“Fahrenheit 451” questiona felicidade e liberdade de expressão

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“Não se esqueçam disso: somos homens sem importância. Sim, somos insignificantes. Talvez, um dia, o fardo que transportamos possa ser útil a alguém. Nas semanas, nos meses, nos anos que virão, iremos encontrar muito gente abandonada, muita gente solitária. E se nos perguntarem: “o que fazemos?” Podemos responder: "nós, nos lembramos!”


Não sei exatamente o que sente ao terminar de ler essa frase. Particularmente, a vejo cheia de significados, além de tocante. Ela foi retirada do livro Fahrenheit 451, uma distopia de Ray Bradbury ou como muitos preferem classificar um romance realista.

Publicado em 1953, a narrativa apresenta um futuro onde todos os livros são proibidos como uma forma de suprimir o pensamento crítico e ideias contrárias ou perturbadoras da ordem. Dessa forma, os bombeiros que antes apagavam fogos, agora são os responsáveis pelas chamas nas casas à prova de combustão. Eles incineram todo e qualquer vestígio de papel desnecessário. O número 451 refere-se a temperatura em graus Fahrenheit da queima do papel, equivalente a 233 graus Celsius.

Ao longo de todos esses anos, a história e seu contexto em que estava ou está agora inserida permitem várias interpretações sobre a supressão de ideias. Diferentemente de outras distopias antecedentes, o autor não foca em um regime totalitário, mas em uma espécie de servidão voluntária como se um ressentimento geral fosse capaz de produzir os “bombeiros”, uma corporação que tem o aval da população.

“Os bombeiros raramente são necessários. O próprio público deixou de ler por decisão própria. Vocês, bombeiros, de vez em quando garantem um circo no qual multidões se juntam para ver a bela chama de prédios incendiados, mas, na verdade, é um espetáculo secundário, e dificilmente necessário para manter a ordem. São muitos poucos os que ainda querem ser rebeldes.”


A falta de letargia de alguns faz com o que protagonista, o bombeiro Montag se pergunte sobre o fascínio que as páginas impressas podem exercer sobre algumas pessoas. Para ajudar a compor seus questionamentos, ele tem a influência dos pensamentos de Clarisse, uma jovem totalmente fora de contexto daquela sociedade alienada, sem sonhos e lembranças.

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Michael B. Jordan (Pantera Negra, Creed) e Michael Shannon (Capitão Beatty, chefe de Montag e do corpo de bombeiros) em cena (Foto: Divulgação/IMDb)

Segundo o autor, a primeira versão do livro foi escrita em nove dias nos porões da biblioteca Powell, na Universidade da Califórnia, em uma máquina de escrever alugada. Ele tinha pressa, pois não tinha dinheiro suficiente para arcar com os gastos da locação, e na sua casa era impossível se concentrar tendo filhas pequenas. Ao escrever o romance, a intenção também era mostrar seu grande amor por livros e bibliotecas.

A obra conta com duas adaptações para os cinemas, a primeira de 1966 e, recentemente, outra deste ano produzida pela HBO. Assisti a nova versão, achei bem aquém do livro.


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O livro e filme estão na minha lista!Ótimo, sempre bom ler distopias e analisar as reflexões que elas nos trazem.

Sucesso sempre!

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Espero que goste! Para ti tb!

Se puder, assista a primeira versão de 1966. Eu a assisti na época (sou bem velhinho) e me lembro de muitas partes até hoje. Talvez pelo fato que tinha lido o livro de Bradbury algum tempo antes...

Vou tentar, sim! Obrigada pela indicação!

Já assisti o filme, não lembrava que era tão antigo: 1966, pois a temática é muito moderna. Nunca li o livro mas gosto muito deste filme. Não só os livros mas toda forma de arte era proibida. Tem uma cena em que o protagonista escuta pela primeira vez a nona sinfonia de Beethoven que é fantástica.

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Essa temática é boa, pq faz refletirmos bastante sobre o que temos as mãos. Proibir é sempre visto de uma forma negativa, mas a proibição pode ser apenas uma escolha, nela, pode existir felicidade. A questão é ver se isso será bom a longo prazo e os possíveis impactos disso. Tudo bem complexo! Vou ver se assisto o filme mais antigo tb!

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