Ingressando na Polícia Militar de Minas Gerais, pt. 1

Boa noite, resolvi começar minha conta falando de algo que gosto bastante: o meu trabalho. E, nada melhor para começar do que o... começo.
Decidi ingressar na PMMG por influência de um irmão¹ mais velho, enquanto eu ainda era estudante do curso de Enfermagem da Faminas BH - curso no qual nunca me formei² - e, em 2015, no mês de março, para ser mais exato, meu sonho começou a se tornar realidade.
Meu irmão, militar há 9 anos, sempre atuou numa companhia repressiva num Batalhão em Belo Horizonte. As histórias dele, lá nos meados de 2010, ano que saí da Bahia para morar com ele, em MG, sempre me chamaram atenção e, a partir de um determinado momento, despertaram em mim a dúvida: nasci para ser enfermeiro ou para ser policial?
Nasci para ser policial, definitivamente! E, avançando um pouco, chegamos a 2015, que como eu já mencionei, foi o ano que o sonho começou a se concretizar. O edital foi lançado em março com prova prevista para início de agosto. Eu trabalhava como auxiliar de auditoria para uma administradora de shoppings centers, então a minha escala de 6h/dia foi fundamental para que eu pudesse estudar. E eu precisava estudar muito, afinal, a prova era nível ensino médio, e a essa altura eu já havia me formado há 6 anos! Não bastasse o longo tempo, o ensino no interior da Bahia não é lá dos melhores.
Decidi comprar um curso online, pois em um presencial eu não iria pegar tanto o assunto e iria gastar com passagens todos os dias. Foi o meu melhor investimento. Montei uma planilha de estudos no Excel e a seguia religiosamente. Fast forward na rotina de estudos, chegamos ao final de semana da prova, que iria ocorrer num domingo, 02/08/15. No sábado, dia 01, eu trabalhei até às 16h e, como o meu local de prova era bastante longe de onde eu morava, optei por alugar um quarto de hotel no centro de BH, para evitar dissabores. Não escolhi no bairro da prova por se tratar de um bairro periférico, não havia hotéis lá. Vale lembrar que nessa época eu não tinha veículo. Na verdade, nem CNH eu tinha, então essa não era uma opção.
Fiz check-in no hotel por volta das 19h, pois havia matado um tempo no serviço e passado num supermercado para comprar água e lanches para o tão esperado dia.
No domingo, acordei cedo e parti rumo à escola estadual que seria palco do dia mais importante da minha vida. Cheguei confiante, mas pé no chão. Eu sabia que estava preparado, mas que não havia nada definido. Assim que a entrada foi liberada, fui ao banheiro, depois procurei a minha sala e aí foi momento de concentração pré-prova.
A prova da PMMG é elaborada por banca própria - CRS - e era³ composta por 40 questões de diversas áreas afetas ao ensino médio - são elas Língua Portuguesa, Matemática, História do Brasil e Geografia -, além de conhecimentos básicos em informática, alguns artigos constitucionais e noções de direitos humanos, mais a redação.
Segundo o edital, para ser classificado e ter a redação corrigida, o candidato deve, no mínimo, acertar 60% das questões, ou seja, 24 acertos. Claro que essa é a nota mínima, pois para ter a redação corrigida, o candidato deve estar dentro da nota de corte (média das notas de todos os candidatos).
Fiz a prova em tempo médio e saí antes do aviso de que faltava 1 hora para o término. Estava bastante confiante e achei a prova fácil, talvez porque eu tivesse estudado bastante. Minha estimativa era de uns 30 acertos, e dificilmente uma nota dessas ficaria de fora das correções em Belo Horizonte, pelo menos para o sexo masculino. As notas de corte das mulheres sempre são mais altas, devido à alta concorrência e nível das candidatas, que têm direito a 10% das vagas. Chegando em casa, entrei em contato com o irmão do meu irmão⁴, que veio de Brasília exclusivamente para fazer a prova. Muita coisa nos nossos gabaritos bateram, e como ele dizia ter estudado muito também, fui dormir feliz aquela noite e tive bons sonhos.
Mas o pesadelo começaria na manhã seguinte... (continua).

¹Paulo (nome fictício), na verdade, é filho do meu padrasto no primeiro casamento, mas somos como verdadeiros irmãos!
²apesar de não ter colado grau, por dever matéria e o TCC, frequentei todos os 5 anos de curso, chegando, inclusive, a fazer o estágio obrigatório, de 1 ano.
³atualmente, para ingressar na PMMG, o candidato deve possuir formação em curso de nível superior ou equivalente reconhecido pelo MEC. O meu concurso foi o último nível médio.
⁴esse "irmão do irmão", por sua vez, é filho da mesma mãe do Paulo, no segundo casamento. Não temos contato.