Lembrei-me hoje do texto que reproduzo a seguir. Ele foi publicado no jornal "O Município" daqui da minha cidade, São João da Boa Vista, interior de São Paulo, em 29 de junho de 2013.

Lendo-o, viajei no tempo. E fui buscar meus sentimentos naquela metade do ano de 2013 quando algumas manifestações políticas começaram a acontecer.

Encerro o artigo dizendo "Tomara que política vire mania nacional! Mas que jamais política seja paixão. Partido não é time. Política não é futebol".

Eu estava otimista. Mas a realidade mostrou-se bem outra. Estamos vivendo na prática uma pelada de várzea, sem árbitro.

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Política e Futebol

Certamente você já presenciou uma discussão de dois torcedores de diferentes times de futebol. Cada qual, na sua suposta e intocável razão, defende cegamente o seu escudo. Não existe lógica. Sobram paixão e argumentos sem lastro.

Para quem está de fora, chega a ser divertida a insanidade da discussão que ferve rapidamente e nunca se abranda.

Jamais um corintiano vai se entender com um palmeirense quando o assunto é futebol. Deveria ser apenas esporte para quem pratica e entretenimento para quem vê. Mas, usando um clichê, futebol é “paixão nacional”. E paixão não se explica. É assim e ponto.

O que é inaceitável é esta mesma atitude passional reproduzindo-se na política. Em surpreendentes tempos de indignação popular, tenho visto muita gente defendendo o seu partido de maneira cega, como defenderia o próprio time de futebol. Nas redes sociais isso é evidente. Cada lado, de forma soberana, postula que está certo e ignora o outro. Não vejo maior prova da imaturidade política em que ainda vivemos do que tal comportamento ingênuo de nos separarmos em lados opostos. Somos, no máximo, diferentes. Jamais opostos.

Enquanto isso, o tempo passa muito rápido e as mudanças são lentas. Políticos do lado A e do lado B se alternam no poder. Mas os problemas são os mesmos de sempre. São os mesmos de antes de sequer existirem os partidos que temos colocado no poder nas últimas décadas.

Mesmo assim, com tantos paradoxos comportamentais, ainda prefiro que a política continue a ocupar espaço cada vez maior, espaço antes preenchido por outros assuntos menos importantes para o nosso futuro. É o caminho natural para amadurecermos e darmos suporte à necessária mudança.

Tomara que política vire mania nacional! Mas que jamais política seja paixão. Partido não é time. Política não é futebol.

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Abraço do prof. Dulcidio. E DEMOCRACIA na veia!