#FILMOTECA# - "Kramer vs. Kramer" (1979)
Sinopse: Ted Kramer é um profissional para quem o trabalho vem antes da família. Joanna, sua mulher, não pode mais suportar esta situação e sai de casa, deixando Billy, o filho do casal. Quando Ted consegue finalmente ajustar seu trabalho às novas responsabilidades, Joanna reaparece exigindo a guarda da criança. Ted não aceita e os dois vão para o tribunal lutar pela custódia do garoto.
Dentro do gênero dramático, o Cinema já abordou (e até explorou... a depender da visão de cada telespectador, porque essa questão pode ser observada por um prisma positivo ou negativo) a questão das disputas familiares por custódia familiar a uma exaustão de nível incontável. Não necessariamente sendo algo ruim, inegavelmente é um dos temas mais explosivos e pertinentes dentro do difícil comportamento dos seres humanos, que por si só guarda uma potencialidade animalesca (desde que seja conduzido de uma forma inteligente)... Em Kramer vs. Kramer é exatamente isso que o público irá encontrar.
Em um dado momento, o personagem de Dustin Hoffman (Ted) pergunta: "Quanta coragem é preciso para uma mãe abandonar o filho?" e nesse momento, o filme saca a sua arma mais poderosa e desarma com maestria - considerando todo o cenário e as circunstâncias em que a frase é proferida - o telespectador de uma forma difícil de digerir (porque é um dos momentos mais indigestos do filme, que aliás... tem muitos outros, inclusive, bem mais desconfortáveis).
Antes mesmo do roteiro focar a narrativa em um contexto de tribunal (que é a maneira como a história é vendida, aumentando consideravelmente a sua dramaticidade) a "mágica" da argumentação para atingir esse nível de embate está na relação de amor incondicional, respeito e dedicação entre os protagonistas. Mesmo separados, Ted (ainda que não entenda as motivações - ou não queira aceitá-las - que levaram a sua esposa Joanna a deixá-lo) não faz nenhum tipo de manipulação para o filho Billy crie algum tipo de aversão ao que a mãe fez. Ao passo que Joanna também não alimenta esse tipo de pensamento tóxico e dessa forma, eles coexistem (cada um a sua maneira) dentro do mesmo cenário.
O roteiro consegue humanizar um drama que na grande maioria das vezes tende a sempre ser muito triste e desgastante para todos os envolvidos: a questão sobre quem tem mais direito sobre os filhos, o pai ou a mãe? A maternidade natural da mulher se sobrepõe a paternidade do homem apenas pela razão dela ser a responsável pela gestação da criança? O elo da mãe é sempre mais forte que o elo do pai?
Complexamente cheio de nuances que são pacientemente descascadas ao longo de sua projeção, o filme se sobrepõe a qualquer sub trama que não seja a importância das relações familiares, mantendo o foco em como fica a situação depois acontece a separação de um casal (envolvendo uma criança pequena no meio do problema). Longe de negligenciar os subtextos, o roteiro é muito inteligente por justamente utilizá-los a favor do engrandecimento da abordagem principal (que são as motivações particulares do casal em prol do que realmente seria melhor para o filho deles).
A opção do diretor Robert Benton em não explorar a imagem do tribunal como um local de campo de guerra foi muito pontual (mostrando a boa visão sobre o filme como um todo e um trabalho bem consistente com vários pontos altos importantes) porque ele deixa em evidência o drama que os protagonistas estão enfrentando e não o "ringue" onde a luta está acontecendo. Isso não deixa o filme menos interessante, porque muito antes desse cenário se tornar uma realidade o filme havia sido construído no poder da essência de cada personagem (que é sensível e ao mesmo tempo, muito forte).
Meryl Streep e Dustin Hoffman funcionaram muito bem juntos (falar deles separadamente é chover no molhado porque ambos são indiscutivelmente ótimos... por sinal, dois dos meus atores favoritos) e demonstram na tela uma química muito notória, uma sintonia fácil de se perceber e isso resultou em um espetáculo de atuações dignos de todo o reconhecimento (9 indicações ao Oscar, com 5 vitórias... incluindo "Melhor Ator" e "Melhor Atriz Coadjuvante" e "Melhor Diretor") que faz desse filme um dos dramas mais relevantes já escritos e filmados.
Kramer vs. Kramer vai além do drama com narrativa pronta (e vale mencionar que há um final meio "insosso" pela maneira como o clímax é manipulado... ficando meio raso e morno demais para tudo o que já havia sido construído por quase 105 minutos), e se mostra com uma apresentação muito eficaz, sobretudo, na reconstrução da relação - até então distante - entre um pai e um filho.
Parabéns, seu post foi selecionado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!
E um tema delicado quando se trata de uma guarda de uma criança mais por sua narrativa o filme consegue mostrar como deve ser essa briga. Vc dispertou minha curiosidade vou ter que assistir esse filme .
Opa, valeu! Tenho certeza de que você irá curtir o filme.