#FILMOTECA# - "Hotel Artemis" (2018)
Sinopse:: Em Los Angeles, um exclusivo hotel secreto atua como porto-seguro para criminosos em fuga, onde podem receber cuidados médicos e refúgio. O local, liderado por uma rigorosa mulher conhecida como "Enfermeira", acaba tendo sua segurança comprometida após a entrada de um grupo de assaltantes.
Quando um filme se propõe a fazer o público pensar fora da caixa, pode ter certeza de que ele não seguirá a "cartilha" dos filmes estereotipados (onde os excessos de clichês podem ser vistos a longos quilômetros de distância). Logo, optando por não tentar a agradar a todos, é normal que haja uma rejeição acentuada a esses tipos de projetos. Esse é o caso de Hotel Artemis, que segue a linha do "8 ou 80" (ou você gosta, ou você não gosta... porque não há meio termo).
O roteiro centra toda a história em um futuro decadente (e até meio distópico em alguns momentos, por se passar em uma época mais obstante e pela estilização de muitos cenários) onde uma das obsessões mais frenéticas dos personagens - dentre as várias que eles possuem - está diretamente ligada a uma jornada quase obscura em busca do líquido mais precioso do planeta: a água.
De maneira geral, há um tratamento meio futurístico na apresentação da narrativa (some isso a um pegada meio vintage e terás um combo "esquisito" à vista) e o fato de todos os personagens serem - de fato - antagonistas (não há heróis aqui... mas também não há 100% vilões), alimenta no telespectador uma curiosidade natural e gradativa no que diz respeito as verdadeiras intenções por trás de cada personagem (bem como o desfecho de cada um deles em seus próprios mundos).
Nomes de peso como Jodie Foster e Jeff Goldblum encabeçam o elenco (que em sua totalidade atual apenas de forma correta... não surpreendendo e nem desapontando). No entanto, a participação deles é limitada e ainda que interpretem personagem interessantes de maneira tão consistente, eles não conseguem salvar o filme de alguns incômodos momentos de inércia (ou, quase marasmo).
Vale mencionar que mesmo com pouco tempo de tela, Foster entrega uma performance atípica e misteriosa... Rendendo alguns dos momentos mais tensos do filme (que ainda joga um pouco e ação e drama ao longo da sua projeção cheia de altos e baixos).
Há trama é frequentemente abastecida com diversos aspectos que poderiam ter sido melhor desenvolvidos do que eles realmente são (porque de fato, a atmosfera da trama é muito envolvente). Longe de ser um filme ruim, o que faz com que ele perca o ritmo por diversas vezes é a visão que o diretor Drew Pearce quis impor ao roteiro... Em síntese: ele arma o circo, mas não entrega toda a diversão prometida.
Existem momentos em que o filme acerta muito (principalmente nos aspectos técnicos como fotografia, luz e trilha sonora), onde existem até alguns embates diretos correlacionados a moral e a ética que instigam o telespectador a pensar sobre alguns assuntos um tanto quanto amargos de serem digeridos facilmente... Mas não demora muito para que ele "adormeça" um pouco, para apenas "acordar" algumas cenas depois.
O ponto mais forte do filme é o não protagonismo dos personagens. Todos eles tem características bem específicas, mas nenhum deles ganha o holofote de forma particular. Isso torna o filme mais ambicioso pelo fato de querer conquistar a atenção de vários tipos de público. Todos os personagens tem um lado predominantemente ruim, mas ainda sim, alimentam motivações internas com as quais é possível se identificar (ainda que de forma incomum).
No saldo final, eu posso dizer que mesmo com toda a estranheza que Hotel Artemis faz questão de apresentar, o filme é um entretenimento de qualidade indiscutível. Não tem lugar garantido na lista de possíveis cult movies dos próximos anos, mas é uma tentativa muito válida de almejar esse feito.