O Fotógrafo de Rua É Quase Um Detetive (Português)

jsantana (70)in #photography • 7 years ago

Mais um dia de trabalho no Rio Capibaribe

Passar sem ninguém ver, fotografar sem ser percebido, discrição, rapidez, criatividade, ousadia, paciência e precisão. Essas sejam talvez as principais características que fazem um fotografo de rua. Características que adquiri com o meu tempo e atuação trabalhando nas ruas. Uma atuação que mais parece a de um detetive em missão atrás de algum suspeito, de"indícios de crime", mas que na verdade o que estamos caçando são "almas", momentos únicos que nunca serão repetidos.

Tráfego intenso - O trânsito

Isso tudo para alguém que não é fotógrafo pode parecer uma loucura, mas o fotógrafo, em especial o fotografo de rua, deve ser discreto em sua atuação ao fotografar. As pessoas em especial hoje em dia com a adesão em massa da internet, redes sociais e etc., se sentem mais intimidadas quando vêem uma câmera em sua frente, não se sentem à vontade, se sentem invadidas, como se aquela câmera fosse roubar a sua identidade ou algo do tipo. É quase uma agressão e o fotógrafo de rua deve ter essa sensibilidade de saber quando deve ou não fotografar. A câmera é uma arma. O "abaixar a câmera" às vezes é necessário.

Da janela do ônibus

Já escutei relatos de fotógrafos muito experientes sobre como eles fotografavam e ainda fotografam hoje em dia para que passem despercebidos pelo público. Li um relato interessante de um fotógrafo que atuou como fotojornalista durante a ditadura militar no Brasil (anos 60 até inicio dos anos 80) e como naquela época jornalistas e fotógrafos eram severamente perseguidos pelos militares, pois esses viam os fotógrafos e jornalistas como inimigos do regime, ele não podia sair por aí livremente fotografando as atuações de abuso de autoridade cometidas pelos militares, então o que ele fazia?

Todos param para ver o espetáculo na rua

Segundo ele, para que os militares não percebessem que ele era fotógrafo, eles saia para trabalhar com uma jaqueta jeans, uma camisa social por dentro, colocava a sua câmera Leica M com a alça no pescoço por dentro da camisa, deixando a lente um pouco exposta entre o fecho de um botão e outro e para apertar o botão da câmera, ele fazia como se estivesse tossindo para que não se ouvisse o barulho do "click". Assim ele pôde durante os anos sombrios da ditadura fazer relatos incríveis em fotos desse período sombrio da história do Brasil.