A sociedade está enloquecendo e os filmes não podem ser culpados por isso.

Ontem eu fui assistir novamente ao excelente Coringa nos cinemas e confesso que fiquei muito impressionado com a reação do público que estava presente na minha sessão (a última da noite e que, supostamente, deveria ser a mais adulta). Não foi algo inédito, mas realmente atípico e sombrio em sua intensidade. Foi como se quase o cinema inteiro estivesse sendo abduzido por alguma coisa inominável (tamanha foi a estranheza da situação).

A julgar pela reação (e pelos comentários / gritos de protesto em voz alta) de muitas pessoas durante a exibição do filme, era quase uma unanimidade entre eles que o filme não passava de uma mera desculpa (com licença narrativa poética) para incitar o caos e a violência de uma forma visivelmente disfarçada de arte, com apelo cult.

Então, fica a pergunta: Qual a razão disso?

Eu não sei se essas pessoas assistiram ao mesmo filme que eu, ou se elas estavam apenas procurando uma espécie de bode expiatório para despejar as suas frustrações (sejam elas de cunho pessoal, político ou social). No entanto, não há como negar... Há algo de muito errado com essa maneira de pensar e principalmente no tipo de correlação que se estabelece dentro desse esquisito parâmetro.

Não faço referência a questão do filme ser bom ou não (isso é algo totalmente relativo porque está intrinsecamente ligado a uma questão pessoal... e isso é algo que não de pode discutir), mas sim, ao fato de ver tantas pessoas interpretando não apenas esse filme (porque eu já vi isso acontecer outra vezes, com outros filmes) mas o Cinema de forma geral como um fio condutor para desencadear reações ruins.

Os filmes são os produtos gerados pela Sétima Arte e devem ser compreendidos como manifestos artísticos que apesar de exercerem influência na vida fora das relas, não são (pelo menos de uma forma direta) responsáveis pelas ações de cada ser humano. Muito menos, podem ser utilizados como uma válvula de escape para transferir a culpa dos acontecimentos dos verdadeiros culpados (e só não vou comentar sobre isso aqui para não desviar o foco do post).

Cada ser humano é um indivíduo único e todos tem as suas próprias particularidades... Sendo assim, cada filme exerce um tipo de influência em cada um deles. Mas, nenhum filme por mais impactante que seja, tem o poder de causar tanta transformação pessoal na sociedade ao ponto de criar uma revolução.

Existe uma cena no filme Pânico 2 (link abaixo) que ilustra bem o que eu gostaria de pontuar com esse post porque ela ataca exatamente a raiz do que seria o problema visto por estas pessoas que gostam de culpar os filmes pelas ações praticadas pelas pessoas no mundo real.

"A vida imita a arte... Ou, a arte imita a vida." - Certamente muitos de vocês já leram isso em algum livro ou viu em algum filme / série de TV, e de fato, é uma verdade. Em contrapartida, existem barreiras claras entre as realidades que diferem esses dois campos (que por sinal, são bem distintos entre si) e é justamente sobre isso que as pessoas deveriam começar a refletir melhor e mudar esses tipos de pensamentos.

Eu até concordo com o fato de que alguns filmes podem servir como um trampolim para alguma mudança pontual em cada pessoa (a depender da personalidade de cada uma delas). Porém, enxergo isso apenas em aspectos específicos que apenas estão esperando um empurrão para serem modificados... Mas ainda sim, isso não justifica essa deturpação que, ao que parece, está se tornando bem comum ao comparar o Cinema com uma nova forma de "doutrinação".

Você já parou para pensar sobre isso?