#BIBLIOTECA# - "Mr. Murder" | "Sr. Assassino" (1993)
Marty Stillwater tem o trabalho que sempre sonhou: escrever livros de mistério e se consolidar na carreira, obtendo o sucesso esperado. Além disso, tem aquela família que considera perfeita, composta pela esposa e por duas filhas lindas.
Ele definitivamente não tinha o direito de reclamar de nada... Quer dizer, isso até o dia em que um estranho invade a sua casa e profere a seguinte sentença: "Você roubou minha mulher, minha vida e minhas filhas. Eu quero tudo de volta.". O motivo dessa "agressão" é que o tal estranho alega ser o verdadeiro Stillwater e prometeu eliminar o escritor, reaver a família e - de maneira geral - a vida que lhe pertence. A partir daí, sem o apoio da polícia, segue-se uma fuga alucinada da família Stillwater pela sobrevivência.
Se você gosta de uma leitura baseada no efeito Doppelganger, pode ficar atento a esse livro porque o escritor Dean Koontz soube trabalhar com esse artifício com uma eficiência invejável. Apesar do tema já ter sido abordado em outros livros, há uma riqueza de detalhes presentes aqui que torna a escrita de Koontz mais fluida no entendimento da narrativa (principalmente quando você consegue perceber os pequenos detalhes nas entrelinhas espalhadas pelas páginas) e isso faz com que a trama torne-se ainda mais instigante.
A medida em que o leitor avança na leitura, nota-se rapidamente o cuidado com o qual a história foi escrita. Não demora muito para quem está lendo se sentir na história (a essa altura, o leitor já comprou a narrativa por completo e passa a se interessar por todos os passos dos personagens como se também fosse uma parte integrante do livro) e embarcar em uma aventura que mistura elementos de suspense com algumas doses de horror psicológico.
Os embates que existem entre o verdadeiro e o falso Marty rendem ótimos momentos de tensão e esse clima mórbido que sempre fica orbitando os personagens garante uma atenção a mais por parte do público (que passa a ficar cada vez mais curioso pelo que esta por vir). Vale mencionar que alguns personagens secundários como por exemplo, as duas filhas (Charlotte e Emily) - que são uma mistura de inocência e criatividade, revelando-se "pequenas adultas" em suas atitudes - roubam várias cenas e conquistam boa parte dos leitores.
Inicialmente, as demais interações entre os personagens existem, mas não são tão fortes (embora isso melhore um pouco mais adiante). Bem como o perfil característico dos personagens, que por vezes são razos, mas conseguem cumprir os seus respectivos papéis para que a trama siga de pé por eles tem sua natureza alguns traços bem marcantes. Porém, há um amadurecimento em suas ações que muda a perspectiva sobre eles, mas eles de fato, nunca engrenam tanto quanto poderiam (ou deveriam).
Não bastasse essa busca para eliminar o falsário, e o drama vivenciado pela família, o livro ainda insere um terceiro prisma: uma agência misteriosa que tem influência (e recursos financeiros) o suficiente para fazer a mídia nacional trabalhar a favor dela. Dessa forma, os responsáveis pela agência (na qual Stillwater trabalha mas que agora se vê "pisando em ovos" por ter um de seus autores envolvidos nessa situação tão peculiar) conseguem ocultar os diversos segredos que existem e que podiam arruiná-los.
Tudo é bem costuradinho. As tramas se encaixam e ainda que hajam alguns exageros aqui e ali, não há como ignorar o quão interessante esse livro é. Algumas surpresas espalhadas ao longo do caminho garantem ainda mais mistérios e reviravoltas que são regadas à base de cenas de suspense que fazem o leitor parar e tomar um pouco de fôlego... Principalmente porque é o tipo de leitura que mexe muito com a mente, obrigando a quem estiver lendo, criar conexões para poder solucionar os mistérios antes que chega a última página.