#FILMOTECA# - "Flatliners" | "Além da Morte" (2017)

Fonte: Divulgação (Uninvited Reviews)

Sinopse: Cinco jovens estudantes de uma renomada faculdade de Medicina enfrentam as inimagináveis consequências de engatilhar experiências de quase morte (forçando o processo através de paradas cardíacas programadas) em prol de uma ascensão profissional precoce.

A ideia principal por trás da realização de um remake é a de apresentar uma mesma história (mantendo a sua essência) através de um olhar que propicie algo novo, afinal, o público é outro e precisa ser conquistado de uma maneira diferente (por isso é necessário deixar que as "releituras" envelheçam para serem "esquecidas" e só depois "ressuscitadas" através de uma sobrevida, denominada remakes).

Bom, "Além da Morte" é um remake de "Linha Mortal" (que foi originalmente lançado em 1990 e dirigido por Joel Schumacher), então... O remake teve tempo de maturação, e foi criado com base na essência do original... Mas, onde está o novo olhar que o filme deveria apresentar?

Fonte: Divulgação (Digital Spy)

No comando da direção, desta vez, está Niels Arden Oplev e o trabalho apresentado por ele não é menos do que decepcionante. Essa é a palavra que define bem o trabalho dele (em todas as esferas possíveis!), aliás... Infelizmente, não apenas o seu trabalho, mas como o filme todo de maneira geral.

Apoiado em um roteiro extremamente blasé e sem muito senso de realidade, a história começa com a brilhante ideia de uma estudante que decide fazer um experimento de quase morte se colocando como cobaia principal. Até aí tudo bem, porque o filme original também segue a mesma linha... O problema de apresentar uma atmosfera blasé e sem muito sendo de realidade está ligada ao fato de que o roteiro não oferece - ao contrário do que pode ser visto no filme original - nenhum subsídio real para que a jovem convença os outros 4 amigos a embarcarem no mesmo barco que ela (tudo simplesmente acontece sem maiores restrições ou questionamentos mais aprofundados... há apenas uma leve rejeição inicial por parte de 1 ou 2 dos amigos).

Fonte: Divulgação (EW)

Contando com um desenvolvimento argumentativo muito lento (apesar de alguns lapsos de bons momentos nos primeiros 30 minutos, ou menos), o filme em si é tão irregular quanto a direção e o seu elenco (que aliás - com exceção da Ellen Page e do Diego Luna -, consegue arrastar a qualidade do filme há um nível crítico preocupante, algo que nem o artifício de usar um dos atores do elenco original - Kiefer Sutherland- conseguiu melhorar a trama).

Falando especificamente do elenco, eles dão vida a personagens chatos, desinteressantes e sem maiores dilemas além dos que já enfrentam dentro da própria faculdade (evidenciando a falta de pulso e de ideias na escrita do roteiro, que aliás... não investe nada além de uns poucos minutos para tentar desenvolvê-los de uma maneira ao menos satisfatória). Tudo é muito raso, sem inspiração... A ausência de motivação em criar algo interessante para o público assistir é evidente (e preocupante à medida em que o filme avança e se arrasta cada vez mais).

Fonte: Divulgação (Los Angeles Times)

A viagem de vida pós-morte não faz nenhum sentido. Ok, ninguém sabe como são as coisas lá do outro lado... Mas aqui, tudo se assemelha a uma colcha de retalhos muito sentimental (muito plástica na questão dos sentimentos, diga-se de passagem) que não tem muita razão de existir (porque não apresenta motivações fortemente reais para elas existirem... tudo fica muito na subjetividade, sem uma conexão mais eficaz com a realidade), fazendo daquela situação apavorante uma simples e desanimadora tentativa forçada que impõe a cada um dos amigos que se submeteu a tal experiência uma busca por um pedido de desculpas pelos seus erros do passado.

O lado bom do filme fica pela apenas pela repaginada visual nos aspectos técnicos e visuais da trama (e por um plot twist que eu realmente não esperava que acontece). Apesar de falhar em praticamente todas as investidas ao criar momentos de suspense que realmente funcionem, o visual moderno que é mostrado (principalmente na questão dos cenários, em especial a sala onde acontece as experiências) consegue trazer um ar de novidade para o projeto (mas que infelizmente, nem de longe consegue salvar o filme do embaraçoso resultado final... que aliás, tem uma péssima conclusão).

Fonte: Divulgação (Variety)

"Além da Morte" tinha tudo para fazer jus ao filme original (não para criar uma cópia, mas para criar algo novo com base no que já existia), mas não consegue ir além de uma tentativa mal planejada de criar algo que respire algo inovador - incluindo aqui, criar situações onde os sensos de moral e ética são colocados contra a parade de uma forma quase infantil, devido a fata de tato em lidar com a abordagem dos temas propostos - ... Se perdendo entre clichês e cenas que beiram o amadorismo, o filme não decola em nenhum momento (apesar de tentar fazer isso depois dos primeiros 60 minutos de projeção).