Prelúdio de Um Percurso Sobre o Pensamento Humano

in #pt5 years ago (edited)


Imagem Ilustrativa - Fonte Pixabay


Boa tarde!

Na segunda irei começar uma narrativa sobre minha interpretação do pensamento humano. Venho construindo há algum tempo, em um exercício de síntese, caminhando em algumas perspectivas do conhecimento humano.

Espero seguir desde os alicerces que estruturam as correntes de pensamento que repercutem nos tempos atuais.

Tentarei transmitir alguns desses conteúdo estando sempre atrelado a função desse conhecimento a nossa espécie, e claro minha função.

Já venho postando sobre alguns desses temas, com diferentes formas e abordagens. Treinando formas de escrever em hipertexto. Não é fácil, ainda mais de forma pública e em uma blockchain.

Não tinha esse costume, acho bem difícil escrever online nesse ritmo, pela pouca disponibilidade de tempo e preparo dos posts. É um desafio tanto organizar as ideias quanto corrigir ortografias em hipertextos, que por vezes na construção dos textos saem uma bagunça. Criei até o costume de ir corrigindo ao longo da semana.

Diferente da escrita em papel que segue um fio de pensamento mais linear e encadeado. Um aspecto estranho e interessante a se refletir também.

Além da dificuldade de encontrar uma linguagem que não seja muito distante das utilizadas em algumas teorias, ao mesmo tempo que não distancie das mesmas.

Acredito ser importante trazer essas linguagens para maior conhecimento dos termos corretos, muitos desses utilizados na cultura. Por vezes há quem tenha interesse em buscar entender melhor esses conceitos, hoje em dia temos a oportunidade de encontrar muito material no espaço virtual online.

É interessante conhecer esses conceitos em seus contextos, diante da confusão dos significados misturados linguagens hoje existentes.

Faço isso partindo do princípio que a sobrevivência depende da prática do discurso do conhecimento humano sobre os humanos, para fins de benefício do social, ou seja, que talvez ao conhecer termos e teorias que estudam o ser humano, conhecer melhor nossa mente, e aprender a finalidade desse conhecimento de servir ao ser humano, desde o individual ao social, vem a ser uma necessidade do nosso tempo.

Entender o que Nobre de Melo nos ensina quando discorre sobre a estrutura da afetividade com os mais nobres sentimentos da alma humana, o altruísmo, proveniente do amadurecimento emocional.

Ainda não apreendi um conhecimento mais importante do que conhecer a nossa própria espécie, é o ponto de partida para o próprio autoconhecimento. Conhecer a própria mente, nos faz entender e apreender melhor a nossa existência.

Para isso devo por respeito ao conhecimento conduzir com a ética. Utilizar as ideias e seu contexto com a atualidade. Não servir um conhecimento empírico, e sim a partir de muitos pensadores ao longo da história, por onde perpassa o próprio empirismo.

É isso que move minha busca de conhecimento, e a de muitos que gostam das áreas do conhecimento humano.

Até muito pouco tempo atrás, não existia essa possibilidade. Com advento de muitas tecnologias e da internet, temos a possibilidade de utilizar essa ferramenta revolucionária, conhecendo esse mundo de ideias por diferentes perspectivas.

A internet como qualquer instrumento na mão humana, é causa e consequência de diversos fenômenos indivíduas e sociais. Muitos ainda que talvez no futuro serão melhor elucidados.

Vivemos tempos rudes. E diversos autores atribuem a tecnologia, e mais recente a internet como um fator contribuidor dos tempos difíceis atuais. Claro que dentro de um contexto maior.

Contexto, entendo que a palavra chave do nosso tempo é contexto.

O adjetivo rudes caracteriza esse tempo em que se perdeu muito de nossa própria história do pensamento, e mesmo sua finalidade. Também é importante lembrar que já vivemos situações que tem semelhanças estruturais em outras ocasiões na história, não é um pessimismo sobre a atualidade, é procurar portas para lidar com essa realidade dada.

Mesmo assim não é possível prever o futuro, ao menos por enquanto. Tentamos sempre uma leitura aproximada do presente. Sempre será uma leitura aproximada, e que já está atrasada pela natureza física da temporalidade.

Ainda é dificílimo precisar as relações de tantas tecnologias com o contexto social,. Diante de uma perspectiva histórica em que não tínhamos muitos desses instrumentos. Mesmo assim há diversos sinais e sintomas que podemos discutir, relacionados ao advento das novas tecnologias e sua relação com o funcionamento psíquico, e com a massa pensante social.

Em uma generalização trazendo por exemplo a própria psiquiatria, encontrado também em outras áreas da medicina atual, estamos a vivenciar uma positivação do conhecimento extremamente danosa ao próprio conhecimento. Positivação que também tem sua importância, se soubermos utilizá-la.

A própria ciência como uma construção está em risco, já que a ciência por natureza não busca a verdade, a ciência contesta a verdade.

O que é, é até não ser mais.

Sendo que a ciência isolada e sem finalidade do benefício social não serve a nada, nem mesmo se produz, só fazemos ciência a partir da teoria do conhecimento.

A ciência é uma construção do saber, um saber momentâneo, transitório, ao mesmo tempo o que sustenta a direção das buscas de novos conhecimentos.

Teorias hoje são contestadas no mundo das imagens, é preciso ver para crer, subjetivar deixou de ser necessário. Não se utiliza o racional construído a partir das escolas que produziram e produzem conhecimento, hoje e ao longo da história.

Ainda é um grande desafio saber qual será o destino da repercussão social do impacto dessas novas tecnologias, principalmente a inteligência artificial.

Direitos humanos, e doutrinas que se alicerçam as próprias teorias do saber humano, e que utilizamos para retornar quando a ciência nos leva longe demais, são confundidos com termos pejorativos. Mesmo com os extremos do humanismo, não se justifica essa condensação da linguagem, o radical não é uma posição de uma via, todo extremo é perigoso.

Somos diversos, e viemos do mundo de animais primitivos e selvagens. O filtro da consciência moral deveria ser uma direção de construção, e não de destruição.

As ideias constroem os ideais, que vem a se tornar pensamentos assimilados em suas radicalidades pelos sujeitos com paixões não superadas, ou mesmo excesso de paixões.

Os tempos rudes não se faz por falta de ideais, e sim pelos extremos diante tantos ideais, onde só um é o verdadeiro. Só um é o possível. Só um serve o que serve ao bem individual, e ao imaginário coletivo, sem mesmo buscar entender a realidade social diante disso tudo. Toda ideia do passado, nos terá serventia, até para recusá-las.

Quando se excluem ideias, se excluem pessoas. Se exclui a possibilidade do diálogo. Então se torna só um ou outro. Em que a destruição dos outros é necessária a sobrevivência. Só que outros são milhares de pessoas. Um social doentio, como os sujeitos que nos chegam em seus sofrimentos individuais.

Uma diversidade que deveria ser enriquecedora, com potenciais produtores de conhecimento não utilizados por falta de acesso. Por um moralismo segregativo. A pobreza e a desigualdade social são imensas.

O Estado não faz sua função mal administrado na mão dos que detém poder, em redes de burocracias intermináveis, e chuveiros de dinheiro para todo lado ao custo de objetos do prazer. Não há prioridade social, mesmo que se tente a partir de quem vivencie a prática de estar em contato com quem precisa desses serviços, os mesmos que detém tamanho poder não cedem em nada, e alimentam seus serviços que prestam serviço ao público.

O saber passa as servir ao capital financeiro em todas as direções, através do público e do privado, e não mais ao social. O capital financeiro se torna o único norte, independente do futuro da humanidade. Um capital de extremos, que não é mais a consequência do trabalho, e sim a recompensa pelo sofrimento mental. Recompensa do cada vez mais, nunca alcançável.

Estudar ou trabalhar passa a ser a escolha de Sofia. E pagar imposto sem retorno um desperdício do tempo de vida disposto ao trabalho exaustivo. Diminuir desigualdade dentro do próprio modelo capitalista se tornou uma barreira bem construída aos extremos do dinheiro imaginário. O dinheiro do lucro, lucro, lucro.

Como sociedade desperdiçamos o capital humano, capital de milhares de pessoas inteligentes que não tem oportunidades, imensamente maior do que as que têm, e o desperdício é de todos, só aumenta a violência e sofrimento.

Ao nível do mental o espaço da subjetividade vem sendo considerado como um fator a se desviar, em prol do exato. Uma lógica que se vê por exemplo na clínica não mais existente, pelo menos não com esse termo, a clínica da Paranoia.

Ou mesmo contestado pelas "verdades reveladas", pelos saberes dogmáticos, que retornam para suprir a angústia do existir diante de tanto prazer cotidiano, e busca de cada vez mais, em contraste cada vez mais exigências da mente e do corpo para consegui-los.

Se por um lado evoluímos nas descobertas, em novas tecnologias, algoritmos, análise de dados, armazenamento, acúmulo de dados, conectividade, simplificação de processos, novas medicações, e muitos outros aspectos.

Por outro vamos perdendo o fio que nos enlaça no próprio Real que faz parte da apreensão da nossa mente na formação da realidade. É uma questão que não canso de me fazer. Diante de tanto conhecimento produzido ao longo da história, e com ferramentas disponíveis, deixaremos tudo para trás?

O saber sobre o ser humano não nos serve mais? ou só serve diante da lei do retorno imediato? O dinheiro vale mais que uma vida humana?

O saber virou moeda, e só vale a a partir de muito lucro, o bastante deixou de ser ao mesmo compreendido. Talvez por isso os Estados não invistam, não precisam de pensadores, e sim de mão de obra barata e descartável.

Diante do lema da meritocracia que marca o mérito de uma história esquecida. Do distanciamento exercido pelo próprio poder social diante de suas representações alheios ao próprio saber. Assim não serve os serviços sociais, o Estado quer ter lucro e competir com o próprio mercado. Mercado que o manipula, já estão lucrando há anos e anos.

Até Estado Laico que se um dia chegou a existir, pelo menos a cogitá-lo e torná-lo lei, já claramente não existe em sua função prática.

Nos contentamos na perda dos pressupostos, substituídos pelos preconceitos. Na condensação das palavras em seus significantes, movidos a sujeitos das massas.

Não há exceções, todos nós estamos nessa nau a navegar na loucura que nos leva aos excessos, ao filtro moral não construído que deveria alicerçar o próprio esforço civilizatório.

Estamos a perder pouco a pouco a linguagem que forma o discurso que nos fez chegar até aqui. A linguagem humana de se sustentar na própria incerteza, ou como Descartes ensinou, na dúvida metódica a fim de não sucumbir ao conforto do já sabido.

Essa sobrecarga de informações, inundando o imaginário individual. Nos distancia tanto da compreensão do contexto, o contexto humano, quanto das formas suportar a angústia do não saber, e de produzir novos caminhos, novas descobertas.

Não é um fenômeno isolado na medicina, é um fenômeno sócio cultural, na economia psíquica de suportar o pensamento diferente.

O conforto alimentado pelos algoritmos nos sacia, através dos estímulos de milhares de pixels, e na aproximação das ideias que nosso imaginário quer assimilar, isso é por demais prazeroso.

Talvez seja um efeito inicial desse “boom” de informação, e um caminho para novas configurações sócio culturais que podem ter uma infinidade de direções. E que teremos que nos adaptar para sobreviver, e o sobreviver é diferente do viver.

De certa forma estamos sempre no meio, no presente. No meio de uma história que se inscreve a cada movimento, a cada segundo, consequente de uma longa história, e que seguirá o seu invariável percurso em frente.

Do devir ao porvir. O tempo não para. O orgânico tem seu tempo biológico, a natureza o seu tempo físico, o tempo que é o próprio movimento da existência.

Mas não podemos nos enganar, sabe-se que as regras tem suas exceções, o tempo para. Alheio a nossa vontade, como a maioria dos acontecimentos da vida. A vontade não depende da indivíduo em si, é consequente da integridade do funcionamento psíquico.

O tempo relativo como Einstein nos ensinou, para nas mentes humanas. O tempo para quando a mente humana se distancia do Real, quando a mente não mais o suporta sua existência, e se realiza na própria realidade alheio a realidade social.

No distanciamento cada vez maior do elã que sustenta a realidade social, o discurso humano em prol do ser humano, o próprio ato de falar com pessoas diferentes.

E a lógica rege sem espaço para o sentir, o viver, o endereçamento transferencial que nos alimenta em afeto, diante dos prazeres e desprazeres ao que as relações humanas se moldam.

Nos levando na economia de não sentir mais nada, ou seria de nada mais ser sentido?

Não sei. Sei que a busca por prazer será cada vez maior, assim como a tolerância a esse prazer também será cada vez maior. Vai ser preciso cada vez mais, e mais.

Entendi esse momento com Manuel Castells trazendo no livro Sociedade em Rede, a necessidade de inundar a rede de ideias para além da desinformação, é preciso utilizar a rede para unir e construir conhecimentos, e retomar o contato real entre a espécie humana.

É preciso que mentes se encontrem e produzam, não tínhamos essa possibilidade antes, estamos diante de novos tempos, somos responsáveis pelo futuro que virá.

Com essa capacidade de transferência e assimilação de dados, acredito o caminho é construir a partir do imaginário virtual, termo que J. J. Tyzsler utiliza dessa extensão do nosso tempo ao registro do Imaginário.

Registro composto também com o Real citado no texto e Simbólico. Esses três registros compõe as dimensões no qual apreendemos a realidade. Uma disrupção no conhecimento ensinado a nós por J. Lacan, em que se aproxima em muito da física teórica.

Iremos percorrer diversos caminhos. Não tenho experiência em ensino, isso faz com que a metodologia possa não ser das melhores, mas espero que seja divertido.

Essa série intitulada de Uma Breve História do Pensamento.

Até mais! Obrigado pela leitura!


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