O conhecimento em Ludwig Wittgenstein – da Teoria da Isomorfia à Mistica! #Filosofia

in #pt6 years ago



 
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Este texto nasceu de algumas conversas com o @matheusggr. Espero ter alguma utilidade para as pessoas que se importam e se preocupam com a linguagem e conhecimento!
 
Wittgenstein era um filósofo analítico, ou seja, para ele a Filosofia é uma análise, não uma ciência e muito menos uma metafísica, afinal:
 

“A Filosofia serve para ensinar a mosca a sair do mata moscas”.

 
Com esta base, ele cria sua “Teoria da Isomorfia”, ou seja, ele distingue a linguagem da realidade:
 

“Uma coisa é a linguagem, outra coisa é o mundo”.

 
Mas mesmo distinguindo desta forma, ele encontra um ponto em comum entre linguagem e mundo, e, na sua visão, este é justamente o papel do filósofo ou do lógico, encontrar este ponto em comum.
 
Afinal, “isomorfia” significa igualdade de forma e sugere que deve justamente existir este ponto incomum entre nome e objeto.
 
A Teoria Isomórfica compreende a visão ontológica, ou seja, objetos, fatos e o mundo:
Objeto é a unidade do mundo, cada coisa existente neste mundo é um objeto;
Fatos são um conjunto de objetos, ou equiparadamente, as ideias complexas de John Locke;
Mundo é o todo, todos os acontecimentos, ou melhor, tudo o que acontece é mundo.
 
Existe também a visão semântica, a representação da visão ontológica, melhor dizendo, como represento objetos através da linguagem?
 

“O objeto é representado pela linguagem através dos nomes”.

 
Falando de forma lógica (já que Wittgenstein era um filósofo lógico analítico), as proposições representam os fatos, um conjunto de proposições representam o mundo pela linguagem e a linguagem é a representação lógica do mundo.
 
Wittgenstein cria também a “Teoria Pictórica do Significado”, ou seja, as palavras são apenas representações da realidade (ou mundo). As proposições (ou palavras) não tratam da realidade, são apenas uma projeção ou pensamento (como a ideia em David Hume que logo escreverei aqui neste Blog).
 
Segundo Wittgenstein, cada ser humano é detentor de uma linguagem própria:
 

Eu sou o conjunto de proposições que eu possuo.

 

Eu sou o meu mundo.

 

A minha linguagem é o que vai representar a minha existência.

 

Os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo.

 

O que pode ser dito não pode ser mostrado e o que pode ser mostrado não deve ser dito.

 
Em uma “nova fase” Wittgenstein escreve o livro “Investigações Filosóficas” já com outra visão das coisas (ou de mundo como o próprio diria), cria o conceito de “Místico” ou “Mística”, que nada mais é, de tudo que está fora do mundo, segundo Wittgenstein.
 
Para Wittgenstein, o “místico” é o sentido da vida, o sentido do mundo, é o significado da morte e da felicidade.
 
Devemos levar em consideração que o místico de Wittgenstein engloba “deus” (o elemento divino), a “ética” (conceito de bem) e a “estética” (conceito de belo) e segundo o próprio:
 

Nenhuma linguagem é capaz de representá-los ou dizê-los.

 
Estes conceitos são transcendentais, estão além do mundo e só se pode descrever no mundo o que é um fato ou análise, portanto:
 

Do que não se pode falar, deve-se calar.

 


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Agora todos os meus posts estão agrupados no Steem Center. Acompanhe: Link

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Excelente ensaio sobre Wittgenstein, pela difícil conceptualização do seu pensamento em linguagem simples, e penso que são trabalhos como este que enriquecem o Steemit e estimulam a curiosidade das pessoas para encontrarem ferramentas de exploração interior para poder modificar o mundo.
Quase tudo já foi escrito e dito sobre a libertação interior como uma forma de transformação social.
A filosofia, a literatura, as artes e uma ciência com consciência, criadas por personagens que anteciparam a degradação da atual sociedade materialista, em que o homem já foi vendado e acorrentado para caminhar para um beco sem saída, em que está em risco a sobrevivência da própria espécie em nome do poder e do dinheiro na mão de carrascos da condição humana e do próprio planeta.
Ferramentas não faltam para a libertação da humanidade, o que falta é as pessoas perceberem que elas são um condição para a sobrevivência.
O realizador Derek Jarman captura bem o espírito de Wittgenstein, na perspectiva do "Green Man" , um personagem do seu filme homónimo, do ano de 1993.
Como diz o nosso amigo @matheusggr temos de trazer a filosofia para o ciberespaço, pois ela é a pré-condição para questionar qualquer criação humana.
Venha mais filosofia, hehe

Exatamente @charlie777pt. Muti bom esse texto @antigourmet! Que ótimo retorno. Acredito que amanhã ou durante essa semana, liberarei um post sobre minha crença em ter nesse espaço conteúdos sobre diversas áreas do conhecimento.

A questão do objeto vem sendo discutida desde que a filosofia se dividiu entre os fenomenologistas, a partir de Freud teve outra proporção, já que objeto foi considerado além do que existe, também considerando o que não existe, e delimitando que toda nossa interação humana é interação com objetos de desejo.

Assim uma pessoa pode considerar outra, intencional ou não, como objeto, e na mente objeto não se diferencia em animado ou inanimado, o valor da vida passa a ser objetal, como vemos retornando nos dias de hoje. Lacan fez um novo corte na interpretação do objeto na psique humana pela via epistemológica, mas já é outra discussão.

Pelo que entendi Wittgenstein pega essas influencias, pois baliza muito bem sua visão do objeto, e a importância da linguagem. Pela sua interpretação me lembrou muito a interface que autores como ele fazem entre Platão e Aristóteles, do universal ao singular, do todo ao um, do ideal à lógica. Ainda não tive oportunidade de procurar as obras que me indicou @antigourmet, mas fiquei mais interessado ainda.

Estou construindo um site https://imaginariovirtual.com com esse propósito educativo, ainda estou vendo como funcionar e agregar ao Steem e a comunidade. Quando tiver um modelo pronto, gostaria de expor esses posts desses conteúdos lá com autorização tanto sua quanto do @charlie777pt, retornando de alguma forma o lucro líquido dos posts...

Estou muito contente de ver o projeto Imaginário Virtual, que só agora pude consultar na totalidade, e desde já me disponibilizo para toda a ajuda que puder dar.
Podem publicar qualquer dos meus posts e usá-los á vontade, pois gosto muito de trazer estes temas que são fundamentais para a compreensão da realidade atual e as únicas ferramentas xamanisticas que podemos dispor como cidadãos da "civilização" Ocidental , pois não dispomos de xamans, apesar de haver muitos auto-proclamados que na sua maioria são apenas guiados pela mistificação de uma realidade "fácil" de transformar com imediatismos que apenas ofuscam a nossa progressão humana a longo prazo, muitas vezes como negócio lucrativo.
Claro que hoje me espanta muito o exercício da psicologia a nível terapêutico, usando técnicas de marketing para não afastar o cliente com o "peso" verdadeiro da transformação interna.
Mais uma vez , muito obrigado e desejo o maior sucesso para este projeto de reavivar a consciência coletiva da importância da máxima shakesperiana do auto-conhecimento e da escolha do livre arbítrio como a forma mais eficaz para uma transformação social coletiva, sem conotações de ideologias políticas ou coletivismos centralizados.
O auto-conhecimento mostra-nos a obsolência e "máscara" da sociedade baseada no poder de alguns construindo o destino dos outros.

A atual evolução científico-tecnológica global da civilização está, cada vez mais, colocando barreiras à diferença dos seres humanos e está ameaçando e minando nossa existência humana, objetivando a evolução de nossa sociedade como uma máquina mecânica.

Só consegui ver agora o projeto @matheusggr, achei bem interessante e pode contar comigo com o que for preciso, inclusive utilizar meus textos.
Eu vejo da seguinte forma, se Kant que era um filósofo bem complexo e "famoso" se deu ao trabalho de escrever textos mais simples para publicar em jornais para a grande massa, fazendo como ele mesmo dizia "o uso público da razão", quem sou eu para não compartilhar o pouco conhecimento que possuo.
Penso que apenas desta forma transformaremos nossa sociedade, pois se nós que possuimos um pouco de base acadêmica não fizermos nada para mudar, não serão os governos.

Exatamente isso @charlie777pt, a filosofia precisa e necessita estar no ciberespaço. O ser humano precisa sair dessa "caverna tecnológica" e capitalista à qual estamos introduzidos e mais uma vez, apenas a filosofia pode fazer isso.
Muito obrigado pelo acréscimo e pelo comentário.

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