A lição que uma porta-bandeira e um mestre-sala me deram [reflexão]

in #pt6 years ago (edited)

Ontem(sábado), ao voltar para casa depois de uma oficina sobre futuro da internet que abordou estrutura e legislação, ao olhar para a area de lazer e esporte do bairro onde vivo, notei algo diferente. Uma porta-bandeira e um mestre-sala dançavam com roupas simples e um pavilhão, entre crianças e skatistas.

Essa ação me chamou atenção na hora, atravessei a rua, cheguei mais perto, observei, e ao observar, tanto a beleza que enxerguei da diversidade do momento e dos movimentos da dançarina e do dançarino, quanto as lições que me vieram na hora, me emocionaram.

Infelizmente no Brasil, cultura no geral é algo geralmente ignorado e tratado com ignorância, e certos setores são mais desmerecidos do que deveriam. O samba é um desses setores. Tem quem possa argumentar que isso é mentira pois a mídia sempre dá cobertura para o carnaval, são dias e dias de transmissão, etc. Só que muita gente não sabe é que para determinadas comunidades, o samba é bem maior do que a época do carnaval.

As escolas e agremiações são locais de reunião para idosos, adultos e jovens, são locais para festas, para diversão, para aprendizado. E para escolas e agremiações iniciantes nessa área, a coisa complica. Falta quadras, falta espaço, falta recursos, falta apoio.

Ronaldinho e Juliana entre crianças e skatistas

Refletir sobre tudo isso, e vendo o ensaio daquelas 2 pessoas num local não exatamente propício, fez-me refletir, sobre amar algo tanto, que qualquer lugar é lugar, qualquer momento é momento para fazer esse algo, sobre se preparar para algo, mesmo meses antes do normal, treinar enquanto em muitas escolas e agremiações famosas, nada disso ainda está sendo feito.

Refleti sobre tudo isso, sobre acesso, sobre oportunidades, fiz algumas fotos e um rápido vídeo e por estar cansado e segurando algumas coisas na mão, fui para casa, porém, ao chegar, resolvi deixar as coisas e voltar, para ver qual era a realidade da situação, não ficar somente nas minhas reflexões e impressões. E foi bom ter voltado.

Quando voltei, o mestre-sala estava sentado, enquanto a porta-bandeira dançava com uma menina, sentei perto do mestre-sala, cumprimentei-o e comecei a conversar.

Descobri que o nome dele é Ronaldo, Ronaldinho para quem é do meio, que ele junto com algumas outras pessoas era o fundador do Grêmio Recreativo Escola de Samba Império Real, uma escola fundada em 2016 na região da zona sul de São Paulo, descobri que o nome da porta-bandeira é Juliana, uma moça casada, com filhos, apaixonada pelo samba, paixão que notei ser evidente ao vê-la dançar anteriormente e ao observar ela ensinando a menina.

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Ronaldinho me contou que tem mais de 60 anos, o que não parecia, que já fundou mais 2 escolas, a Império da Casa Verde e a Barroca Zona Sul durante os seus mais de 40 anos no samba, me contou também que era de um bairro bem distante do nosso, apesar de estar na mesma região, chamado Jardim Miriam, que fica a aproximadamente meia hora de carro e 1 hora de transporte público.

Falou de sua paixão pelo samba, de sua paixão por ensinar, que já tinha feito diversos projetos para educar dezenas de casais infanto-juvenis de mestres-sala e porta-bandeira. Me disse que atualmente o estandarte não é mais nomeado bandeira e sim pavilhão, para evitar comparações com bandeiras de outras organizações, falou que pretende voltar a fazer mais treinos na região, tanto por no momento a agremiação não possuir uma quadra, tanto quanto para ensinar as crianças do bairro.

Enfim, conversamos sobre algumas outras questões que não vem ao caso, e por ter outro compromisso na parte da noite e estar precisando de um bom banho e um pouco de descanso antes de sair novamente, não me estendi, pedi permissão para compartilhar a história e ficamos de conversar novamente.

Para quem tiver interesse, segue o link do vídeo rápido que fiz:


(tenho que aprender a embedar vídeo do d.tube aqui)

Ter visto isso, e tomado a decisão de voltar e conversar, completou e fez valer o meu fim de semana, me ensinou e tem me ensinado muito, quanto mais eu reflito e rememoro a conversa, e apesar de ter em mente outras pautas para esse fim de semana, decidi falar sobre isso para que possa servir de inspiração para alguém.

Escrevo também para deixar registrado que mesmo no caos da cidade e da nossa sociedade, tem quem dança, tem quem ri, tem quem ama e tem paixão, tem quem compartilha alegria e conhecimento, tem quem cuida, e isso pode se expandir mais e mais.

E você? O que te alegra? Pelo que você tem paixão?

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Ler esse post me fez lembrar que o Carnaval é uma das festas brasileiras que eu não dou a mínima importância... Porém, tenho muita vontade de assistir aos desfiles das escolas de samba na avenida (e não apenas pela TV, haha).

Não ligo muito pro carnaval também não, mas gosto de desfiles, são legais, também curto uma bateria bem organizada, ou um sambinha e uma feijuca rodeado com gente que gosto!! Grato pelo comentário!!!

Parabéns, seu post foi selecionado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!

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