#FILMOTECA# - "Miracles From Heaven" | "Milagres Do Paraíso" (2016)
Sinopse: Christy e Kevin Beam são pais de três garotas: Abbie, Annabel e Adelynn. Cristãos convictos, os Beam vão à igreja com frequência. Um dia, Annabel começa a sentir fortes dores na região do abdomem. Após muitos exames, é constatado que a garota possui um grave problema digestivo. Tal situação faz com que Christy busque a todo custo algum meio de salvar a vida da filha, ao mesmo tempo em que se afasta cada vez mais de sua crença em Deus.
Fé... Uma palavra composta apenas por duas únicas letras, mas que carrega em sua essência um poder imensurável para quem realmente acredita no que ela é capaz de fazer. As pessoas costumam dizer que essa palavra é consegue remover montanhas, de fazer o impossível... Se tudo isso é 100% verdade não é possível afirmar (e ainda que fosse possível, o ser humano é uma raça deveras polarizada... então cada um tem a sua própria visão do quem vem a ser Fé), mas a família Beam tem uma relação extremamente próxima com a essência dessa palavra.
Em um dos diversos grandes momentos do filme, Christy Beam (a mãe da jovem que é "misteriosamente" curada) cita a frase mencionada acima para tentar explicar a presença de Deus para os fiéis que acompanham o seu testemunho. Essa é uma cena muito emocionante, e consegue ser tão poderosa por conseguir atacar diversos lados, sendo os dois principais: a exaltação da presença de uma força maior que está em algum lugar olhando por todos nós e a hipocrisia dos que se dizem religiosos e estando ali presentes, colocam em dúvida um testemunho tão importante.
A roteirização desse filme consegue fazer para se construir tão forte e relevante é um trabalho extremamente notável. A narrativa parte de zero natural e logo vai se transformando em uma história (que - vale mencionar - é baseada em fatos reais) que mistura de uma forma incrível atos de superação e principalmente redenção. O modo como os roteiristas trataram a história desse filme foi um ato tão humanizado, que é impossível não se deixar levar pela história e criar uma empatia monstruosa com os personagens (mais especificamente falando com Christy e Anna, mãe a filha doente).
Jennifer Garner está a frente de um elenco competente de ponta à ponta, onde - especialmente - ela entrega uma das atuações mais fortes e sensíveis de sua carreira (onde ela é capaz de falar apenas com o movimento do rosto e até com o mais singelo dos olhares!) e Patricia Riggen é co-autora desse feito porque é ela dirige o filme com uma sutileza que ao mesmo tempo tem tanta firmeza que a conexão e afinidade entre os atores transparece a tela e chega ao espectador de uma maneira muito verdadeira.
Não que o longa saia ileso dos clichês que atingem esse tipo de abordagem dramática - porque alguns deles estão lá, mas tudo é utilizado de uma forma tão natural e bem executada (fazendo com que os personagens sejam tão bem trabalhados para criar uma realidade imersiva para o espectador se sentir totalmente à vontade) que a narrativa flui de uma maneira muito prazerosa ao ponto deles se tornarem acessórios indispensáveis para construir à trama.
A trilha sonora - muito dela é feito, assertivamente, à base do piano - cai como uma luva para exaltar os momentos mais tristes / inspiradores do longa (sinceramente, existem momentos de partir o coração) e por trabalhar quase que conjuntamente com a edição das cenas (que por sinal é muito boa), formam um combo extra para elevar a qualidade da trama que está sendo contada e fazer o público comprar de vez um drama que - por motivos óbvios - divide opiniões.
O conjunto de acertos que compõe esse filme tem uma força descomunal que precisa ser contemplada e utilizada como referência de algo puramente bom (e relevante ao ponto de tocar a alma de quem assim o permitir). Independente do que você acredita e tem como Fé (ou até mesmo se você duvida ou, de fato, não acredita que a Fé existe), a paz que é possível sentir quando os créditos finais aparecem é simplesmente indescritível.
Milagres Do Paraíso é um filme que por ser baseado em uma experiência verídica, cria quase que naturalmente um elo com quem o assiste... Mas além disso, consegue manter essa ligação ao longo de toda à sua projeção, fazendo com que o espectador sinta-se cada vez mais parte da história e torça por um desfecho feliz (independente da religião, porque a história do filme vai infinitamente além desse "mero" aspecto).
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