# Dicionário da Música # João da Baiana!

Nada menos que o introdutor do pandeiro na música popular brasileira, João Machado Guedes (1887-1974), filho de Félix José Guedes e Perciliana Maria Constança, o caçula, único carioca, de uma família baiana de 12 irmãos, que foi um dos protagonistas das inúmeras experiências culturais, e musicais, que ocorrem na cidade do Rio de Janeiro nas primeiras décadas do século XX.

Neto de ex-escravos participou desde cedo nas rodas de candomblé, de samba e de outras tradições culturais afro-brasileiras. Nesses encontros aprendeu a tocar pandeiro − que se tornou seu principal instrumento. Ele também foi o primeiro a ser visto raspando a faca no prato, criando o inusitado instrumento musical que acabou se popularizando mais tarde.

Era nos casarões das Tias Baianas, como o da Tia Ciata, que aconteciam as festas tidas como pilares do samba carioca. João da Baiana era filho de uma delas, a Tia Preseiliana. Tocou samba e candomblé até os nove anos, mas sempre manteve empregos paralelos que nada tinham a ver com a música. Aos doze foi ajudante de cocheiro de Hermes da Fonseca, futuro presidente da República, trabalhou desde criança como aprendiz na Marinha, no Exército, e depois desenvolveu carreira no cais do porto, onde se aposentou como fiscal.

Sua primeira composição foi “Pelo Amor da Mulata”, de 1923, seguindo-se “Mulher Cruel”, em parceria com Donga e Pixinguinha. Seu samba “Cabide de Molambo”, fez grande sucesso em 1928, quando João já era ritmista famoso nas rádios, pela faca no prato, e o pandeiro.

Nos anos 1930 fez parte dos conjuntos Guarda Velha e Diabos do Céu, na década seguinte, participou da gravação da coleção Native Brazilian Music, com o maestro Leopold Stokowski, organizada por Heitor Villa-Lobos. Na década de 1950, foi convidado por Almirante, a formar com Pixinguinha e Donga, o conjunto Velha Guarda. Em sua trajetória se projetam aspectos da cultura urbana informal das ruas: as práticas das festas populares profanas, e religiosas; as tradições da cultura afro-brasileiras; e, finalmente, a indústria do entretenimento

Foi um dos primeiros a gravar os então chamados pontos de macumba à frente do grupo João da Baiana e Seu Terreiro. João cresceu num ambiente musical repleto de referências culturais do século XIX, de origem rural, mas que já comportavam os novos elementos do cenário urbano carioca. Principalmente na casa da Tia Ciata, que ele conviveu com esses múltiplos aspectos das culturas afro-brasileiras rurais, e urbanas.

Músico, numa época em que os sambistas eram perseguidos pela polícia. Certa vez, na Festa da Penha, foi preso e teve seu pandeiro apreendido. Pouco tempo depois foi convidado para uma festa na casa do senador Pinheiro Machado, influente político que era seu admirador. Como não tinha pandeiro, não foi. O senador quando soube a razão de sua ausência, presenteou o sambista com um pandeiro novo, tendo a seguinte dedicatória no couro do instrumento: “Com a minha admiração, João da Baiana, assinado Pinheiro Machado”. Depois disso, nunca mais o sambista foi importunado pela polícia.

Antes de Joao da Baiana, o pandeiro era utilizado somente em orquestras, no samba, introduziu o instrumento aos oito anos de idade, enquanto era membro das agremiações ‘Dois de Ouro’ e ‘Pedra do Sal. Até então só utilizava-se tamborim, “e assim mesmo era tamborim grande e de cabo”.

O pandeiro de sua época era um pandeiro maior, no site do Museu da Imagem e do Som (MIS), podemos visitar o prato com faca no qual João tocava, procurei exaustivamente uma foto do pandeiro, assim como saber seu paradeiro, infelizmente não encontrei.

Referencias

http://zedobelo.com.br/joao-da-baiana/
https://www.mis.rj.gov.br/perolas/saravah-joao-da-baiana/
http://musicabrasilis.org.br/compositores/joao-da-baiana
http://www.revistamusicabrasileira.com.br/memoria/joao-da-baiana-130-anos-de-nascimento
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_da_Baiana
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa558029/joao-da-baiana

Depoimento para a posterioridade!

Espero que gostem

Um grande abraço
Guilherme Faquetti
22 de janeiro de 2019.

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