A crise paradigmática instalada pelo pensamento de Giordano Bruno. #Filosofia

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É com muito prazer que volto a publicar aqui no Steemit depois de algum tempo, então bora lá que é para falar de Giordano Bruno e não de mim...rsrs

O pensamento de Bruno.

“Não é fora de nós que devemos procurar a divindade, pois que ela está do nosso lado, ou melhor, em nosso foro interior, mais intimamente em nós do que estamos em nós mesmos.” (BRUNO. 1584. A ceia das cinzas).

 
Esta citação já nos dá uma grande mostra de um dos motivos porquê Bruno foi morto. Mesmo vivendo no final da Idade Média, ele foi contra vários conceitos impostos pela Igreja.
 
Era doutor em Filosofia, e foi justamente isso que o fez enxergar um mundo além das grades implantadas pela Igreja Católica, grades essas que transformavam seres cognoscitivos em seres incapazes de pensarem sozinhos, talvez este, tenha sido o maior “pecado de Bruno”, ser contrário às “ordens” impostas pela Igreja, querendo mudar de dentro, aquele “antro” que não seguia os escritos que pregavam, escritos estes que ele também era contrário quase que em sua totalidade.
 
Além de tudo isto, ele pensava o Universo como infinito, dizia que: se Deus é infinito, porque faria algo menor do que ele próprio. Era hilozoísta, ou seja, toda matéria do Universo é viva, está interligada e possui características em comum, tais como animação, sensibilidade ou consciência.
 
Claro que eu não poderia me esquecer, um dos maiores crimes de Bruno foi desacreditar da virgindade de Maria, mãe de Jesus, a ponto de criar a seguinte proposição: “A maior de todas as putas”. Talvez ele pensasse, como pode uma mulher dar à luz sem o coito?
 
Bruno com certeza não foi amado por toda a Igreja, mas suas ideias sobre cosmologia, que já eram defendidas antes por Nicolau de Cusa e Nicolau Copérnico, inspiraram Galileu Galilei a criar o modelo heliocêntrico, que era o oposto do modelo Ptolomaico adotado pela Igreja.

Os crimes de Bruno e sua execução.


Bruno foi preso na casa de Giovanni Mocenigo (1558-1623), este de família nobre que procurou Bruno para lhe ensinar a “arte de desenvolver a memória, muitos dizem que ele esperava obter ensinamentos de ocultismo para prejudicar seus oponentes e concorrentes.
 
Bruno foi levado para o cárcere do Santo Ofício de San Domenico de Castello, no dia 23 de maio de 1592. Durante oito anos foi interrogado e torturado, nunca abjurou ou negou seus escritos, sempre tentou refutar seus “carrascos”, mas não obteve êxito nessa tarefa.
 
A Igreja em toda sua “sordidez”, imputou a Bruno crimes “toscos”, afinal o que queriam de verdade era calá-lo, foi acusado de oito “crimes”:
 

Se opunha à fé católica e contestava seus ministros;
Se opunha sobre a Trindade, a divindade de Cristo e a encarnação;
Se opunha sobre Jesus como Cristo;
Se opunha sobre a virgindade de Maria, mãe de Jesus;
Se opunha tanto sobre a transubstanciação quanto à missa;
Reivindicava a existência de uma pluralidade de mundos e suas eternidades;
Acreditava em metempsicose e na transmigração da alma humana em brutos;
Possuía envolvimento com magia e adivinhação.

 
Foi condenado à morte na fogueira no dia 8 de fevereiro de 1600, na ocasião, foi obrigado a ouvir a sentença ajoelhado, Bruno respondeu seus inquisidores com um desafio: Maiori forsan cum timore sententiam in me fertis quam ego accipiam “Talvez sintam maior temor ao pronunciar esta sentença do que eu ao ouvi-la”. Sua língua foi cortada e poucas horas depois ocorreu sua execução no dia 17 de fevereiro de 1600.

Quebras de paradigmas.


Uma unanimidade entre a maioria dos filósofos da ciência, são as quebras de paradigmas, ou seja, onde uma teoria que era aceita anteriormente como válida é substituída por outra e passa a ser inválida, pois bem, Bruno mudou muitas coisas, quebrou paradigmas, sejam eles doutrinários ou científicos.
 
Não entrarei em detalhes sobre os paradigmas religiosos que Bruno queria quebrar pois penso que, mesmo que conseguisse, não mudaria em nada a sórdida história da Igreja, apenas suas doutrinas. Focarei na quebra de paradigmas científicos.
 
Bruno defendeu o conceito de que a verdade deve prevalecer sobre as crenças, podendo desta forma, ter sido um inspirador do movimento Iluminista.
 
Também acreditava no Heliocentrismo, pregado por muitos gregos antigos, Nicolau de Cusa e Nicolau Copérnico, todos estes contrários ao modelo Ptolomaico do Geocentrismo, talvez e muito provavelmente, todos estes inspiradores de Galileu Galilei, Albert Einstein, Carl Sagan, Alexei Filippenko, dentre outros.
 
Afirmava que o Universo era infinito e que existiam vários mundos, hoje, graças ao astrofísico Alan Guth, sabemos que o Universo não é infinito mas sim, está em expansão, mas Bruno inspirou além de Guth, novamente Einstein em sua relatividade e Stephen Hawking em sua teoria das cordas e do multiverso.
 
Talvez e apenas talvez, tenha inspirado Charles Darwin em sua teoria da evolução, pois, assim como Heráclito, Bruno acreditava em um Universo cíclico, mutável, acreditava que tudo evoluía e se transformava.
 
Mas, a meu ver, sua maior contribuição possa ter ocorrido no campo do hilozoísmo, pois na contemporaneidade a maior parte dos filósofos da ciência, enxergam o Universo como uma única matéria orgânica, onde qualquer disrupção com o menor organismo que seja, causam males a todos os outros organismos.
 
Por todos esses feitos explanados, digo, Bruno foi um crítico, pensador atemporal, ideólogo, mas nunca foi um dogmático igual aos seus “carrascos covardes”, tão covardes que demoraram oito anos para “criar coragem” para calá-lo, e apenas conseguiram esse feito arrancando sua língua e queimando seu corpo. Mas Bruno, este sim foi um corajoso, quebrou paradigmas e não teve medo da sua sentença, diferente de seus “carrascos”, foi forte e corajoso até o fim, ou melhor, até o fogo.
 
No Campo de Fiori, onde ocorreu a execução da pena, foi erguido um monumento em homenagem a Giordano Bruno. O projeto foi concluído em 1889 e a execução da obra ficou sob a responsabilidade do escultor Ettore Ferrari. Já seus “carrascos”, apenas tiveram seus nomes guardados na história, por maior que fossem suas obras, estas ficaram no fogo junto com Giordano Bruno.

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Bom que está de volta nos trazendo muitos ensinamentos @antigourmet! Não conhecia muita coisa que trouxe do Giordano Bruno. O tempo dos grilhões volta a nos assombrar, acredito ser importantíssimos conteúdos como esse no ciberespaço. Parabéns pelo trabalho, obrigado por compartilhar!

Fala @matheusggr, eu estava com muita saudade disto aqui, mas a vida não me permitia ter esse luxo....rsrs...mas vou me esforçar para postar esporadicamente.
É cara, estamos prestes a vivenciarmos tempos negros cara, espero que não chegue a este ponto e nem ao que ocorreu na ditadura do último século.
Obrigado por sempre compartilhar e comentar....abraço.

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