Exército Brasileiro - Minha experiência na Infantaria - 19Bimtz - São Leopoldo - RS

in #exercito2 years ago

O ano de 2022 marca meus 30 anos de serviço militar e comecei a relembrar muitas coisas e, inclusive escrever muitas das minhas experiências que tive durante esse período. Minha experiência no Exército Brasileiro foi de início muito ruim pois omitiram várias possibilidades de cursos e carreiras que eu poderia ter.

Quando fui me alistar, eu estava com o segundo grau completo, entrando na Faculdade de Ciência da Computação. O pessoal da junta militar não me informou nada que eu poderia fazer um curso específico devido a minha escolaridade e continuaram o processo, me direcionando para um batalhão de infantaria (19 Bimtz - Batalhão da Serra) que fica em São Leopoldo, Rio Grande do Sul.

Mesmo assim fiquei e encarei a bronca de uma forma correta e honesta. Logo na na primeira semana tive alguns dos materiais como coturno e camiseta roubados pelos meus próprios colegas. Aqui começaram os problemas...

Por outro lado o capitão e comandante da companhia (em 1992 - Capitão Reis, hoje, Coronel Reis - na reserva) sempre insistia dizendo que éramos uma família e tínhamos que confiar totalmente um no outro. Que ironia. Eu sendo roubado na primeira semana e tendo que confiar em colegas ladrões. Resolvi não falar nada, e comprar com meu dinheiro as peças roubadas.

Em uma das intruções, aprendemos sobre a hierarquia dos postos no Exército. Quando estávamos no portão principal, e algum Tenente ou superior entrasse, deveríamos "apresentar armas", uma continência para quem está armado de fuzil.

Sobre essa lição, recebi uma única punição durante esse período de serviço militar, e que foi uma punição injusta. Um aluno de um curso de sargento entrou pelo portão e exigiu a continência "apresentar armas". Aleguei que isso era somente feito para Tententes e superiores. O babaca anotou meu número e relatou o acontecido ao Capitão Reis que me falou:

  • "Você me deixou em uma situação ruim, vou ter que te punir".

Isso aconteceu porque mesmo eu estando correto, um Major veio tomar satisfação do nosso comandante e ele teve que aplicar uma punição mesmo assim, para não ter suas promoções em risco. Parece que as intruções do Sr. Francisco de Assis Xavier Reis devem ser interpretadas assim: "Na prática, a teoria muda"

Depois desses dois episódios resolvi jogar o mesmo jogo que eles. É impossível de você lutar de frente e encarar as regras que eles fazem e dizem que são corretas, por isso comecei a jogar de forma diferente: "navegando pelo sistema mas não o confrontando".

Dessa forma, consegui contornar muitas coisas injustas que estavam acontecendo e tirar muita vantagem disso tudo. Muitos dos cursos disponíveis estavam liberados para quem tem segundo grau completo, bastando apenas fazer uma prova de seleção. Eu não fui informado sobre essas possibilidades e perdi a chance. Fui roubado. Fui punido injustamente.

O Capitão Francisco de Assis Xavier Reis deixou nossa companhia, dando lugar a um novo comandante. O Cap. Reis era muito voltado a relações políticas. Tropa não era o negócio dele. Estava alí por designação. Um excelente profissional, mas na área errada. Ele foi para a reserva como Assessor Parlamentar da 7a BDA de Infantaria Motorizada.

Após a saída do Cap. Reis, nosso novo comandante era muito intenso. O apelido dele era Rambo. Adorava exercícios de guerra, simulações de guerra, patrulhas, e tudo o que envolvia: manobras, tiros, etc. O cara era intenso! O capitão Schroeder (em 1992) era muito bom! Iamos direto para campos fazer manobras e simulações de ataques. Ele adorava isso. Eu comecei a gostar mais da experiência, mas, já estava na hora de eu ir embora. O grande Capitão Francisco Cândido Amaral Schroeder, me dispensou na primeira turma pelo excelente serviço que prestei. Como ele sempre gritava em nossos campos: "Viva a guerra!!!". Os campos eram sempre intensos e muito bons.

Então sai do serviço militar e.......

No final de minha experiência decidi que iria entrar na escola de administração do exército e já estava empolgado com a possibilidade de estudar como Segundo Tenente e sair Capitão na área da administração.

Nesse meio tempo, muitas coisas mudaram e minha Startup estava começando a bombar. Mesmo assim não queria desistir da possibilidade da carreira militar.

Conversando com uma amiga psicóloga, relatei tudo o que aconteceu no exército durante o serviço militar e do que eu estava pretendendo fazer agora - que seria a escola de administração do exército.

Expliquei também sobre minha Startup que estava começando a ter um crescimento muito expressivo.

Ela na hora me respondeu que eu estava querendo entrar na escola de administração do exército simplesmente para provar aos outros que eu era um oficial administrativo devido a todos os fatos ocorridos durante o serviço militar - eu estava usando isso como um alívio ou como uma resposta para mim mesmo nesse mesmo.

Isso não era o que eu gostaria de fazer, e sim uma prova para outras pessoas. Então desisti nesse momento da minha carreira militar.

Abandonei tudo e nem mesmo minhas roupas fui buscar.

Foquei exclusivamente na minha Startup que depois de 30 anos continua firme e forte. Em breve irei publicar um relato completo que é praticamente um e-book sobre minha experiência no serviço militar. Meu início na escola de administração do exército (antiga EsAEx)e minha desistência da carreira militar.

19bimtz-1a-cia-pantera-1992-francisco-de-assis-xavier-reis.jpg

Essa é uma foto da minha turma, com o então Capitão Francisco de Assis Xavier Reis - 1992, 19Bimtz.

Infelizmente, nossa turma não teve nenhuma foto com o Coronel Schroeder.

Naquela época, o comandante do batalhão era o Coronel Mário D'Avila Fernandes. O General do comando militar do sul era o Rubens Bayma Denys.

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