MISTÉRIOS - Sasquatch capturado no vídeo Patterson-Gimlin em 1967?

in #pt6 years ago (edited)

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Hoje vou falar do emblemático filme feito em 1967 onde uma criatura misteriosa foi gravada. Essa criatura seria o lendário Pé-Grande ou Sasquatch, parte das antigas lendas norte-americanas.

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A HISTÓRIA DO FILME

A filmagem é chamada normalmente de "Patterson-Gimlin Film", pois foi filmado por Roger Patterson (falecido em 1972) e Robert Gimlin (vivo até hoje), no ano de 1967, no norte da Califórnia, Estados Unidos. Os avistamentos de sasquatchs são antigos nos Estados Unidos, remontando ao século XIX.

Patterson, responsável pelo famoso filme que acabou gravado na mentalidade coletiva, estava, na época, fascinado pela ideia de existir o Pé-Grande. Na década de 60, ele se dedicou a pesquisar o fenômeno, entrevistando pessoas e coletando evidências. Em 1966, auto publica um livro chamado "Os Abomináveis Homens da Neve da América Realmente Existem?", onde, com sua escrita simples e até exagerada, reunia uma série de relatos e ilustrações, muitos deles inéditos.

No ano de 1967, Patterson começou a filmar um tipo de documentário ou filme amador sobre cowboys em busca do sasquatch. Um dos atores era o já mencionado Robert Gimlin. Patterson decide ir até um local onde havia relatos recentes de avistamento, assim como grandes pegadas encontradas. No dia 20 de outubro daquele ano, os dois vão a cavalo até o local na área de Bluff Creek. À beira de um riacho, entre as pedras, eles percebem a presença de alguma criatura do outro lado daquela clareira. A criatura atravessa o local em direção à floresta, revelando-se como um bípede de grande estatura e pelagem variando entre o vermelho escuro e o marrom. A criatura seria do sexo feminino, uma vez que apresentava seios.


A gravação original com um zoom e com a tremedeira estabilizada

Patterson estima que ele e Gimlin estavam a 7,6 metros da criatura no momento em que estiveram mais próximos (pelo que entendi, essa distância próxima teria sido antes da filmagem). Conta-se que o cavalo de Patterson ficou nervoso ao perceber a criatura, demorando cerca de 20 segundos para que Patterson descesse da sela, controlasse seu cavalo, pegasse sua câmera da bolsa da sela e corresse em direção ao sasquatch enquanto operava sua câmera. Ele falou para Gimlin lhe dar cobertura com a arma em caso de problemas. O filme, com cerca de 1 minuto, é bastante tremido até que o operador da câmera consiga se aproximar a uns 24 metros da criatura, que é o instante em que a criatura olha pelos ombros em direção à câmera, pedaço que ficou conhecido como frame 352 e que é a imagem mais famosa dessa breve filmagem. Enquanto a criatura sumia na floresta, o rolo de filme acabou. Patterson pega outro rolo na bolsa para filmar as pegadas.

AS ANÁLISES

O filme foi feito com uma filmadora de 16mm da Kodak, o que é o primeiro passo importante de qualquer análise do filme. Isso se dá porque, diferente das câmeras VHS e muitas das digitais posteriores, esse tipo de filmadora, permite uma qualidade muito boa e uma ampliação grande do seu conteúdo. Por isso é possível encontrar "fotos" do filme – quadros, na verdade – em que a criatura, apesar de fisicamente distante, é exibida com detalhes apesar das condições. O tipo da filmadora e filme utilizados permite que, até hoje, seja possível, com novas tecnologias, esmiuçar ainda mais o conteúdo do filme, fazendo até novas descobertas sobre o que foi registrado.

Comprovadamente, o filme não é nenhum tipo de montagem. Como o filme é registrado nos rolos da câmera e não de alguma forma digital, a gravação está fisicamente registrada nesse material. Não havia forma de edição digital na época, ainda mais algo que fosse acessível a dois homens do interior que previamente haviam trabalhado como peões em rodeio e até como boxeadores. Eles eram pessoas simples e sem os meios de fazer algo assim. Por isso, as hipóteses de que a filmagem seja falsa só podem se sustentar trabalhando com a possibilidade de algum tipo de fantasia ter sido utilizada.


A partir de uma foto do mesmo local, M. K. Davis consegue fazer uma reconstrução da caminhada da criatura tendo pessoas no mesmo local para fazer uma comparação

Há uma série de veredictos em favor da veracidade do filme e contra a mesma. Entre os que atestam validade positiva, temos Dmitri Donskoy, chefe do departamento de biomecânicas de uma instituição soviética, que diz ser impossível para um humano replicar aquele movimento. O animador expert em efeitos gerados em computador, Reuben Steindorf, criou um modelo do Pé Grande baseado no vídeo, constatando que a razão da parte superior do corpo para a inferior era bastante diferente da humana. Jeff Glickman, examinador forense certificado fez uma intensiva análise computacional do filme num período de 3 anos, o que resultou num estudo de 43 páginas em formato científico. Glickman não achou nenhuma evidência de falsificação, mas percebeu muitos indícios de autenticidade.

Ainda dentro dos defensores do filme, há Grover Krantz, antropologista, que fez uma larga análise, concluindo que o filme descreve uma criatura genuína e desconhecida, baseando seu argumento em questões como centro de gravidade e biomecânica. Ele argumenta que a o movimento da perna e dos pés de Patty (apelido que dão ao suposto Pé Grande capturado na filmagem) é muito diferente dos humanos e ninguém conseguiria reproduzi-los naturalmente. Baseado no ângulo anormal (em relação ao humano) que a perna da criatura faz na caminhada e na altura que o pé é levantado a cada passo, conclui que nenhum humano conseguiria replicar esse andar tão naturalmente como Patty mostra no vídeo, mantendo a postura e a suavidade do movimento. Também menciona os ombros da criatura, 50% maiores do que seriam os humanos. Krantz e outros também apontam a musculatura de aparência natural que é visível se movendo junto com a criatura, o que seria praticamente impossível de falsificar, ainda mais se tratando de duas pessoas muito simples do interior dos EUA, sem conhecimentos de biomecânica.

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Gimlin, que ainda é vivo, a pessoa que estava com Patterson durante a famosa filmagem

Meldrum, outro defensor, foca no chamado índice intermembral (a tradução seria essa, mas aparentemente não é o nome usado em português para essa medida), que é determinado a partir de ossos longos (rádio, úmero etc.) e serve para expressar a proporção dos membros. A média de índice intermembral humana é de 72, a de gorilas é 117 e a de chimpanzés é 106. Buscando determinar o índice intermembral da criatura do filme de Patterson, Jeffrey Meldrum chega a um número entre 80 e 90, o que colocaria Patty entre os humanos e os primatas africanos. Isso, para ele, rechaçaria a hipótese de uma pessoa usando uma fantasia na filmagem. Uma fantasia teria que, assim, ser extremamente elaborada para criar membros maiores que os humanos, ainda dando conta de apresentar flexões de cotovelo, pulso e dedos que são visíveis no filme.

Agora, partindo para os estudos científicos que são desfavoráveis à legitimidade do filme, temos Bernard Heuvelmans, um zoologista que argumenta que o padrão de pelo da criatura é muito uniforme e os seios de Patty não parecem os de um primata, suas nádegas não são separadas o suficiente e a criatura parece muito calma em sua retirada diante de Patterson que corre em sua direção. O anatomista D.W. Grieve argumenta que a possibilidade de um fake muito bem armado não pode ser descartada com base no filme. Ele também abre o debate sobre a velocidade do filme. Se o filme foi feito na velocidade de 16 ou 18 quadros por segundo, como costuma se afirmar, Grieve diz que a possibilidade de fake é descartada, pois o movimento de Patty, nessa velocidade de exibição, não poderia ser duplicado por um humano. Porém, se a velocidade do filme fosse de 24 quadros por segundo, o movimento da criatura fica parecido com o de um homem andando rapidamente. No entanto, foi observado por outras pessoas que, se a gente colocar em 24 quadros por segundo o resto das filmagens do rolo (que não tem nada a ver com o sasquatch), como uma anterior em que aparecem cavalos, o movimento dos animais fica completamente não natural e acelerado, indicando que, sim, o filme teria sido feito em 16 ou 18 frames por segundo. Grieve também disse que conseguia ver os músculos nos locais apropriados, e que, se fosse fake, seria um extremamente inteligente.

John Napier, expert em primatas e que já foi diretor do programa de biologia de primatas no Smithsonian, argumentou contra a genuinidade do filme, apesar de acreditar na possibilidade de existência do sasquatch. Diz que a criatura do filme não aparece bem o suficiente para uma análise funcional. Ele diz que o tamanho das pegadas coletadas no local está totalmente em discordância com sua altura calculada. Ele diz que talvez fosse um homem vestido em uma pele de primata e que se for isso mesmo, foi uma fraude tão bem executada que o seu perpetuador mereceria um lugar entre os grandes fraudadores do mundo. Também falou que talvez fosse a primeira filmagem de um novo tipo de hominídeo desconhecido à ciência, o que daria a Patterson uma colocação próxima a Dubois, o descobridor do Pithecanthropus erectus. Napier era muito cético quanto à possibilidade de veracidade.

Esteban Sarmiento, especialista em antropologia física critica alguns pontos também, apontando algumas inconsistências, mas garantindo que nada realmente prova ser fake. Ele fala que a sola do pé é pálida, mas que a palma da mão parece ser escura, coisa que ele nunca viu em nenhum mamífero. Também fala que os glúteos não apresentam a "fenda" similar a dos humanos. Diz que as proporções do corpo estariam dentro das medidas humanas e longe das medidas de qualquer primata vivo.

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David Daegling e Daniel Schmitt, antropologistas, apontam a dificuldade de decidir em favor ou contra por pobreza de detalhes no vídeo. No entanto, garantem que o estranho andar de Patty poderia sim ser replicado. Porém, nota que, em 1967, os efeitos especiais dos filmes e tv eram muito primitivos, e admite que, se o filme de Patterson mostra um homem fantasiado, não seria irracional sugerir que a fantasia era melhor que os trajes usados no cinema e televisão da época.

Jessica Rose e James Gamble apresentaram em um episódio do Discovery Channel seu estudo. Eles trabalham no Laboratório de Análise de Movimento e Marcha na Universidade de Stanford e tentaram replicar o caminhar da criatura do vídeo em cooperação com o já mencionado Jeff Meldrum. No fim, Meldrum ficou impressionado que eles conseguiram replicar algumas das características do caminhar, mas não todos, de maneira que a conclusão do estudo ficou que mesmo os especialistas não conseguiriam reproduzir todos os detalhes do movimento.

Há ainda vários testemunhos tanto favoráveis quanto desfavoráveis por parte do pessoal de efeitos especiais dos Estados Unidos, assim como vários estudos feitos por não especialistas que tentavam, quadro a quadro, analisar cada detalhe possível da filmagem. No Youtube mesmo, vemos trabalhos (como de M.K. Davis e ThinkerThunker ) muito profundos que analisam cada quadro, cada movimento, cada característica do vídeo. Aparentemente, os argumentos em favor da veracidade são os mais marcantes.

ALEGAÇÕES DE FALSIFICAÇÂO

Como o filme em si é verdadeiro, a única hipótese de falsificação viria da ideia de que a criatura seria, na verdade, uma pessoa fantasiada. Em 2002, um homem chamado Philip Morris, dono de uma loja de fantasias, clamou ter feito a fantasia de gorila que Patterson teria usado no filme. Ele disse não ter exposto a fraude antes por ter medo que isso afetasse seu negócio. Ele teria vendido a fantasia para Patterson por correio em 1967, acreditando que seria usada numa pegadinha. Ele diz que Patterson teria pedido antes para ele fazer os ombros mais massivos e os braços mais longos. Morris teria sugerido que ele usasse ombreiras de futebol americano e segurasse bastões nas mãos dentro da fantasia.

Ele diz que é mentira o que falam que é impossível um humano andar naturalmente daquela forma, pois usando sapatos como os de palhaço, aquele é o único jeito de andar. Morris nunca deu evidência alguma de suas alegações senão seu próprio testemunho. Não há qualquer evidência de fantasia de gorila ou documentação. Morris teria tentado fazer uma recriação da fantasia em 2004, na presença de pessoal da National Geographic, que concluíram que a fantasia não era nem um pouco semelhante à da filmagem original. Philip Morris não consentiu em liberar o vídeo para a National Geographic, alegando não ter tido o tempo adequado para preparar a fantasia e que estava atarefado; ele não tentou recriar a fantasia desde então.

Além de Morris, temos Bob Heironimus, que clama ser a pessoa vestindo a fantasia na filmagem. Patterson teria oferecido 1000US$ a ele na ocasião (o que hoje equivaleria a uns 5000US$) apenas para vestir a fantasia e aparecer na filmagem. Heironimus era um dos atores listados para o filme/documentário original que Patterson estava fazendo com Gimlin na época. Ele veio a público somente em 1998. Parentes dele confirmam terem visto uma fantasia de primata no seu carro na época. Um grande amigo dele confirma que ele revelou o segredo privadamente em 68 ou 69. No entanto, as descrições de Morris e de Heironimus sobre a fantasia não batem em vários aspectos. Os críticos dessa possibilidade argumentam que os braços de Bob são pequenos demais se comparados aos da criatura, assim como sua altura, que seria uns 34 cm menor. Heironimus garante que usou ombreiras de futebol americano e que usou luvas um pouco maiores que suas mãos. Tanto Morris como Bob Heironimus teriam passado em testes de polígrafo. No entanto, suas versões da suposta fantasia e dos acontecimentos são conflitantes em vários aspectos, o que dificulta mais ainda tudo.

Para quem tem interesse, aqui há uma contestação muito bem montada da hipótese de Bob Heironimus ser a tal criatura misteriosa: Debunking Claimed Patterson-Gimlin Film Bigfoot Hoaxer Bob Heironimus. Entre os argumentos, está o de que as proporções da criatura são totalmente não humanas. Por exemplo, é normal que os humanos tenham braços 20% menores que as pernas (que é o caso de Bob Heironimus, como mostrado num vídeo do link), mas a criatura do vídeo tem braços apenas 5% menores que as pernas. Outro ponto levantado na matéria é que a criatura do vídeo dobra a perna em 73° em todos os passos que dá durante o vídeo. Contudo, os humanos obedecem ao padrão de inclinar a perna em 52°. Se um humano tenta andar dobrando as pernas no mesmo grau que a criatura do vídeo faz, a caminhada fica totalmente estranha, muito diferente do vídeo em si. Heironimus aparece no vídeo do link que passei "imitando" a caminhada do Pé Grande que ele alegou ser e, na suposta imitação, suas pernas obedecem, como esperado, o padrão humano, muito diferente do grau de inclinação apresentado pelo sasquatch.

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Bom, eu fiquei fascinado com isso há um tempo e acabei vendo muitos vídeos e lendo várias coisas sobre o tema. A mera possibilidade de ter registrado uma criatura desconhecida dessas caminhando relativamente próximo à câmera é incrível. Acreditando ou não na veracidade do registro, é um tema fascinante e essa filmagem certamente já faz parte de nossa memória coletiva, invocando a ideia de que nosso mundo é mais misterioso do que imaginamos!

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REFERÊNCIAS

Fonte 1
Fonte 2
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Imagem 2
Imagem 3

Esse foi um post sobre mistérios, o que engloba a criptozoologia, ufologia, parapsicologia e outros campos parecidos. Pretendo escrever mais sobre o tema. Aqui você pode conferir outras postagens que fiz dentro dessa "série":

Estranha criatura é encontrada numa praia da Geórgia | O Caso Mothman

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Hoje eu penso que devido ao nosso avanço tecnológico, é meio que impossível de não terem pesquisado e descoberto de verdade caso algo assim ainda existisse na Terra. Também me lembrou aquela série no Discovery eu acho que é em busca do pé grade, e que apesar de maluca, eu gostava de assistir kkkkk

Mas, gosto de pensar em que talvez, em uma possibilidade bem remota, algo assim existisse haha

Como diriam em Arquivo X: I Want to Believe Hahahahha
Apesar de parecer tão difícil não ter achado algo tão grande assim ainda, eu tenho a impressão que, dessas "lendas", uma das mais fáceis de provar realidade é a desses hominídeos selvagens. É bacana lembrar que alguns animais como lula gigante e o "oarfish" eram tidos como lendas até serem encontrados. Claro que, no mar, é mais fácil de coisas assim se esconderem, mas não perco a esperança hahahha
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