Hayabusa2 no Ryugu! Como é que é?

in #pt6 years ago (edited)

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Hayabusa2 em desenhodo artista Akihiro Ikeshita.
(Fonte: Jaxa)



A sonda Hayabusa2 da Jaxa - Agência Espacial Japonesa foi lançada ao espaço em 3 de dezembro de 2014 com a missão de estudar o asteroide 162173 Ryugu que tem cerca de 1 km de diâmetro e orbita o Sol.

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Órbita do Yugu. (Fonte: Wikipedia)

A ideia inicial, como mostra a animação abaixo, era aproximar-se gradativamente do asteroide. Em seguida, a missão previa o lançamento de quatro mini rovers que deveriam pousar na superfície do pequeno astro.

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Viagem da Hayabusa2 até Ryugu. (Fonte: Wikipedia)

E deu tudo muito certo, pelo menos até agora! No último dia 21 de setembro a Jaxa divulgou imagens feitas pela sonda mostrando a aproximação com o asteroide.

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Imagem feita pela sonda em aproximação com o satélite.
Note a sombra da própria sonda projetada sobre o asteroide.
(Fonte: Twitter)

Em seguida, em 22 de setembro, vieram as incríveis imagens feitas por dois rovers, o Minerva II1A e Minerva II1B, já em solo do asteroide.

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Imagem feita por um dos rover já em solo do asteroide. (Fonte: Twitter)

Os incríveis robozinhos

Pousar num asteroide, com campo gravitacional fraquinho, é muito mais complicado do que parece! Na prática, a gravidade tende a ancorar tudo, atraindo qualquer coisa para o chão. Com baixíssima gravidade, a falta de ancoragem complica bastante as manobras.

Andar sobre rodas sobre uma superfície irregular e desconhecida de um asteroide com baixa gravidade também é missão quase impossível. A força de atrito, como estudamos no ensino médio, é proporcional à força de contato com o solo também chamada de força normal. Assim, quanto maior o peso, maior a normal, e maior o atrito. Mas, sendo a gravidade baixíssima, o peso de qualquer objeto fica mínimo, o que torna a força de contato (normal) e consequentemente o atrito minúsculos. Nestas condições seria muito mais provável que um robô com rodinhas patinasse e se erguesse praticamente flutuando quase encostado ao solo.

Mas os japoneses encontraram uma solução inteligente e inusitada para o problema! Os rovers não têm rodinhas. Eles saltam! E, de pulinho em pulinho, locomovem-se! Estima-se que a cada salto o pequeno voo sobre a superfície do asteroide dure até 15 min e que o rover consiga mover-se até 15 m além do ponto do salto.

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Concepção artística dos mini rovers (1A, na frente, e 1B mais para trás) na superfície do asteroide. Fonte: Jaxa

Devo confessar que, na primeira vez em que vi imagens destes mini rovers que têm menos de 20 cm de diâmetro, lembrei logo daqueles robozinhos aspiradores de pó recém lançados por aqui e que prometem aspirar uma casa automaticamente! Claro que a semelhança está só no formato e tamanho. A tecnologia de um rover espacial está muitos degraus acima de um mero robô aspirador.

Mais imagens

Ontem a Jaxa no brindou com mais imagens incríveis do ambiente peculiar do asteroide. Confira algumas delas a seguir, com destaque para a animação logo abaixo que mostra o movimento aparente do Sol no asteroide capturado pelo minirrover II1B entre 22h34min e 23h48min (horário de Brasília) do dia 22 de setembro de 2018. Na verdade, é o asteroide que gira dando a impressão do movimento ser do Sol.

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Movimento aparente do Sol no Ryugu
(Fonte: Twitter)

Confira na próxima imagem detalhes da superfície do asteroide capturadas a 64 m de altitude pela sonda enquanto se aproximava do asteroide para lançar os mini rovers.
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A superfície do Ryugu a 64 m de altitude (Fonte: Twitter)

A missão mal começou

A sonda Hayabusa2 carrega outros dois robozinhos que vão tentar pousar no asteroide. Um é o Minerva II2, japonês, e o outro o Mascot, europeu.

E a própria sonda que levou os rovers tentará um pouso no asteroide para colher amostras do solo que serão trazidas de volta para a Terra para serem analisadas!

Uau! Isso vai ser divertido! E, pelas redes sociais, podemos acompanhar tudo bem de perto, praticamente de carona com a Hayabusa2.

Por que pousar num asteroide?

Um asteroide pode ser entendido como "resto" do material que deu origem ao Sistema Solar. Visto por este prisma, é um fóssil cósmico.

O Ryugu em especial é um asteroide escuro, carbonáceo, cuja composição imagina-se seja semelhante à da nebulosa que deu origem ao Sistema Solar.

Logo, aprofundar o conhecimento científico sobre este tipo de asteroide pode nos dar pistas importantes sobre a origem do nosso próprio sistema planetário.

Toda a tecnologia astronáutica envolvida numa missão como essa que lança uma nave da Terra e que vai ao encontro de um asteroide distante e nele pousa sob controle também pode ter importantes aplicações futuras. Uma delas seria, em caso de uma possível colisão de um asteroide com a Terra, fato detectado com suficiente antecedência, podermos enviar uma sonda para o asteroide e nele instalar um dispositivo propulsor que pudesse empurrá-lo para outra órbita alternativa e segura, evitando uma trágica colisão com o nosso planeta. Os dinossauros não evoluíram a ponte de dominar tal tecnologia e desapareceram. Pensando no futuro e na perpetuação da raça humana, seria incrível aprendermos como fazer esse tipo de manobra, não?




Abraço do prof. Dulcidio. E Física na veia!


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Excelente artigo! Quando vi a órbita do Ryugu já imaginei "esse cara tem dois possíveis pontos de colisão com a terra" e realmente, é muito interessante conhecer a origem de tudo mas é muito mais importante nos defender desse tipo de ameaça!

abraço e parabéns!!

Obrigado @furiacs!
O Ryugu em si não representa ameaça para nós. Mas os cientistas já têm uma coleção de asteroides potencialmente perigosos e cujas órbitas, constantemente monitoradas, são simuladas em computador recebendo atualizações constantes nos seus parâmetros na tentativa de antever algum perigo iminente.
Aparentemente, por uns 200 anos, estamos seguros quanto à uma colisão de algum objeto com tamanho suficiente para desencadear uma catástrofe em escala planetária. Mas não podemos baixar a guarda. O tempo passa rápido e temos muito a evoluir.
Abraço. E Física na veia!

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