Sobre sonhos e sobre o que eu sonhei hoje

Sempre sonhei muito. Para falar a verdade a memória mais antiga que eu tenho é de um sonho; nele eu estava na beira do rio que passava pela minha antiga casa e lembro muito daquela sensação de pesadelo, de que a qualquer momento algo trágico ia acontecer. Eu estava vestida com aquela roupa da Mili, da novela Chiquititas e perto de mim, havia uma cadeira e nela estava um homem metade humano e metade macaco, imenso e terrível. Ele me puxou pelo braço e me pôs no colo e eu, sem ação, apenas fiquei estática, naquela sensação de não poder se mover que só alguns tipos de pesadelos conseguem prover.

Olhei para o rio e estava passando uma enorme draga, daquelas que recolhem areia e pedregulho e que, pelo menos na minha cidade, tem algumas funcionando. Toda aquela cena era digna de um filme de terror psicológico horrível. A criatura não me machucou nem disse nada, apenas me abrigou em seu colo enquanto observávamos a draga indo embora.

Além deste, guardo na minha memória incontáveis sonhos da minha infância e vez ou outra lembro perfeitamente de alguns deles. Para falar a verdade, dependendo de alguma época da minha vida, guardo mais memórias dos sonhos do que do que aconteceu de fato. Lembro que um dia antes de começar minha faculdade, tive um sonho do que seria o primeiro dia e hoje em dia não sei separar muito bem o que aconteceu de fato naquele dia do que eu sonhei.

Por várias épocas da minha vida atribuí significados, simbolismos em crenças ou religiões diferentes, mas hoje em dia a maioria dos sonhos são muito enigmáticos para mim.

O que sonhei hoje está flutuando em minha memória o tempo inteiro e acredito por eles ficarem durante tanto tempo em meu pensamento, ao tentar decodificá-los é porque permanecem em mim durante anos.

Sonhei com uma pessoa que não lembro de ter conhecido, era um rapaz louro e de olhos azuis. Estava passando uns dias aqui em casa e o porquê eu não lembro, sei que ele teve que ir embora rápido e a última pergunta que fiz a ele foi: "Quantos anos você tem?" Ele rindo me respondeu: "38."

Depois disso, eu estava em um sítio onde estava acontecendo uma ocupação de sem-terras, algo assim... Mais tarde descobri que aquele terreno foi todo doado justamente por aquele rapaz da outra parte do sonho; foi então que uma moradora de lá, com aparência indígena me chamou para um canteiro de terra e me disse: "Sente aqui, moça que vou lhe ensinar um segredo da agricultura biodinâmica." Ela me puxou para o chão e de um buraco da terra tirou uma espiga de milho inteira, mas que já havia começado a brotar e ela arrancou com cuidado os brotos que estavam apontando.

Depois disse: "Agora olhe para cima e veja a mágica acontecer". Olhei para o alto e vi uma imensidão de pinhões (quem é do Sul sabe o que é, para quem não é, o pinhão é o fruto/semente de uma árvore chamada araucária, muito presente aqui) vindo em direção à terra, como se fossem aquelas flechas que vemos em filmes de guerra, fazendo um zunido alto e eu me encolhi para não ser atingida.

Os pinhões caíam na terra na posição exata para nascer e ela me explicou depois que ali seria um campo de araucárias futuramente e que era para usar aquele segredo do broto do milho sempre que eu precisasse.

Logo depois acordei com uma sensação estranha, sempre presente quando acordo logo depois de um sonho muito vívido. Não consigo formular alguma explicação para este sonho e os rostos das pessoas não me eram conhecidos.

Fonte

Quem sabe um dia consigo entender o que tais sonhos querem mostrar...

Obrigada pela leitura. Abraços, Carol. <3