A lua

Sempre quis ser capaz de fotografar a lua. Aliás, o meu amor pela fotografia passou sempre, em parte, por querer ser capaz de a fotografar. Quando comecei a aprender fotografia, o professor fez essa pergunta habitual aos alunos: porque está aqui? E eu respondi: porque quero ser capaz de fotografar a lua. Olhares e algum espanto. A resposta dele foi algo deste género: isso é ser ambicioso, a lua é um dos sujeitos mais difíceis de fotografar. Os meus colegas lembrar-se-ão, ainda, deste episódio, que talvez me tenha feito ficar, desde logo, com o rótulo de “meia lunar”. Senão vejam: uma quase velhota a aprender fotografia e nessa idade diz que quer fotografar a lua? Sim, era isso, e é, ou passa por aí. A lua mentirosa, feiticeira, que nunca se sabe quando e onde nasce e se põe (e eu vivo num lugar onde vejo o sol sempre certinho no seu lugar), que não aparece quando a procuro, ou aparece belíssima quando não tenho mais nada “à mão” sem ser os olhos, como há uns dias atrás, em que estava quase cheia, em pleno esplendor, às seis da tarde num céu azul! Sim, essa lua. Por estes e outros motivos, e talvez por causa do receio habitual de quando nos deparamos com um objetivo quase de vida, a lua e eu temos andado desencontradas, e eu à procura (ou a fugir, sabe-se lá) dela, com medo que não dê certo. Até que fui a Balibó. Ao Balibo Fort Hotel. E estava lua cheia. E eu num ambiente radioso, com os seres que mais amo nesta vida. Até a minha cadela Luna (Luna=Lua) estava comigo. Uma noite perfeita! E pronto. Aqui vai uma das minhas primeiras fotos decentes da lua, pelo menos aos meus olhos. Vcs dirão. Lua, acho que não te envergonho com ela. Mas tu dirás, mentirosa.

Foto: Lua em Timor-Leste.

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