#FAZENDO HISTÓRIA# - "LITERATURA DE CORDEL: Um patrimônio nacional."

in #fazendohistoria6 years ago (edited)

Folheto, Literatura Popular em Verso, Literatura de Cordel ou de maneira mais simplificada, o popular Cordel. Esse gênero tão famoso que compõe uma parte importante da Literatura teve os seus primeiros registros no século XII, na Europa. Países como Espanha, França e Itália foram pioneiros na divulgação desse tipo de manifestação discursiva que, tempos depois, iria se transformar em uma parte essencial da cultura popular.

A época do Renascimento foi marcada por fidelizar através do cordel uma impressão de relatos orais caracterizada pela forma rimada e ritmada, para uma possível impressão em folhetos. O nome dessa arte surgiu pela tradicional maneira em que os materiais eram expostos: pendurados em cordas, formando um varal de letras de diversas cores e desenhos.

Fonte: Divulgação (MEC)

No Brasil, em meados do século XVII, o cordel chegou pelas mãos dos Portugueses (ganhando força proeminente no século XIX, mais precisamente no interior nordestino), mas não trouxe consigo a popularização de pendurar os escritos (que passou a ser opcional). No entanto, manteve (e mantém até os dias atuais) a essência dessa forma de expressão.

Ilustrados através de xilogravuras (figuras que geralmente estão presentes nas capas), esses desenhos acabam sendo um atrativo a mais nesse tipo de arte, que demonstra uma rica habilidade em comunicar-se com seus leitores (não limitando-se apenas ao uso das letras e as combinações de palavras).

Fonte: Divulgação (Corujices)

Os autores dessas obras são chamados de cordelistas e podem divulgar os seus trabalhos através de versos em formas de melodia e cadenciada (podendo ou não ser acompanhados de instrumentos como viola) ou fazer leituras específicas ou animadas declamações como uma tática afim de conquistar os possíveis compradores.

No Brasil, alguns dos cordeslistas são: Téo Azevedo, José Alves Sobrinho, Manoel Monteiro, Guaipuan Vieira, Apolônio dos Santos, Firmino Teixeira do Amaral e Homero Rego Barros.

Dentre as temáticas mais utilizadas (porque não há limites para os tipos de assuntos que podem ser abordados... a imaginação é o limite), destacam-se: fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas, temas religiosos. Das referências onde houveram mais tiragens dos cordéis, estão as aventuras do cangaceiro mais famoso do Brasil, Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, 1900-1938) e o suicídio do presidente Getúlio Vargas (1883-1954).

Fonte: Divulgação (Cariri Cangaço)

Falando especificamente sobre a linguagem e sobre a composição de conteúdo, as principais características são:

  • Linguagem coloquial (que nada mais é do que uma linguagem "informal");
  • Uso de humor, ironia e sarcasmo (quanto mais apurado for esse senso, mais marcante será o trabalho);
  • Presença de métrica, rimas e oralidade (um obrigação para a construção desse tipo de expressão... então, a criatividade é fundamental).

Esse tipo de arte encontrou na criação da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (fundada em 07 de Setembro de 1988, com sede no Rio de Janeiro) o seu lar, porque houve uma reunião abrangente dos trabalhos que ganhavam cada vez mais notoriedade em terras tupiniquins.

Fonte: Divulgação (Pinterest)

Brasão da Acacemia.

No entanto, esse tipo de expressão popular ainda não era tão reconhecido da maneira que todos esperavam... Algo que só veio a acontecer hoje, dia 19 de Setembro de 2018, o dia em que o Cordel finalmente foi reconhecido - por unanimidade - pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural (órgão colegiado de decisão máxima do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN) como um dos patrimônios culturais imateriais do nosso país.

Estima-se que no Brasil existam cerca de 4.000 cordelistas ainda em atividade, perpetuando suas verdades e sentimentos sobre o mistério da vida e suas diversas nuances.

Sites (referências): ABLC / Cordel Paraíba / Figuras de Linguagens

Esse post é a minha quarta participação na reformulação do concurso #fazendohistoria, uma iniciativa de @leodelara.

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Haha, eu juro que pensava que a literatura de cordel era algo genuinamente brasileiro, que tinha sido criada aqui, como a capoeira, etc. Mas certamente o cordel feito aqui no Nordeste deve ter características e temáticas únicas. Quando leio, sempre parece que escuto a história ser cantada na minha mente no ritmo de uma embolada e com som de pandeiro ao fundo...

Toda vez que eu leio cordel eu sinto o mesmo que você... Sempre crio um ritmo, como se outra pessoa estivesse lendo para mim, haha!

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