O que é Dinheiro? - Breve História da Moeda - Parte 2

Com o passar do tempo, a confiança entre as pessoas que compunham o mercado foi aumentando, assim como o nível de abstração destes bens universais de troca. Por esta época já era comum a utilização de metais para a fabricação de diversos utensílios e equipamentos, e logo os metais começaram a ser também cunhados em uma espécie arcaica de moeda para substituírem as “mercadorias moedas” (como o sal, que mencionamos no artigo anterior) que por serem perecíveis não podiam ser armazenadas por longos períodos.

Para garantir a qualidade das moedas, os reis passaram a ser responsáveis pela cunhagem. Intensificando ainda mais a confiança entre os comerciantes para as utilizar em larga escala trocando mercadorias entre si. Isto só foi possível devido a obediência dos indivíduos à instituição de poder por trás da produção das moedas que garantia a qualidade e a produção das moedas em si.

Logo começou a ser viável acumular uma grande quantidade de moedas, e quem às possuía passou à depositá-las em certas casas, que emitiam um certificado comprovando a posse de tal quantidade armazenada. Com estes certificados era possível depois resgatá-las, e assim, conforme o tempo foi passando, cada vez mais se utilizava menos as moedas em si e mais os certificados em papel. E foi assim que surgiram as primeiras cédulas e os primeiros bancos.

Em pouco tempo, provavelmente depois de terem ocorrido as primeiras fraudes financeiras da história, surgiu a fiscalização do governo, que ficava encarregada de averiguar se as casas ou bancos mantinham de fato, aquela quantidade de metal e moedas estocados. A quantidade de metal deveria ser exatamente equivalente ao valor descrito nos papéis ou certificados que eles haviam emitido.

É por isto que se dizia que o dinheiro era lastreado. Pois existia o ouro físico realmente armazenado nas antigas casas da moeda, como garantia, e que era o lastro do valor que estava circulando em forma de papel moeda. Daí a expressão: padrão ouro.

Ocorre que cada vez menos as pessoas exigiam a retirada física deste metal, já que a maioria das transações podiam ser concluídas através da troca de papel moeda. Notou-se que não era necessário ter todo aquele enorme estoque de ouro guardado, e que dificilmente muita gente tentaria saca-lo ao mesmo tempo. Sendo assim percebeu-se que a confiança não estava exatamente no ouro, mas em saber que existia um Estado por trás garantindo o lastro.

Em resumo: a partir deste ponto a consequência foi que aos poucos, após várias etapas, fomos evoluindo para a abolição do padrão ouro. E hoje a emissão de moeda é definida por instituições vinculadas ao Governo, como o Conselho Monetário e Banco Central que atuam controlando a quantidade de dinheiro que existe em circulação.

O próximo passo foi a sociedade passar a utilizar cada vez menos o papel moeda substituindo-o por transferências bancárias eletrônicas, cartões de crédito, etc. Até chegarmos ao advento da criação do Bitcoin e das primeiras moedas digitais, e que será o tema do próximo artigo.

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