#BIBLIOTECA# - "Paper Towns" | "Cidades de Papel" (2008)

in #biblioteca6 years ago (edited)

Uma relação de amizade que evolui para "algo a mais" é sempre um desafio. Embora pareça ser um sentimento mais fácil de ser "administrado" (porque a própria relação de amizade oferece elementos facilitadores para isso, como as afinidades ou gostos semelhantes), existem muitos obstáculos ao longo do caminho que acabam colocando em xeque essa decisão de transformar a amizade em amor (na verdade, um tipo de diferente de amor... já que a amizade em si é, também, uma forma de amar).

Fonte: Divulgação (The Lance)

Nesta nova aventura de John Green, é o adolescente Quentin quem se vê em uma situação semelhante. Ele é apaixonado por sua amiga de infância, Margo. Ambos estão no último ano escolar, e após já terem vivenciado tantas aventuras (algo que fortaleceu ainda mais a relação de cumplicidade), ele sente que é chegada a hora de finalmente se declarar para a jovem. Mas no exato dia em que pretende fazer isso, Margo simplesmente desaparece e deixa Quentin sem saber o que pensar... Mas tudo muda quando ele encontra pistas sobre o paradeiro dela (um passo-a-passo deixado pela própria Margo sobre como encontrá-la) e decide, junto com alguns amigos, embarcar nessa jornada.

Inicia-se então uma busca muito bem humorada (embora nem todas as piadas funcionem 100% como deveriam) e repleta de altos e baixos, gerando um mix de situações bem variados que provocam no leitor, uma auto crítica que orbita envolto a uma pergunta muito pertinente: Como eu estou vivendo a minha vida?. São vários os momentos espalhados pelas páginas onde é preciso parar, pensar e refletir sobre isso.

Utilizando um conjunto de personagens meio caricato (mas que em nada prejudica o interesse pela leitura por serem carismáticos e bem desenvolvidos dentro das suas possibilidades), existe uma intenção muito boa do autor em demonstrar através deles, a união que move as verdadeiras amizades e a força que um determinado tipo de sentimento (nesse caso, o amor... em sua forma ainda meio imatura) é capaz de exercer sob que o sente.

A narrativa tem um ritmo um pouco lento e às vezes a trajetória fica meio maçante, mas o desenvolvimento vale muito à pena porque o leitor consegue visualizar os personagens crescendo diante das páginas de uma maneira orgânica e cheia de veracidade. Alternando entre momentos cômicos e dramáticos, há um viés investigativo que envolve todos os núcleos do livro em situações onde é preciso lidar com a ansiedade, e principalmente as frustrações geradas em relação as "cidades de papel".

Indo um pouco mais além do trivial - que apesar de clichê, já seria o suficiente para um bom resultado -, a experiência de ler esse livro propicia ao público uma perspectiva muito interessante sobre amadurecimento pessoal (mais especificamente a transição entre a adolescência e o início da fase adulta) e principalmente sobre como até as pessoas mais "endeusadas" (seja lá por qual motivo for) são apenas... Pessoas.

O livro tenta deixar claro que isso não é errado (afinal, uma pessoa sempre acaba sendo motivo de admiração/inspiração para outra pessoa)... Mas em contrapartida, desenha um panorama muito eficiente que deixa como lição fundamental a seguinte ideia: Sem amor próprio e uma mente preparada para desencontros, não é possível chegar muito longe nesse jogo chamado "vida".

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