#FILMOTECA# - "Terminal" | "A Vingança Perfeita" (2018)

Fonte: Divulgação (Cine Material)

Sinopse: Na trama, dois homens embarcam em uma missão suicida para um empregador misterioso que oferece um alto salário. Ao longo do caminho, a dupla se depara com Annie, uma mulher que aparenta estar mais envolvida com a situação do que o esperado.

Quando o assunto é filme com uma pegada puxada para o noir não existe meio-termo: ou você gosta ou você não gosta. Esse subgênero de filme costuma ser bem radical no gosto do público e quando o espectador compra a história viagem flue facilmente e agradavelmente, mas quando não... A viagem tem um gosto amargo e entediante. Infelizmente, é nesse segundo grupo que A Vingança Perfeita se encaixa.

Fonte: Divulgação (Collider)

Inicialmente, o roteiro consegue criar uma atmosfera bem precisa no que diz respeito a apresentar os cenários e seus personagens, garantindo até esse ponto, o interesse pelo que ainda estava por vir. Criando altas expectativas acerca dos próximos acontecimentos, não demora muito para o espectador começar a se frustrar com o rumo que a história está seguindo e começar a se sentir uma "indigestão visual".

A trama carregada no estilo noir serve como uma ótima base de uma narrativa (ainda mais quando onde o combustível principal é a "vingança"), mas o grande problema desse filme é se perder dentro da própria proposta (que por sinal, de complexa não tem nada... basta ficar um pouco mais atento para desvendar o mistério antes do início do segundo ato).

Tendo uma contextualização simples e sem muitas reviravoltas em mãos, os roteiristas se perdem ao optar por construir a história com uma linha do tempo relativamente confusa (e esse aspecto fica ainda mais evidente quando isso é colocado em contraste com o potencial adormecido na trama, que poderia ter sido muito melhor desenvolvido).

Fonte: Divulgação (NY Times)

Uma das armas para alavancar o projeto era o elenco, mas nem a presença da Margot Robbie (em seu tão aguardado filme pós-nomeação ao Oscar pelo ótimo Eu, Tônia) consegue salvar o filme do fracasso com seu personagem relativamente psicótico (apesar de terem explorado a beleza dela a exaustão, o que obviamente funciona visualmente). Todos os atores / atrizes são mal explorados(as) de uma forma que chega a incomodar (inclua aqui perfis desnecessariamente caricatos e desinteressantes que os tornam ineficazes) e demonstra um certo amadorismo por parte da direção.

Por falar em direção, o trabalho do Vaughn Stein (que aliás, é quem também assina o roteiro) é de uma chatice inebriante e extremamente oscilante entre momentos medianos e ruins (sendo a maioria deles essencialmente ruins, tornando o trabalho de Stein um erro dobrado, já que ele assume duas funções distintas e super importantes). Tenho a impressão de que ele leu o roteiro na véspera do início das gravações e no dia das filmagens, deixava a coisa correr solta para ver qual seria o resultado.

Fonte: Divulgação (Pinterest)

O único destaque positivo do filme é realmente o visual. A produção é algo contemplativo, prezando por uma atenção aos detalhes mínimos com bastante cuidado (às vezes, chega até a ser algo excessivo... mas ainda sim, é um acerto porque a história propicia esse artifício) e o trabalho da edição de arte fazendo dupla com o desempenho da fotografia cria bons momentos para serem assistidos (e - de uma maneira geral - aliviar um pouco a decepção filme como um todo).

Eu não diria que a trilha sonora é algo a ser pontuado (é apenas algo funcional... embora não acerte sempre), mas, considerando a quantidade de erros que esse filme tem, esse ponto técnico acaba tornando-se um tipo de elogio e ajuda a deixar o público um pouco mais animado para acompanhar a história até o seu clímax agridoce.

Fonte: Divulgação (Pinterest)

A Vingança Perfeita é um filme frustrante. Não apenas por desperdiçar todo o seu potencial de uma forma estranha, mas por saber que tinha uma essência bem interessante e que pela falta de percepção / condução acabou tornando-se apenas mais um filme "cirurgicamente estético" e "plasticamente bonito", mergulhando em uma onda completamente artificial.