Textos perdidos de uma neura passada

É uma linda manhã preguiçosa de domingo, acordo tarde, tomo café e decido parar um pouco para ler jornal ou revistas, pouco importa. O que me chama a atenção é a história naquelas páginas. É tão perfeita, revolucionária, parece que pincelaram ali em formas de letrinhas a minha ideia.

Um escrito tão maravilhoso daquele não merece ser jogado fora ou ficar ali perdido, desprotegido e mal tratado. Por isso, resolvo juntá-lo à minha pasta ou cantinho não tão organizado de textos memoráveis que merecem ser lidos e relidos no futuro com mais calma. Pronto, saio satisfeita das minhas horas ociosas de fim de semana.

Era mais ou menos assim que muitos de nós fazíamos no passado antes da internet. Hoje em dia, o processo mudou um pouquinho. Acordo, pouco importa o dia da semana, não necessariamente paro, leio os textos que chegam até a mim de alguma forma pelos sites que acesso. No meio de tantas opções, encontro a informação que merece respeito para ser arquivada em algumas das minhas opções de armazenamento.

Passados alguns anos, nunca mais vou reler nada. Isso porque terei outras prioridades e textos à disposição. Não é novidade que na era da informação é humanamente impossível ler tanta coisa.

Os meus textos perfeitos vão encontrar espaço na minha mente. Quando requerê-los, vou me lembrar de alguma partezinha importante. Para encontrá-los, basta colocar essa única lembrança no Google, em um clique aparecerá o que preciso.

Comigo vinha funcionando bem até ontem, quando tentei me relembrar de um texto que li em 2017 mais ou menos. Lembro-me que era uma coluna do Humberto Werneck que falava sobre escrever. Procurei de tudo que é jeito e nada. Pode ser que tenham tirado da rede ou simplesmente não me lembro o suficiente para os buscadores.

O mais engraçado é que na época pensei em guardar no meu computador ou celular. De qualquer forma seria inútil, é muito provável que teria perdido do mesmo jeito seja pelas formatações ou troca de aparelhos. Outras formas de armazenamento, como pen drive ou e-mail já não são uma saída faz tempo.

Enfim, o melhor é deixar para o passado o que lhe pertence. Os textos que merecerem ser consultados de novo, chegaremos até eles inexplicavelmente, de uma forma ou de outra.