Chegou a hora: Precisamos mudar o futebol brasileiro
Momento em que o nosso drama começou na Copa do Mundo de 2018
O dia 04 de julho de 2006 foi determinante para o futebol mundial. A Alemanha era derrotada pela Itália por 2 a 0 na prorrogação da semifinal da Copa do Mundo. Pior, o jogo foi em casa, na cidade de Dortmund.
Logo após esse dia, o futebol alemão resolveu fazer uma revolução em seu sistema, que acabou culminando no incontestável título da Copa de 2014 no Brasil. Durante esses oito anos, eles investiram US$ 1 bilhão nas categorias de base dos times, o governo criou 370 centros de treinamento para crianças e adolescentes (incentivando aproximadamente 25 mil jovens a mais a tentar seguir carreira profissional), desenvolveram inúmeros cursos para treinadores e reformularam a liga nacional, como o congelamento de preços de bilheteria (o que eu sou contra), fazendo com que obtivessem a melhor média de público do mundo ano após ano. Além disso, os clubes passaram a ter um rigoroso controle de gastos.
Fabio Grosso comemorando o gol da Itália que eliminaria a Alemanha, em 2006
Pois bem. A lição estava na nossa cara após o vexame que passamos contra os próprios alemães em 2014, mas decidimos não segui-la. Pelo contrário, a CBF fez o movimento mais absurdo da história da instituição e recolocou o DUNGA como treinador. Bizarro! Inacreditável! O resultado disso foi que o desinteresse pela seleção atingiu seu ápice.
Com dois anos de atraso, Tite assumiu a seleção e esse panorama começou a mudar. Ele reconquistou a confiança e o carinho das pessoas, mesmo com a instituição envolta a crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Porém, com apenas 1 ano e 9 meses no cargo, a mudança geral era impossível de ser feita.
Porém, agora é a hora da mudança. A população inteira (ou quase) defende a permanência de Tite no comando técnico. A CBF já sinalizou que quer que ele continue, fazendo com que os cartolas fiquem na mão dele. Tite, chegou sua hora de propor uma mudança fundamental no futebol brasileiro, de realmente recolocar o Brasil de volta ao rumo dos títulos e referência mundial. E o trabalho deve ser feito semelhante ao alemão, mas com toques brasileiros.
Na minha opinião, Tite deveria aceitar o convite da CBF com as seguintes condições:
1 – Reforma geral nas categorias de base dos clubes
A CBF tem muito dinheiro. Depois de décadas de corrupção e pouquíssimo repasse aos clubes, chegou a hora de gastar o devido dinheiro ao futebol brasileiro. Eles poderiam pegar os clubes das Séries A, B e C, ou então os 50 melhores no ranking (algo assim) e literalmente comprar os melhores aparelhos para trabalhar com jovens e fornecer aos clubes. Em contrapartida, os clubes devem se comprometer a reformular suas categorias de base e utilizar os aparelhos com esses fins.
Aparelhos modernos para as categorias de base
2 – Promover rodadas de peneiras nas capitais de todos os estados
A CBF poderia fazer grandes campanhas de peneiras nas capitais de todos os estados do Brasil, facilitando a locomoção dos jovens que normalmente não têm dinheiro para ir ao Sudeste do Brasil tentar a sorte. Os olheiros dos clubes seriam convidados a apenas acompanhar as atividades e depois receberiam relatórios de todos os participantes com estatísticas, mapas de calor, quilometragem, etc, da própria CBF. Em seguida, estariam livres para disputar os garotos que mais se destacaram.
Peneira de futebol
3 – Curso obrigatório para exercer a profissão de técnico
Na Europa, é assim: você quer ser técnico? Então faça o curso da UEFA. E cada estágio que você passar, você pode treinar categorias superiores. Ou seja, depois do primeiro módulo, você só pode treinar garotos. Aí vai subindo para sub-13, sub-15, sub-17, até chegar ao profissional de um clube. E o normal é que o treinador vá passando aos poucos por cada etapa. Zidane treinou o Real Madrid B e o Guardiola o Barcelona B.
A CBF já tem o próprio curso e eu não sei o quão bom ele é. Mas deveria ser obrigatório e seguir os moldes da Europa.
4 – Profissionalizar os árbitros
É bizarro dizermos isso em 2018, mas os árbitros ainda não são profissionais no Brasil. Resultado? Isso que vemos em toda rodada... marcações equivocadas em todos os jogos, roda de reclamações, chororô na imprensa e pouca credibilidade no futebol nacional. Isso era pra ter sido mudado há décadas. Ao menos que seja agora.
Sandro Meira Ricci em ação na Copa do Mundo de 2018. Ele está cotado para apitar a final
O futebol brasileiro precisa de mudanças profundamente maiores, mas apenas essas mudanças pontuais já iriam trazer um grande respiro e iriam fomentar os jovens a tentar mais e chegar ao profissional. Deve-se lembrar que, ao iniciar esse ciclo agora, os frutos seriam colhidos para a Copa do Mundo de 2026 e 2030.
Tite, está na sua mão fazer essas exigências. Eles também estão!
Parabéns, seu post foi selecionado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!
Obrigado!
Boa, @fabio.martins! Realmente, as categorias de base tem feito muita diferença, é só conferir os semifinalistas desta Copa. Já a Alemanha investiu tudo na geração da Copa passada, né? :D No caso do Brasil, a produção em série de talentos individuais estava funcionando, mas o futebol se modernizou e o jogo coletivo é muito mais importante hoje, vamos ter que correr atrás do prejuízo :P Obrigado por compartilhar ;)
HAhaha a Alemanha tem uma seleção muito boa, mas a preparação pra essa Copa foi péssima! Fizeram tudo errado, chegaram com o nariz em pé e caíram do cavalo. Eles mesmos admitem isso. De fato, precisamos nos modernizar o quanto antes, mas sem perder o estilo de jogo brasileiro. Inclusive, as categorias de base poderiam seguir com esse estilo de jogo mais leve, do drible, mas com aplicações táticas modernas. É possível. Obrigado pelo comentário.
Em qualquer país do mundo eu acreditaria que uma reestruturação desse nível de complexidade seria possível, menos aqui no nosso corrupto Brasil do desvio de verbas e das propinas.
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Infelizmente essa é a nossa realidade. Também duvido, mas acredito que algo possa mudar nas mãos do Tite. Ele é unanimidade, tanto para as pessoas quanto para a CBF. Se ele tiver esse nível de consciência, pode fazer exigências à CBF antes de renovar o contrato.