#FILMOTECA# - "Árido Movie" (2006)

in #filmoteca6 years ago (edited)

Fonte: Divulgação (Filmes Cult)

Sinopse: Repórter de telejornal vai ao interior do Nordeste para enterro do pai. Na viagem, conhece cineasta que faz filme sobre a água do Nordeste e com quem se envolve. Quando chega à sua cidade natal, descobre que deverá vingar a morte do pai.

O estilo road movie não é bem o que se pode chamar de "habitual" no cinema brasileiro (eu particularmente não conheço, e não assisti muitos filmes com essa vibe... sendo este, um dos poucos exemplares), mas é eu sempre acho válido quando a galera se esforça em ir trilhando outros gêneros cinematográficos, e com isso, diversificando os tipos de narrativas (principalmente no mercado tupiniquim onde - ainda - há muita presença de drama e comédia).

Árido Movie foi uma tentativa interessante, mas não o suficiente para se tornar um exemplo a ser seguido.

Fonte: Divulgação (Diário do Nordeste)

O filme começa de uma maneira bem pensada, apresentando os personagens de uma forma quase que conectada em suas singularidades e evoluindo a narrativa (no que diz respeito a história como um todo). Um dos maiores benefícios de filmes road movie é a facilidade de trabalhar com cada personagem pelo fato deles serem poucos e acabarem tendo mais tempo para serem melhor desenvolvidos... Mas aqui, isso não acontece como deveria, e alguns personagens ficam apenas fazendo uma figuração desnecessária por um longo tempo até se tornarem relevantes.

Guilherme Weber e Giulia Gam carregam o filme nas costas, porque de longe, tanto os seus respectivos personagens (Jonas e Soledad) com as suas atuações são um capítulo à parte no decorrer do filme. Ambos se interconectam de uma maneira natural, tornando a relação deles - ainda que por um aspecto unicamente causal - crível aos olhos do público a ponto do mesmo se importar com qual será o destino deles. Quanto ao restante do elenco, a má separação dos núcleos (que posteriormente tentou ser consertada com a criação de um mix ineficiente) não convence e praticamente todos saem prejudicados.

Fonte: Divulgação (Diário do Nordeste)

Não há muita dinamização na história e o ritmo fica um pouco aquém do esperado (algo que fica ainda mais intenso e incômodo no terceiro ato - que por sinal, tem uma conclusão bem risível -, porque a impressão que o espectador tem é a de que o roteiro está andando em círculos, sem realmente saber para qual lado seguir). Um filme desse segmento consiste basicamente em ser formado por momentos (onde existem apenas alguns poucos que valem à pena), e infelizmente, é por isso que ele acaba sendo um filme que não entrega o que tenta vender durante toda a sua trajetória.

Dirigir não parece ser o forte de Lírio Ferreira, porque além da condução do filme ser um pouco cansativa (com nenhum acréscimo de novidade na apresentação de algum ponto específico), há vários momentos onde quase tudo parece ser desleixado demais (onde até os pontos mais fortes do filme acabam sendo mal explorados). Ferreira tinha um ótimo road movie em mãos (com potencial para ir muito além do que o público pode assistir), mas o que parece é que ele não sabia direito o que estava fazendo.

Fonte: Divulgação (Cinema, Sal e Tequila)

Visualmente, o ponto mais forte do filme é como a equipe de fotografia trabalha o cenário árido, mostrando toda a beleza que aquele local tão seco tem a oferecer aos olhos do espectador. São momentos quase todos em movimento (através de carros na estrada), mas que em meio a essa correria, conseguem criar algum impacto e é muito interessante poder constatar que locais assim possam ter tanta beleza escondida em seu interior, basta apenas saber como olhar para eles e tirar o melhor proveito disso.

O jogo de iluminação que é feito para focalizar de forma assertiva esses cenários também merece destaque, porque é um trabalho muito bem feito e que corrobora em uma linha perfeita ao trabalho fotográfico, tornando assim o melhor duo no aspecto técnico do filme. A edição de cenas ajuda de vez quando, mas existem mais erros do que acertos.

Fonte: Divulgação (Revista Trip)

Fazer um road movie funcionar requer muito cuidado no trato do roteiro (principalmente nos aspectos mínimos, que geralmente acabam ganhando muita força) e principalmente em como o mesmo será dirigido (porque é preciso saber como fazer pequenos momentos tornarem-se grandes)... Árido Movie tenta - e uma conferida nesse filme é válida - mas não chega lá.

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