#FILMOTECA# - "Smultronstället" | "Morangos Silvestres" (1957)

in #filmoteca6 years ago (edited)

Fonte: Divulgação (Rotten Tomatoes)

Sinopse: O rabugento médico aposentado Isak Borg viaja de Estocolmo para Lund, na Suécia, com sua nora grávida e infeliz, Marianne, para receber um diploma honorário da universidade onde estudou. Ao longo do caminho, eles cruzam com uma série de caroneiros, cada um deles fazendo com que o médico idoso reflita sobre os prazeres e as falhas de sua própria vida, incluindo a vivaz jovem Sara, que se parece muito com o próprio primeiro amor do médico.

Os filmes de Ingmar Bergman costumam ser bastante intimistas e com mensagens que causam bastante reflexão. Não importa se o tema é simples ou complexo (ou algo no meio disso), a dramaticidade com a qual ele trabalha garante que a experiência do público com seus projetos seja sempre a mais imersiva possível, causando um nível de reflexão bem acima do normal... Dessa forma, Morangos Silvestres já nasceu com um status de clássico estampado em seu rolo de filmagem.

Fonte: Divulgação (Bandeja de Plata)

Em determinado momento do filme, o chato e desagradável (é assim que o próprio protagonista se define) Isak diz: "Toda vez que eu sinto medo ou fico muito ansioso, lembro-me dos meus melhores momentos do passado... Principalmente os da infância.", e o que o telespectador pode acompanhar nesse projeto clássico de Bergman é justamente isso, uma viagem pela trajetória do passado que construiu a vida do médico.

Tudo começa quando o velho ranzinza tem um sonho muito estranho e de difícil compreensão, mas que desperta nele uma necessidade de mudança no próprio perfil em um nível de urgência que ele mesmo não consegue explicar a ninguém. Desistindo de viajar de avião para o seu compromisso na universidade, ele decide ir dirigindo e no meio da estrada à vida tem muitas pancadas reservadas para ele, fazendo com que ele reviva - através de outros acontecimentos - várias memórias de sua conturbada vida.

Fonte: Divulgação (IMDb)

Durante essa "jornada", é evidente a intenção do roteiro em fazer a audiência fixar à sua atenção não apenas na vida de Isak (que tem momentos bem dramáticos e outros bem inquietantes, causando até uma certa perplexidade em quem estiver mais atento ao andamento da narrativa), mas sim, distribuir combustível para que haja uma autorreflexão sobre a própria vida. É como se o filme estivesse a todo momento te perguntando: "Ei, psiu! Você mesmo... Como você está vivendo à sua vida?" e uma vez que o público se vê envolto aquela pergunta tão complicada de ser respondida, estabelece-se então uma ligação entre telespectador e filme difícil de se ver nos filmes atuais.

O elenco liderado por Björn Bjelfvenstam funciona muito bem. Todos eles são responsáveis por criar ótimos (e importantes) momentos e todos eles imprimem uma forma matriz muito fiel para conferir o peso que a dramatização precisa para ser fidelizada diante do olhar o telespectador, mas é mesmo o Bjelfvenstam quem rouba a cena sempre que aparece. Seu personagem é a alma desse filme... Uma figura tão complexamente bem construída e emotiva, que aliada a performance poderosa do ator ganha o interesse automático do público.

Fonte: Divulgação (My Movies)

Um mergulho profundo dentro de uma mente movida por um turbilhões de emoções é a mole propulsora de toda a narrativa (que é assertiva de um modo deveras criativo). Tudo orbita em torno dos devaneios mentais de Isak e em como ele tenta lidar com tudo isso. Uma carga de sentimentos de difícil compreensão para um velho cansado de ter que remoer certos tipos de sentimentos.

Não há como não assistir aos eventos que se seguem sem torcer pela redenção do protagonista (que aos poucos tem a sua casca quebrada e finalmente, uma personalidade mais amigável e frágil apresentada com cautela), são muitos encontros e desencontros que convergem para uma única ideia - aliás, esse o link principal entre o título do filme e a narrativa do mesmo -: não hesite em aproveitar os morangos (sejam eles silvestres ou não) que aparecem na sua vida, porque afinal, a vida é uma só.

Esteticamente é um filme que não desperta muito interesse - embora tenha uma fotografia relativamente competente, mas esse aspecto técnico (assim como os demais) acabam não tendo tanto peso tamanha é a habilidade do diretor em extrair o melhor não apenas dos eu trabalho em si e do roteiro que tem em mãos, mas também do ótimo elenco que tem à sua disposição.

Fonte: Divulgação (Festival Larochelle)

À primeira vista, Morangos Silvestres pode até parecer um filme singelo (e até certo ponto isso não deixa de ser uma verdade), mas basta assistir ao filme com outros olhos que certamente à sua experiência com essa película será tão intensa e sensível quanto os melhores que você viveu na sua vida até hoje. Em poucas palavras: um filme que merece ser visto (e revisto)!

Sort:  

Excelente tu post.
Te estoy siguiendo, sígueme apoyémonos mutuamente.

Coin Marketplace

STEEM 0.19
TRX 0.17
JST 0.033
BTC 64188.14
ETH 2766.12
USDT 1.00
SBD 2.66