia, e, é claro que as pilhas continuavam fracas.
Outra superstição era sobre colocar uma tesoura debaixo do travesseiro para evitar pesadelos. Acho que a base da teoria era que – como a tesoura corta muitas coisas – então, ela cortaria os pesadelos. Mas, hoje, indago-me por que razão a tesoura cortaria apenas pesadelos. Será que não cortaria também o sono ou os sonhos bons? Além disso, este negócio de tesoura debaixo do travesseiro devia ser um perigo no caso de um pesadelo combinado com sonambulismo (no caso das pilhas, acho que o risco não era tanto. Não imagino que alguém poderia acabar comendo-as).
Enfim, o interessante nessas duas superstições é que, no caso das pilhas, é preciso ter conhecimento do real funcionamento das coisas para ver que o processo não somente era inútil como também dava prejuízo. Já no caso da tesoura, a própria hipótese supersticiosa tinha implicações que fariam qualquer um desconfiar.
Essas considerações me fazem pensar que deve ser possível (e útil) sistematizar meios de refutar superstições, ou, pelo menos, de forçar seus defensores a terem que elaborar teorias mais mirabolantes para salvá-las.
No fundo, não acreditávamos muito que realmente recarregariam, mas pegá-las no congelador geladinhas e com umidade condensada na superfície dava uma sensação de que algo estava acontecendo nelas. Então, por que não tentar?
Nessas tentativas, toda hora abríamos a geladeira para ver se as pilhas já tinham recarregado. Hoje sei que o abrir de geladeira a toda hora aumentava o consumo de energia, e, é claro que as pilhas continuavam fracas.
Outra superstição era sobre colocar uma tesoura debaixo do travesseiro para evitar pesadelos. Acho que a base da teoria era que – como a tesoura corta muitas coisas – então, ela cortaria os pesadelos. Mas, hoje, indago-me por que razão a tesoura cortaria apenas pesadelos. Será que não cortaria também o sono ou os sonhos bons? Além disso, este negócio de tesoura debaixo do travesseiro devia ser um perigo no caso de um pesadelo combinado com sonambulismo (no caso das pilhas, acho que o risco não era tanto. Não imagino que alguém poderia acabar comendo-as).
Enfim, o interessante nessas duas superstições é que, no caso das pilhas, é preciso ter conhecimento do real funcionamento das coisas para ver que o processo não somente era inútil como também dava prejuízo. Já no caso da tesoura, a própria hipótese supersticiosa tinha implicações que fariam qualquer um desconfiar.
Essas considerações me fazem pensar que deve ser possível (e útil) sistematizar meios de refutar superstições, ou, pelo menos, de forçar seus defensores a terem que elaborar teorias mais mirabolantes para salvá-las.