"Deus é Deus, não é ser humano". Ouvi essa frase há muitos anos, não lembro o nome do padre que me falou isso. Essa frase é realmente marcante e ela nos transmite a mensagem de que Deus é bastante diferente em tudo de nós, mesquinhos, fracos e corruptíveis, seres humanos.
Deus não é como nós, um ser que revida, não é vingativo, não "devolve na mesma moeda", como nós. Ele é superior a tudo isso.
Deus é amor, compaixão e misericórdia, mas claro, é também justiça. Ele é justo e sua justiça é implacável, corretiva e impossível a qualquer ser não ser ter retidão e mudar o seu caminho, depois de uma correção exemplar de Deus. É mais ou menos isso o que vêm acontecendo comigo atualmente...tenho vivenciado muito a justiça de Deus em minha vida e aos poucos estou mudando a forma como levo a minha vida.
Sou cristão católico e sempre fui mais cristão e mais católico, não no sentido espiritual, emocional, de ir às missas todos os domingos, rezar o terço todos os dias ou participar das ações sociais da Igreja. Sempre me mantive reservado, longe de tudo isso, reservando a minha devoção de fé mais no estudo dela. Uma fé baseada mais na razão, do que na emoção. Escolhi viver a minha fé cristã e católica mais no meio dos livros de teologia, filosofia e nos estudos da história da Igreja.
Essa forma mais "acadêmica" de viver a minha fé cristã, me trouxe vários benefícios intelectuais, pois, quanto mais eu conhecia a minha fé, mais eu quis fazer parte dela e não dei mais espaço na minha mente para dúvidas, dúvidas e ponderamentos que muitos que não são cristãos tem para questionar, por exemplo, a fé católica.
Deus existe? Jesus existiu? Maria existiu? Se Jesus era humano, porquê não encontraram o corpo dele quando ele morreu na cruz? Católicos adoram imagens? Católicos adoram Maria? Porque os padres têm que viver o celibato? O Vaticano tem riquezas? O papa é milionário? O trono do Papa é de ouro?
Todas essas perguntas que o mundo faz, para mim, já são questões superadas, estudadas e compreendidas. As respostas encontrei e dúvidas da minha fé, já não as tenho. Tenho, de certa forma, uma fé madura, intelectualmente falando.
Mas estudando, também li que "a fé sem obras, é morta". Não adianta eu ter "me afundado" nos livros de teologia, filosofia, cristologia, mariologia e história da Igreja, se eu não vivo a minha fé espiritualmente, se eu não rezo, se eu não pratico nenhum penitência espiritual, nenhuma obra de caridade.
A conta por todo esse "desleixo" pelo espiritual veio e da pior forma possível, que foi eu ter me afundado numa série de dificuldades (profissionais, pessoais e financeiras), nas quais hoje somente com muita fé e oração, conseguirei superá-las.
O meu momento hoje não é dos bons. Vários obstáculos surgiram no meu caminho e somente com muita oração, muita entrega humilde à Deus dos meus problemas e aflições, conseguirei sair dessas dificuldades.
"Ora et labora", "Reza e trabalha", era o lema de São Bento e estou colocando mais do que nunca esse seu lema como o lema da minha vida.
Deus é amor, Deus é compaixão, Deus é misericórdia, mas, Deus também é justiça. Não uma justiça vingativa, mas uma justiça corretiva e que nos faz amadurecer, ver onde estamos errando e onde podemos consertar.
Com certeza, sairei outra pessoa depois de superar essas dificuldades e que Deus, me abençoe e abençoe a todos nós.
Cúpula da Basílica de Nossa Senhora da Penha, Recife.
Foto: Jammerson Santana
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