Temos que aprender a valorizar os "zeros"

Tenho pensado muito no valor do "zero", ultimamente. Nesses pensamentos encontro poucas respostas e muitas perguntas. Desses questionamentos surgem outros e sou soterrado. Tudo começou quando o "um" virou nada.

A presença virou ausência e o tudo deixou de existir. Ela partiu e deixou um zero gigantesco em nossas vidas. Dizem que à direita ele vale mais, mas discordo. O valor dele é muito maior quando fica à esquerda, no passado.

Não tem nada a ver com matemática. A lógica não explica. A morte traz o zero mais doloroso. A perda. A falta. Não temos saudade do "um" até ele ser reduzido à subtração dele por ele mesmo.

Queria você por aqui. Talvez seria ainda malcriado. Não te valorizasse. As memórias e lembranças vão sumindo aos poucos. Tenho que ver uma foto tua de tempos em tempos para não esquecer do rosto.

Já não lembro da tua voz. Tenho que encontrar uma fita ou coisa assim. Você já virou um zero no material. Por favor, não saia de mim. Se for embora, eu talvez não suporte. Viro zero.