Entrando no campo do funcionamento psíquico - Teoria Psicanalítica

Hoje vamos dar continuidade e falar da Teoria Psicanalítica,uma apresentação, muito aquém do que realmente é a teoria, uma tentativa de síntese, que satisfaça pelo menos para os curiosos.

Criada por S. Freud em 1896, onde junto a J. Breuer, desbravaram a mente explorando o inconsciente, através da linguagem, por associações livres (crédito a J. Breuer, onde S. Freud trabalhava com a hipnose), e assim trazem um novo método de teoria e tratamento em pacientes, na época em que os tratamentos eram escassos, quase não havia medicações e a lobotomia vinha ganhando cada vez mais espaço.

A teoria Psicanalítica, desde o início encontrou grandes dificuldades para ser considerada uma ciência, e até hoje encontra, o preconceito e as pressuposições, inundam uma área, onde o conhecimento se baseia no estudo e estimulo ao autoconhecimento, ao conhecimento humano.

Toda novidade deve ser passível de crítica, e uma novidade que contradiz conhecimentos pré-existentes, opiniões tradicionais e culturais e fere sentimentos profundos, por si só gera oposição, porém não era o bastante para contrariar S. Freud, que sustentou em ensino e tratamento, trazendo casos famosos (caso Dora, o Homem dos Ratos, o Homem dos Lobos), alheio aos debates médicos científicos da época, em seminários, revolucionando o tratamento de muitas clinicas, e o mais incrível, através da palavra.

Mas quem suspender seu juízo e se deixar influenciar pela totalidade dela talvez adquira a convicção de que também essas novidades indesejadas são imprencindiveis e dignas de conhecimento, se quiser entender a psique e a vida humana.
Viena, dezembro de 1930.
S. Freud – Conferencias Introdutórias à Psicanalise (1916-1917) – Obras Completas Vol. 13 – Tradução Sergio Tellaroli – Ed: Companhia das letras.

Muitos pensadores e estudiosos, com grande referência a C. Jung, desenvolveram o conhecimento psicanalítico, e foi dada a largada ao movimento psicanalítico, que se dividiu em várias linhas de pensamento e desenvolvimento.

Assim a Psicanálise nos relembrou que somos animais, animais com um desenvolvimento mental mais complexo, contudo nosso instinto que remete a sobrevivência, o instinto animal é sexual (sexual aqui tem uma significação mais complexa, não sendo simplesmente o sexual que estamos acostumados ouvir), e é o que nos move na demanda do desejo e dá busca do prazer.

Esse instinto que vem do nosso inconsciente, é moldado pelo nosso consciente, que é moldado pela nossa personalidade em conjunto com a nossa cultura, e assim nos relacionamos com outros indivíduos e com o mundo.

Um exemplo para caracterizar, são os bebês, estamos no início do nosso desenvolvimento psíquico, agimos basicamente por instinto, a fome é um instinto que vem da instância do prazer, após alimentado corretamente, ele dorme, e posteriormente, acorda e chora, em busca novamente do prazer que sacia a demanda energética do corpo biológico.

O carinho é também outro ato que abastece a nossa demanda do instinto sexual do prazer, e por aí vai. Como disse acima o sexual aqui não é como a maioria das pessoas entendem, ao mesmo tempo que também envolve o sexual conhecido, isso é muito importante, somos seres que julgam no automático, o sentido da visão nos invade, e trabalhamos pouco nosso pensamento, acabando por se resumir ao sim e não, bom e ruim, gosto e não gosto, sei e não sei, a dicotomia do pensar e reagir, onde entre o sim e não, muitas vezes há um abismo, preenchido pela nossa economia psíquica.

Esse instinto, com a construção do nosso consciente, vai ser lapidado, a medida das nossas relações com os nossos criadores, e posteriormente na nossa relação com o mundo e outros indivíduos.

Nesse desenvolvimento chegaram ao conceito de estruturas psíquicas, sendo o perverso, a neurose e a psicose. Que iremos falar em outros posts. S. Freud trabalhou muito a neurose, onde a cura através da palavra era bem-sucedida, porém a psicose não respondia a terapia como a neurose, mesmo assim teorizou seus fundamentos, no intuito de ser trabalhado posteriormente, pois sabia o potencial do desenvolvimento do conhecimento da linguagem.

Minha referência é o desenvolvimento por J. Lacan, que que traz o conceito estrito de lógica as palavras, desenvolveu muito a teoria psicanalítica, e entendia que com conceitos lógicos, bem estabelecidos, teria menos erros de interpretação dos conceitos e seria mais fácil transmiti-lo, mesmo que em teoria e prática, já se fosse bem estabelecidos e terapêuticos conceitos da terapia psicanalítica.

Trabalhou muito a psicose, e trouxe o desenvolvimento esperado por S. Freud, em todas as estruturas. Chegando a trabalhar além de referências como S. Freud e outras literaturas analíticas, em um resgate a filosofiae também com físicos e matemáticos.

J. Lacan, traz e demonstra que todas as terapias quando bem-feitas funcionam, e muitas terapias funcionam com outras finalidades, como a terapia cognitivo comportamental, sendo instrumentos úteis e adaptados ao conhecimento do terapeuta e sua referência, de acordo com a clínica do paciente. Nenhum conhecimento é descartável, e é um erro diminui-los. Entretanto enfatiza, que a psicanálise que realmente explica o real funcionamento psíquico.

Hoje seguindo esse desenvolvimento na área psicanalítica, não excluindo outras áreas do conhecimento, temos a Escola Lacaniana Francesa, conduzida por importantes psicanalistas como M. Czermak.

M. Czermak foi colaborador no campo das psicoses de Lacan, e hoje junto com outros clínicos (dentre muitos colaboradores, também temos muitos brasileiros), continuam a produção teórica e clínica, dando um passo à frente ao legado de Freud e Lacan.

Infelizmente no nosso tempo, pelo viés da economia psíquica e o imediatismo, junto com a evolução tecnológica levando a biomedicina a outro patamar, as medicações acabam sendo extremamente utilizadas, e a própria medicina psiquiátrica, vem se afastando do estudo da linguagem, e até da psicopatologia clássica.

Então pessoal, ainda textos longos, espero que não tenham ficados entediados, é importante conhecermos além do que está nos veículos culturais, ainda encontramos muitos preconceitos com terapias, até entre as próprias teorias, dos profissionais que atuam e também de muitos que precisam.

Caso precisem, procurem referências, tem muitos profissionais preparados no mercado, e muitas não. Dentre os profissionais preparados recomendo Médicos e Psicólogos. Agora o tipo de terapia vai caber a você e o profissional que você confiar. Eu prefiro a psicanálise, porém utilizo muito a Terapia Cognitivo Comportamental e venho conhecendo a Musicoterapia, e conheço pouco de outras teorias de terapias.

O conhecimento não deve ser competitivo, ele é colaborativo, se o soubermos utilizá-los. A terapia não exclui a medicação, e quando indicada pelo seu especialista, deve-se utilizá-la conforme prescrição, o que vale é a confiança no profissional que você procura, e seu entendimento de que precisa de ajuda, claro, caso precise.

É isso! Bom final de semana a todos! Se estiverem passando por dificuldades, não se deixem levar pelo preconceito, procure ajuda!

Abrir a mente não muda quem nós somos. O autoconhecimento e entender melhor as relações que vivemos, vivenciamos e o mundo que estamos inseridos, além de nos tornar mais humanos, melhora a qualidade de muitas vidas.