#FILMOTECA# - "Glass" | "Vidro" (2019)
Sinopse: Após os eventos de “Fragmentado”, Elijah Price, também conhecido como Mr. Glass, descobre que David Dunn está perseguindo Kevin e sua figura super-humana, A Fera. Em uma série de encontros crescentes, a sombria presença de Glass surge como um orquestrador que detém segredos críticos para ambos os homens.
Há quem ainda considere o diretor (que também é roteirista, produtor e às vezes ataca de ator... péssimo, diga-se de passagem) M. Night Shyamalan como uma "promessa adormecida" do mundo cinematográfico. Particularmente falando, eu acho que ele perdeu o seu "toque de midas" depois de O Sexto Sentido e não o conseguiu recuperar mais. Ao voltar com Vidro, ele tentou criar uma conclusão épica para uma trilogia improvável... Mas o que ele entregou foi um colcha de retalhos cansativa e cheia de monotonia.
Justiça seja feita, com Corpo Fechado e Fragmentado ele tentou voltar a velha boa forma, mas ao concluir a trilogia com esse novo filme, ele errou feio a mão em um longa promissor, mas que tornou-se desinteressante principalmente por perde-se em sua própria essência (que é o alto de teor de complexidade de seus respectivos protagonistas).
Dirigido e escrito mais uma vez pelo próprio indiano, a trama gira em torno dos três protagonistas que são obrigados a viver confinados em uma espécie de "centro de reabilitação". No meio desse convívio, várias pontas soltas são trazidas à tona (quando os mesmos são confrontados através de sessões de psicanálise, aliás... um bom trabalho da atriz Sarah Paulson aqui, interpretando a doutora Ellie Staple) e os mistérios que até então as mantinham desconexas, começam a correr em um mesmo curso para uma compreensão coletiva.
O maior problema aqui, é que Shyamalan infla demais a trama. Dessa forma, os sub núcleos (com as presenças de personagens de filmes anteriores) tornam-se enfadonhos de serem acompanhados e isso acaba minando o interesse do espectador em querer acompanhar o desenrolar da história. Por não optar focar no que realmente interessa, ele atira para todos os lados e acaba não acertando nenhum alvo com eficiência... Aliás, ele até anula possíveis acertos.
Não sendo de todo o mal, o filme tem alguns bons momentos (principalmente no que diz respeito a atuação do elenco, que está muito bem na tela e é formado pela trinca Bruce Willis, Samuel L. Jackson e James McAvoy), mas ainda sim, não consegue tirar tanto proveito deles porque investe muita energia em focos equivocados (por exemplo: qual a razão de supervalorizar o personagem Fera, quando existiam tantas outras personalidades a serem exploradas?).
Além disso, a falta de aprofundamento nas respectivas tramas incomoda bastante e nem de longe chega próximo da complexidade outrora já apresentada. Então, com um fio condutor fraco e razo demais nas mãos, não foi possível criar o choque tão esperado e isso fica mais do que claro com um terceiro ato apático que é o clímax de um roteiro pobremente desenvolvido em mais de 120 minutos.
Esteticamente bem produzido e bem editado (talvez o mais bem acabado da carreira do Shyamalan até então), isso não absolve a culpa pela insistência do filme em, praticamente a todo momento, tenta ousar mais do que deve. Enfim, faltou força, fôlego e ousadia para entregar algo mais desafiador e digno de "cair o queixo" (como em O Sexto Sentido por exemplo, que para mim, será sempre o melhor filme dele) e isso só demonstra que a "boa maré" do indiano parece, novamente, ter chegado ao fim.
Vidro não é tão ruim quanto eu fiz parecer (principalmente se você for fã do trabalho do Shyamalan, vale mesmo à pena conferir), mas é impossível falar que esse filme é bom depois do que as suas sequências anteriores apresentaram... É como se o diretor prometesse um mega churrasco e quando você chega para comer, só encontra-se uma mesa farta de pão de alho e farofa.
Parabéns, seu post foi selecionado para o BraZine! Obrigado pela contribuição!
Obrigado! ;)