#FILMOTECA# - "Can You Ever Forgive Me?" | "Poderia Me Perdoar?" (2018)

Sinopse: Uma escritora de biografias de celebridades não consegue mais ser publicada pois seu estilo saiu de moda. Para voltar às graças do público, ela começa a falsificar cartas de famosos.

Em algum momento de nossas vidas, todos nós iremos ter que enfrentar períodos complicados. Seja na vida pessoal ou na vida profissional (ou em ambos, ao mesmo tempo), a vida sempre encontra uma maneira de nos dar uma bela rasteira, não é? Mas cabe a nós ficarmos no chão ou levantarmos e nos reerguer. Poderia Me Perdoar? segue bem essa linha, mas anda por um caminho subversivo para fazer a protagonista voltar ao topo.

Fonte: Divulgação (Quad Cinema)

Tudo começa quando a jornalista Lee se vê mergulhada em dívidas e não consegue pagas contas triviais de uma vida adulta (como aluguel, água, luz e alimentação). A solução que ela encontra para resolver esse problema é algo extremamente arriscado: forjar (e vender) cartas de personalidades já falecidas. O roteiro é bem ágil em fazer com que o público entenda a gravidade da situação, e isso aumenta o ritmo da história... Que é muito bem conduzida e dirigida por Marielle Heller.

Fascinada por esse lado do mundo criminoso, ela logo consegue ganhar muito dinheiro e voltar ao jogo (mesmo tendo problemas com drogas e álcool). O prestígio tão sonhado por ela parece estar lhe dando tudo o que ela mais desejava: estabilidade financeira e reconhecimento pelo seu trabalho. Mas, ela logo percebe (quando as suspeitas sobre o seu novo negócio começam a surgir) que tudo o que vem fácil... Também vai embora do mesmo jeito.

Fonte: Divulgação (IndieWire)

Mergulhando cada vez mais fundo nessa ideia, Lee se vê em uma espécie de areia movediça. Quanto mais caminhos alternativos para resolver o problema (como alterar o sistema de falsificações ao roubar os textos originais dos arquivos de bibliotecas), novos maus lençóis ela encontra e vai se complicando ainda mais. Essa gradual complexidade ganha contornos cada vez mais desafiadores a medida em que a projeção avança.

O cenário para uma das jogadas criminosas mais famosas do mundo (que realmente aconteceu na vida real e o filme é baseado em muitas delas) está armado e as consequências dessa empreitada vão dos momentos mais irreverentes aos momentos mais dramáticos com uma sutileza de transição muito bem trabalhada, oferecendo ao telespectador uma aproximação real com a história que está se construindo na tela (e com isso, fazendo com que seja criada uma empatia automática pela "antagonista" da trama).

Fonte: Divulgação (Chicago Reader)

Melissa McCarthy é conhecida por seus papéis cômicos, mas ela tem um lado ainda meio desconhecido do grande público, que é o drama. Esse filme é uma ótima oportunidade na qual ela demonstra que pode ir muito além do que "apenas" fazer rir (algo que por si só não é tão fácil de ser feito) e conquistar a audiência com uma dramédia na medida certa. Com essa performance ela conseguiu (mais) uma indicação ao Oscar, na categoria de Melhor Atriz. Nada mais justo para uma das melhores atuações da carreira dela.

O elenco que trabalha junto com ela também é muito bom, com um destaque para Richard Grant, que junto a McCarthy presenteiam o público com uma química natural e que rende ótimos momentos durante praticamente todo o filme. Um personagem complementa as necessidades do outro de maneira consistente, tornando-os quase "dependentes" (em até certo ponto da trama).

Fonte: Divulgação (The Atlantic)

Poderia Me Perdoar? é uma ótima recomendação para quem gosta de filmes baseados em fatos reais que não optam pela implosão de grandes dramas (no sentido "pirotécnico" da situação). Há sim drama nesta história, mas a dosagem com o humor funciona tão bem que a experiência em assistir a esse filme é extremamente reconfortante... Uma ótima história, sem a sensação de ficar mal após o surgimento dos créditos finais.