O Mito do Andrógino e as almas gêmeas. #“Oamor”ou“Aspaixões”

in #pt5 years ago



 
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Já há algum tempo tenho vontade de iniciar uma série falando sobre como cada pensador (filósofo ou não) enxerga o amor, alguns entendem que este não existe, mas acreditam em paixões, outros acreditam na força dos dois e outros acreditam apenas em vontade, por isso intitulei esta série de “O amor” ou “As paixões” e em cada texto trarei a visão de um único pensador.
 
Hoje trarei um conto da mitologia grega descrito por Aristófanes, retirada do livro “O Banquete”, escrito por Platão. Aristófanes era cidadão ateniense, dramaturgo grego, escreveu várias obras, quase todas satíricas e com críticas a políticos, filósofos, cientistas e poetas.


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A mitologia nos conta que antes dos seres humanos, andavam sobre a Terra três seres, Andros (entidade masculina, filhos do Sol), Gynos (entidade feminina, filhas da Terra) e Androgynos (entidade masculina e feminina, filhos da Lua).
 
Aristófanes conta-nos que estes seres possuíam as costas e os lados redondos, com quatro pernas, quatro braços e duas cabeças, cada qual olhava para um lado, dessa forma poderiam ver o todo. Podiam andar eretos, mas também podiam rolar entre os braços e pernas, alcançando velocidades imensuráveis.
 

(…) Com efeito, nossa natureza outrora não era a mesma que a de agora, mas diferente. Em primeiro lugar, três eram os gêneros da humanidade, não dois como agora, o masculino e o feminino, mas também havia a mais um terceiro, comum a estes dois, do qual resta agora um nome, desaparecida a coisa; andrógino era então um gênero distinto, tanto na forma como no nome comum aos dois, ao masculino e ao feminino, enquanto agora nada mais é que um nome posto em desonra.(…) (PLATÃO, 2000 p.20)

 
Esses seres possuíam um poder imenso, mas tornaram-se ambiciosos e decidiram rivalizar com os deuses e subiram o monte Olimpo. Zeus então reuniu os imortais para um conselho. O que fazer? Aniquilá-los? Dessa forma perderiam os sacrifícios e adoração, mas os deuses não poderiam deixar este fato impune.
 

(…) Depois de laboriosa reflexão, diz Zeus: Acho que tenho um meio de fazer com que os homens possam existir, mas parem com a intemperança, tornados mais fracos.(…) (PLATÃO, 2000 p.21)

 
Zeus então resolveu cortar todos os seres ao meio, pois desta forma se tornariam mais fracos e mais numerosos, e, se ainda assim insistirem, os cortarei em dois novamente e andarão sobre uma perna apenas.
 
Pôs-se então Zeus a cortar todos os seres ao meio e como castigo, mandou Apolo virar-lhes o pescoço em direção à mutilação, para que sempre se lembrassem dos seus “crimes” contra os deuses. Apolo também curou suas mutilações e repuxou a pele que sobrava de todos os lados em direção ao ventre, conhecemos isto hoje como umbigo.
 
Após todos serem separados, cada qual procurava sua “outra metade” e ao encontrá-la se entrelaçavam até uma das partes morrerem de inanição, a parte que sobrava procurava outra metade para se entrelaçar e uma delas também perecer e este ciclo não terminaria.
 
Até que, Zeus sentiu compaixão pelos seres e resolveu mudar os seus órgãos genitais para a frente do corpo, pois antes seus órgão eram para fora e se reproduziam na terra como as cigarras. Pois com seus órgãos virados para a frente quando um homem encontrasse uma mulher poderiam saciar-se e dar continuidade a raça e, se, fosse um homem com um homem, saciar-se-iam, descansariam e voltariam ao trabalho cuidando da vida.
 
Desta forma e desde esta época que o amor um pelo outro foi implementado e sentimos falta da “nossa outra metade”, homens que são cortes dos Androgynos sentem atração por mulheres, homens que são cortes dos Andros sentem atração por homens e mulheres que são cortes de Gynos sentem atração por outras mulheres.
 
Mas sempre, estamos buscando alguém que nos complete independente da orientação sexual.
 
Além disso, esse conto mitológico nos deixa outra lição: “(…) mas eu, no entanto, estou dizendo a respeito de todos, homens e mulheres, que é assim que nossa raça se tornaria feliz, se plenamente realizássemos o amor, e o seu próprio amado cada um encontrasse, tornado à sua primitiva natureza. (...)” (PLATÃO, 2000 p.23)
 
Este é o mito do Andrógino, em breve voltarei com outro pensador, deixarei o link abaixo para o download do pdf desse livro de Platão que é de domínio público.
 
REFERÊNCIAS:
Versão eletrônica do livro “Banquete”
Autor: Platão - Créditos da digitalização: Membros do grupo de
discussão Acrópolis (Filosofia) Homepage do grupo:
http://br.egroups.com/group/acropolis/


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Muito bom! Aguardando continuidade. Somos seres das paixões, ou do "Pathos" da filosofia helênica. Contemplando as vicissitudes que remetem as nuances do amor e da paixão humana, da alegria a tristeza, da raiva ao ódio, e tudo que somos capazes pela nossa natureza...

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Sim @matheusggr, com certeza, somos seres cercados e baseados em emoções.
Darei continuidade com os pensadores mais importantes inclusive Freud e neste quero que vc comente para saber se o conteúdo estará correto...rsrs.
Obrigado por comentar.

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