O que é Dinheiro? - Breve História da Moeda - Parte 1

Desde o auge do Bitcoin no ano passado muita gente começou a investir em criptomoedas, mas a grande maioria o fez sem nenhum conhecimento, e sim seguindo o chamado “efeito manada”. Muitos já foram expulsos do mercado e perderam grande parte do que investiram. Uma das principais razões deste insucesso é justamente a falta de preparação teórica.

É compreensível que não se entenda bem o funcionamento de uma moeda digital, por ser uma tecnologia recente e inovadora. No entanto as raízes da ignorância são mais profundas e sentimos certa perplexidade, quando constatamos que até mesmo economistas de renome e figuras famosas no mercado financeiro, nem sequer conhecem satisfatoriamente o conceito de dinheiro ou moeda. Tendo em vista esta situação, me veio a motivação para escrever esta série de artigos.

O conceito de dinheiro ou moeda atualmente é completamente abstrato, é muito mais uma ideia do valor propriamente dito, do que algo real. Para perceber isto basta pegar uma nota de 2 reais, uma nota de 100 reais e uma nota de 100 dólares, elas são três pedaços de papel, cada um com um número diferente escrito. São até bonitinhas, impressas com detalhes anti-falsificação, etc.

Mas elas nada mais são do que 3 pedaços de papel. Então o que faz com que uma nota de 100 dólares possa comprar uma coisa que uma nota de 2 reais não compra? Por que se atribui um valor maior para uma nota na qual está escrito 100 dólares? As notas são emitidas na chamada: Casa da Moeda, uma foi feita no banco central brasileiro e a outra no banco central norte americano, mas não é somente por isto que o dólar vale mais. Para compreender, vamos precisar voltar bastante no tempo e pedir auxílio à História.

Assim que a sociedade humana começou a evoluir e se desenvolver, tornando-se mais complexa e organizada, a quantidade e variedade de produção de matérias primas(por exemplo; especiarias) cresceu muito, atingindo um ponto no qual se tornou ineficiente o escambo. As mercadorias sempre precisavam ser trocadas umas pelas outras e cada vez ficava mais complicado e difícil fazer tal conversão, e atribuir medidas de valor entre elas.

Um produtor se especializava em trigo, o outro em arroz, outro em leite, sal, etc. Além disto as condições climáticas que sempre influenciaram as safras de cada produto acabavam levando à diferenças no nível de produção de cada um deles dependendo da época do ano. Na prática ficava cada vez mais impossível definir uma relação adequada para a comercialização por meio de troca simples.

Portanto desde tempos imemoriais os grupos sociais começaram a adotar, diante desta necessidade, alguns produtos que servissem como uma marcação universal de medida de valor. Normalmente eram produtos de grande utilidade e pouco perecíveis, como alguns grãos, sal e até cabeças de gado.

Logo, quando alguém naquela época prestava algum serviço ou executava um trabalho, era comum ser remunerado com um destes produtos, e em troca da força de trabalho recebia uma quantidade de sal, ou cabeças de gado etc. Que ela poderia utilizar uma parte para si mesma, mas principalmente, graças a ampla aceitação, ela poderia trocar por algum outro bem. Ou até mesmo armazenar por um tempo. Assim estas mercadorias começaram a se transformar em uma espécie de “mercadoria moeda” e é daí que temos a origem da palavra salário, que vem de quando o trabalho era pago com uma quantidade de sal.

No próximo artigo vamos falar do nascimento das primeiras moedas em metal, e dos mecanismos que possibilitaram o surgimento dos bancos, dos certificados bancários, do papel moeda e sua evolução para o dinheiro eletrônico e que culminou no advento das moedas digitais.

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