A irreverência e curiosidade do "A sutil arte de ligar o foda-se"

Ultimamente, os livros de coaching estão cada vez mais comuns. Estão renovados, repaginados e com novas abordagens, inclusive de nomenclaturas, já que antigamente eram mais conhecidos como sendo de autoajuda.

De olho nessa tendência, nos últimos dois anos, tenho procurado ler alguns deles sem me preocupar com enfoques específicos, pelo contrário. Estar atenta a essas novidades editoriais, para mim, não quer dizer grandes coisas. Basicamente, gosto de acompanhar as críticas.

Alguns deles são verdadeiramente muito bons, por exemplo O Poder do Hábito como costumo citar com muita frequência. Diante de tantas opções ainda disponíveis para leitura, resolvi me aventurar no comentado “A Sutil Arte De Ligar o Foda-se”, de Mark Manson.

De uma versão com 163 páginas disponíveis, consegui ler até a 40ª. Isso porque não achei grande coisa no livro, apenas meramente interessante. O autor não consegue ir além da simples proposta do título para trazer metodologias novas, histórias fantásticas ou inspiradoras.

A parte boa é que, logo no início (página 24), ele deixa claro que essa não é a intenção.

“Este livro está pouco se fodendo para o alívio dos seus problemas ou da sua dor, e é exatamente por isso que você vai perceber que o que está escrito aqui é verdade. Este livro não é um guia para a grandeza — não poderia ser, porque a grandeza é apenas uma ilusão criada pela nossa mente, um destino fictício que nos obrigamos a buscar, nossa Atlântida psicológica.”

Nesse sentido, a proposta é mostrar que todos têm problemas, independente das condições físicas e financeiras. O que contrabalanceia eles é a decisão ou o poder de abstrair, desencanar ou no bom linguajar escolhido e conhecido por todos: “ligar o foda-se”.

No entanto, seja sutil nessa tarefa, ninguém vai querer ser indiferente a absolutamente tudo, porém é quase tudo, considerando que estamos frequentemente rodeados por pseudoproblemas ou dramatizações demais da vida. Quando estamos sem problemas, corremos atrás de um, reparem.

Considerando esse quadro imagético, o livro traz grandes exemplificações e também sugestões. Todas elas são acompanhadas pela certeza de que a plenitude pode ser uma ilusão. O melhor a fazer é o desprendimento de uma busca desenfreada por objetivos. A estratégia é ativar a lei do esforço invertido.

De diversas formas, os nove capítulos falam sobre o efeito da pressão negativa da busca obcecada pelo sucesso. A mensagem simplificada, além do sutil "foda-se", é não se sinta mal da próxima vez que abrir as redes sociais e ver tantos rostos e corpos felizes. Aquilo pode ser apenas uma grande "masturbação das good vibes", como sugere o autor nas suas declarações.

Refutando a ideia "simplista" de livro de autoajuda, a narrativa procura fugir dos padrões convencionais. Com uma abordagem renovada, menos eufórica e mais realista, o potencial de atração vem do título curioso e irreverente. A leitura é fácil e rápida.

Nome original: The Subtle Art of Not Giving a F*ck
Autor: Mark Manson
Páginas: 224
Editora: Intrínseca
Gênero: Autoajuda
Ano: 2017

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