[Meu Estilo de Literatura]: Por que fiz Letras? Entendendo Como Escrevo - Implicações, Interpretações, Aplicações - Literatura Psicológica

in #pt6 years ago (edited)

Minha Vida, a Literatura e sua Interpretação


Quando comecei minha vida literária, na verdade, nem sei se tenho uma, estava no 3º ano do segundo grau, hoje conhecido como ensino médio aqui no Brasil, e uma professora de português leu minha redação sobre Desemprego no Brasil, e estávamos no ano de 1988. Ela simplesmente leu, elogiou o autor, mas não me entregou o trabalho na frente de todos, apenas em sua sala, pois queria conversar comigo em particular. Em um primeiro momento, achei estranho esse comportamento e ela me perguntara se eu tinha o costume de escrever. Disse que sim, e pediu-me que lha mostrasse meu parco, porém sincero, trabalho poético. No dia seguinte, entreguei-lhe um caderninho, pequeno mesmo, e ela sorriu, agradeceu e explicou que conversaria comigo depois.

É tão bom lembrar disso tudo! Pela primeira vez eu ganhava carinho, que nunca tive na minha família tão quebrada e fria, tão mesquinha e má, e mais importante ainda, de uma desconhecida. Sabe quando ficamos intrigados? Pois é. Eu estava, ao mesmo tempo, feliz e intrigado. Até as marcas em meu corpo dos flagelos, castigos e punições infligidos por minha mãe, naquele momento de carinho dado por minha professora, eu esqueci. Sim, eu os esquecia, mas, neste momento em que escrevo para todos vocês, eu olho para meus cotovelos e meus tornozelos, e as marcas dos espancamentos e agressões físicas estão lá... até hoje, e eu era somente uma criança que, naquela época, sempre pedia uma única coisa de presente: "quebra-cabeças". Como eu amava montar quebra-cabeças, e não interessava a quantidade de peças; quanto mais, melhor. Hoje eu sei o motivo pelo qual eu pedia esse brinquedo: para esquecer as dores no corpo. Bom, agora sabem porque sou tão solitário!

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Algum tempo depois, minha professora chamou-me novamente até sua sala e conversamos. Foi então que me segredou que eu deveria fazer Letras, porque gostava de escrever. Eu gelei totalmente! Minha madrinha ficaria louca de raiva se eu escolhesse fazer Letras. Ela queria que eu fosse dentista, mas eu não tinha, e ainda não tenho, a menor vocação/inclinação para a área da saúde. Neste momento, eu estava com 17 anos e morava com meus avós e madrinha desde os 9 anos de idade, resgatado dos maus-tratos maternos antes que eu morresse. No fundo, foi minha avó que me resgatou. Minha madrinha e meu avô sempre foram contra e não me queriam na casa. O olhar de ódio deles era enorme em minha direção e eu tentava, de todas as formas, ficar longe. Minha avó materna (a paterna também era maravilhosa comigo, mas faleceu quando eu tinha 10 anos) foi a única que me amou tão ternamente, mas tão profundamente, que chega a doer a falta que sinto dela.

Antes de sair da sala de minha professora, ela disse ainda, e eu me lembro de cada palavra: apenas sugiro que faça Letras porque você GOSTA de escrever; não disse que te ENTENDERÃO. Eu só entendi o recado muito tempo depois, a duras penas!

Naquele tempo, não tinha o hábito de escrever crônicas ou contos, apenas poesia. Com o passar dos anos, afeiçoei-me por esses dois últimos gêneros. Engraçado que, até hoje, lembro-me de seus olhos esverdeados, de sua voz gentil e, principalmente, de seu nome: Rosângela. Minha querida professora de português do 3º ano. Acho que foi minha única fã e ela enxergou em mim o potencial que nem eu mesmo sabia que tinha. Escolhi o curso de Letras!

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Fiz o vestibular para a UFRJ naquele mesmo ano e não passei, porque havia escolhido Odontologia (minha madrinha fora comigo fazer a inscrição e não houve forma de marcar a opção Letras sem que ela visse). Enfim, era praticamente impossível passar para essa carreira naquela época. Hoje, os vestibulares são bem mais fáceis, mas antigamente era um suplício passar! Eu lembro que passei entre os 1.000 candidados, dos mais de 10.000 mil que concorriam a 100 vagas. Bom, até que não fui mal, mas ainda bem que não passei. No ano seguinte, fiz a inscrição sozinho, novamente para a UFRJ, e entrei para Letras. Porém, para o meu desespero, minha avó falecera... e eu fiquei nas mãos de meu avô e madrinha, que nunca me quiseram por perto, e eu ainda precisava dizer que havia passado para Letras.

Não vou contar tudo mas, em resumo, precisei buscar meu próprio caminho, porque os maus-tratos que eu recebera de minha mãe foram triplicados, e meu corpo não aguentaria por muito tempo mais uma saraivada de desesperança nas mãos de diferentes algozes. A única saída era: estudar o máximo possível, trabalhar concomitantemente, e ir embora.

Foi nessa época que encontrei o caminho do professorado e, também, dos escritos de contos e crônicas. Eu tive meus primeiros contatos mais profundos com a literatura de Machado de Assis, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Caio Fernando Abreu, Lya Luft, Carolina Nabuco, José Saramago, Camilo Castelo Branco, Fernando Pessoa, Virginia Woolf, Anton Tchekhov, Lygia Fagundes Telles, J. D. Salinger, Nikolai Gógol, Samuel Becket, dentre tantos outros, e fui encontrando meu viés literário.

Esse viés literário levou-me a perceber que eu não gosto de falar sobre o que é externo, mas, sim, sobre o que é interno, o que é mais profundo no ser humano e, por isso, a literatura é mais difícil de ser lida. Há um termo para esse tipo de literatura que é literatura psicológica, ou romance psicológico, em que se explora mais a psiqué do que o ambiente em si. A preocupação maior é com a personagem e não com o local em que se encontra. Não que o lugar não possua seu posto dentro dessa literatura, mas é pano de fundo, e não o destaque, ou seja, a figura (linguagem técnica literária: figura e fundo).

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Quando se trata de poesia, conto e crônica, é assim que escrevo. As palavras chegam em um turbilhão; a história aparece na minha cabeça a qualquer momento, até mesmo dormindo. Por vezes, eu acordo no meio da noite e preciso pegar um caderno ou o celular e gravar o que estava se passando para, depois, escrever o que vem como sentimento. Ponho a minha cola nas palavras desconexas e a leitura se faz coerente para mim. Contudo, essa é a mágica da literatura psicológica: quem lê precisa aplicar aquilo que foi escrito em alguma parte de sua vida pregressa, atual ou futura (caso faça planos). Infelizmente, eu não sei fazer poesia, conto ou crônica do tipo:

Se eu escrevesse na água
Como escrevo na areia
Eu escreveria seu nome
No sangue da minha veia

Eu não sei escrever assim! Acho bonito quem consegue, mas eu não sei. Meus trabalhos são considerados escuros, sombrios e enigmáticos, mas é o meu jeito de escrever e, creiam-me, eu não escolhi escrever desse jeito, apenas vem dessa forma. Surge em mim violentamente, em pedaços, em cacos, em flashes, e eu vou simplesmente pintando o quadro psicológico da coisa toda, mas, por vezes, sem mesmo entender o que estou fazendo. Talvez por isso eu entenda tão bem Clarice Lispector e, se ela fosse viva, eu queria estar perto dela o tempo inteiro, calado, só olhando para ela. Incrível o que ela disse um dia para uma fã sua sobre um livro de sua autoria. A história é que essa fã fez-lhe uma visita para demonstrar todo apreço e ligação que possuía com sua literatura e, depois de muita conversa, a visitante afirmou que adorou o que ela quis dizer na obra A Paixão Segundo G. H.. Clarice ficou perplexa, talvez de felicidade, e disse à visitante: que bom que conseguiu entender alguma coisa, porque, até hoje, eu mesma não consegui entender nada do que escrevi. Eu amei isso! Essa é a minha essência! A autora não entendeu, mas provavelmente ela escreveu para que alguém entendesse! Tudo o que é necessário para isso está dentro de cada leitor. Basta querer ler de verdade! Viu uma poesia, uma crônica, ou um conto, leia sem amarras. Leia para você mesmo, não para dizer quem o autor é, ou o que ele quis dizer. Leia para você! O que essa arte diz a você? Se não diz nada, tudo bem, mas, pelo menos, leia. Pode ser uma surpresa, pode não ser, enfim... é isso que faço.

Quando houve a exposição de sua vida no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo (hoje em reformas por conta do incêndio, e eu quase morri junto quando vi pela televisão), peguei o ônibus em Petrópolis, cheguei cedinho lá e abri todas aquelas gavetas e vi, foi a primeira coisa que vi, na primeira gaveta, seus documentos originais, carteira de identidade, CPF, seus escritos, tudo! Vocês não têm ideia do que senti! Eu tive de me sentar em algum lugar e me recompor, porque o choro era convulsivo!

Em uma entrevista que ela deu, e ela pedira que fosse veiculada apenas após seu falecimento, o entrevistador pergunta-lhe como é ser escritora, ou algo assim, e ela magistralmente responde: eu nunca fui escritora, eu apenas escrevo porque eu gosto. E, então, minha professora do 3º ano do segundo grau tinha toda a razão! Ou seja, o que ela disse faz todo o sentido para mim: ela percebera que eu GOSTO de escrever; não sou escritor tampouco e, por isso, não me entenderiam. Para mim, literatura é assim, é um gostar de escrever não por satisfação própria, mas para que alguém, em algum momento, entenda o que eu digo, que bata fundo no coração para soltar um caramba, passei por isso, ou nossa, tô emocionado (perdão por colocar no masculino, mas também é uma característica de minha literatura, meu "eu lírico" é quase sempre masculino). Mas, pessoas que gostam de escrever com o meu estilo são mal-interpretadas, não por maldade, mas por falta de vontade na leitura, ou porque não gostem mesmo deste tipo de coisa muito psicológica demais, com apenas uma personagem, muito existencial... Enfim, acabamos morrendo na obscuridade. Quando escrevo, percebo a beleza no que é prolixo, na complexidade do pensamento, na demanda da interpretação. Fujo do "óbvio", não pela falta de beleza, mas porque é simplesmente "óbvio". Concordo que da mesmice sempre advém alguma novidade (Guimarães Rosa), mas o sol brilha para todos, até mesmo para os que trazem novidades fora da "mesmice" diária e cansativa (Ariano Suassuna). Amo Ariano Suassuna!

Talvez por isso não possua leitores mais assíduos. Talvez por isso não seja popular, mas é assim que sou, é assim que serei sempre. Com relação aos [Diários de Bordo] que publico, essa é minha "veia" cômica, minha visão um pouco mais lúdica do mundo, mas não me interesso muito por Diários, escrevo-os por simples vontade de rir um pouco e, acreditem, eu rio muito dos Diários. Talvez seja este o momento em que escrevo apenas para mim mesmo, e eu gosto. Entretanto, se quiserem saber quem realmente é @manandezo, ele se esconde em suas poesias, contos e crônicas, enredado na psicologia de cada um de vocês. Ao perceberem que publiquei uma [Crônica], [Conto] ou [Poesia], ficarei bastante feliz com a visita e a leitura de cada apreciador da arte da palavra e da literatura psicológica que tanto gosto de preconizar.

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As gavetas de Clarice Lispector no Museu da Língua Portuguesa. Se não me falha a memória, foi em 2007.


Imagens: arquivo pessoal, última imagem


Agradeço pelo tempo que me oferecem com a leitura. O tempo dispensado a um ser é o melhor presente que se pode oferecer a outro ser. Sonhem todos os dias e sejam felizes, vibrando em harmonia e esperança, sempre no caminho do meio. É o que desejo a todo momento a cada ser vivente!


Abraços, @manandezo
Publicação de 23 de janeiro de 2018


Nossos Projetos de Língua Portuguesa

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Infelizmente vivemos em país "de terceiro mundo", onde não podemos nos dar ao luxo de estudar uma coisa simplesmente porque gostamos, mas porque dá dinheiro.

Mas acredito que isso está mudando com o avanço das comunicações e da economia digital, onde você pode ganhar dinheiro independentemente de onde você resida. O Steemit é um dos pioneiros nisso, e acredito que muita coisa boa ainda está por vir.

Eu te compreendo, @discernente. A coisa está mudando, mas, mesmo naquela época, em que a inflação por mês chegava a 60%, quando não havia nada para comer, quando havia desespero nos olhos das pessoas porque não havia carne nos mercados e, sim, uma fila gigantesca por um pedaço de "músculo" para colocar na sopa rala, eu escolhi o que queria, assim mesmo!

Não sei se fui corajoso, não sei. Apenas segui o meu instinto, como eu sempre faço, batalhei nas agruras e nos desesperos de escolas que não me pagavam nem mesmo R$1,00 por hora-aula, mas eu enfrentei. Trabalhava, inclusive, aos sábados e domingos, e ainda me lembro do salário por trabalhar aos fins de semana: R$54,00. Morava em um cubículo, cheio de mofo, não tinha geladeira, muito menos televisão, mas eu escolhi batalhar pelo que quis: Letras, português, escrever. Enfim, um dia, a coisa muda. Minha casa não tem mais mofo, é até ajeitadinha, mas não é própria. Quem me dera, ainda não cheguei lá, crê-me? Pois é, amigo, eis a luta contínua!

Mas, como disse, compreendo-te quando as escolhas são outras. Há bocas para serem alimentadas e eu entendo isso perfeitamente. Muitas vezes milhares deixam de viver sonhos para viver a realidade, e não os critico, porque o país anda mal e todos devem ter o que comer, pelo menos. A família sempre em primeiro lugar e, mesmo não tendo uma mais, eu entendo perfeitamente esses desesperos de pais e mães. Queria que todos vivessem seus sonhos e, um dia, isso ocorrerá. Não sei se estaremos aqui para ver, mas ocorrerá. Tenho fé!

Força a todos, em qualquer escolha que façam. Vocês têm meu respeito!

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É raro encontrar um professor que enxerga um potencial e te mostra o caminho por onde seguir.. e não é que ela acertou. Incrível, não é uma história fácil de se lidar, tampouco de entender reais motivos o porque de um tratamento tão ingnorante, mas você simplesmente abraçou a vida e com suas forças aprendeu a lidar com tudo dando uma volta por cima..
Sem palavras @manandezo! Parabéns, através de você é possível ver que a vida vale a pena ser vivida!

Hoje, ainda me pergunto, meio escondido de todos, mas não sempre: será que acertou mesmo? São aquelas perguntinhas chatas, que nos fazem duvidar da vida, entende? Quando nos sentimos pessimistas sempre fazemos perguntas contrárias às nossas convicções, acho normal; só não acho muito normal viver no pessimismo, então, a minha resolução diz muito sobre o que é contrário e foi meu lema: viver do otimismo e, algumas vezes, do ludismo!

Há tantas coisas ainda por contar! Vou colocando em meus Diários, Contos, Crônicas, Poemas e outras vias de palavras tortas em caminhos corretos! Estarei sempre por aqui pelas esquinas da plataforma... com um cafézinho... um caderninho no colo... um lápis na mão, porque detesto escrever a caneta... e uma mente que não para de divagar... porém, se endireita quando a pena toca o papel!

Um beijo com muito carinho procê, querida @anacristinasilva! Paz e bem todos os dias! 🌺

Sabes o que me trouxe aqui... Isto foi intenso, intenso demais para ignorar.. Na ausência de palavras que possam descrever aquilo que sinto neste momento... Ajusto-me para ler de novo...

Sim, sei bem o que e como foi. Talvez faltasse o motivo, mas há outros meios...

Por agora, um agradecimento de coração pela leitura, pela ausência de palavras, porque no silêncio do não saber dizer, mora o genuíno benquerer!

Ia escrever algo gigantesco sobre a sua incrível e corajosa apresentação, mas não acredito que seja necessário. Apenas deixo aqui o meu agradecimento pelo belo texto, que parece mais avalanche.

Consigo sentir sua vontade, acredita @croniquista? Acho que nos entendemos bem como escritores!

Obrigado pelas visita. Gostei muito!

Certamente, amigo. Sucesso para nós e à literatura.

Parabéns, seu post foi votado e compartilhado pelo projeto Brazilian Power, cuja meta é incentivar a criação de mais conteúdo de qualidade, conectando a comunidade brasileira e melhorando as recompensas no Steemit. Obrigado!

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Um abraço deste lado do Atlântico ao companheiro de letras

Abraço bom, muito bom! Como gosto de abraços!

Outros meus, @lfsarmento!

@manandezo Amigo acaba de sair na Landmark de São Paulo o meu último livro «Gabinete de Curiosidades». Um abraço
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Olha, que bacana! Vou buscá-lo, certamente, amigo @lfsarmento!

Depois, diga-me alguma coisa. Um forte abraço

@manandezo, clap, clap, clap! No momento escrevo somente com a mão direita enquanto esquerda balança o carrinho da Joana, digo isso pois queria fazer um comentário profundo sobre tanta informação e lição que conseguiu passar com este texto. Sua história foi difícil e lamento o sofrimento que foi necessário passar para se tornar quem é hoje. Felizmente, os caminhos tortos não te levaram para ódio e sim para a iluminação. Adoro a sua escrita e não sei porque, mas eu leio rápido, pois acredito ser assim que escreve seus textos. Com velocidade para dar conta de digitar todo o fluxo de ideias e palavras que explodem na sua mente.
Por fim, pela primeira vez na vida estou escrevendo diariamente e confesso que a sua sinceridade nos textos, a forma original de escrever, me motiva a continuar tentando a encontrar meu estilo e até mesmo melhorar a qualidade gramatical do meu português. Minha mente nunca funcionou bem para entender regras, sempre fui mais instintivo. Talvez seja apenas uma falta de auto disciplina herdada de alguma carência que tive com pais que não me deram o afeto que eu buscava, porém, longe dos maus tratos que descreve em seu texto.
Bom saber que o Steemit é um lugar onde você pode experimentar e encontrar a sua audiência e ainda ganhar com isso. Sensação de justiça.
Grande abraço!

Joaninha sempre primeiro! Ela pode TUDO! 💜

Sim, sim, a história foi difícil. Rapaz, eu tive de fazer uma edição na parte em que digo que minha avó falecera e fiquei na mão de meu avô e madrinha. Cara, você não faz ideia do inferno que eu vivi. Eu cheguei a dormir na rua durante vários dias porque eles não me queriam deixar entrar. Havia vezes em que minha madrinha simplesmente olhava para mim, pegava minhas roupas, colocava tudo em sacos e me mandava sair de casa. Assim, do nada! Todo dia era uma surpresa e isso foi durante quase a faculdade inteira. Eu me lembro de dormir embaixo do banco da praça do meu bairro para não perder o ônibus que saía às 6h05, e esse passava na Cidade Universitária. Se eu perdesse, era o caos! E o banho? E escovar os dentes? E banheiro? Cara, tudo isso na universidade eu fazia. Até roupa emprestada eu pedia.Não foi fácil? Não! Mas eu segui em frente.

Eu digo a todo mundo, temos, pelo menos, dois caminhos: continuar ou desistir. Eu quis continuar e fui até o fim. Quando consegui o primeiro emprego, eu nem estava formado ainda, eu peguei minhas coisas (uma muda de roupas e meus livros, era o que eu tinha) e fui embora para nunca mais voltar! Eu tinha 21 anos, e nunca mais voltei para casa. Mesmo passando outros perrengues, eu não voltei. Eu tive forças para resolver tudo sozinho. Então, eu sei bem o que é lutar e remar solitariamente. Não que eu não aceite ajuda, não é isso, mas porque, quando estou em apuros, eu não "arrego", como dizem os jovens de hoje, eu arregaço as mangas da camisa e vou lutar! Eu sempre escutava a voz dizendo: continue estudando, continue estudando, isso te salvará... e salvou!

Tem uma frase da minha psicóloga que é bem interessante: você tinha tudo para dar errado, tudo para virar um marginal daqueles do balacobaco, mas você preferiu não. Acho que isso me resume, pois a luz e o dia são bem melhores do que a noite e a escuridão. Continuo remando, não nego, ainda há muito a ser conquistado, e meu coração sempre foi assim: batalhador e amante da ordem.

Amigo @dudutaulois, o que você publica aqui é maravilhoso e siga seus instintos,só isso. Suas publicações são ótimas e você faz o que gosta. Eu sinto isso! Pela primeira vez na vida, depois do susto de quase ter morrido ano passado do coração, e eu contei tudo aqui para vocês, eu achei meu caminho. Quero escrever, sobre mim, quero escrever meus contos e minhas crônicas, quero fazer meus Diários, mesmo que sejam somente para mim, para meu contentamento (cara, eu rio muito, de passar mal, quando estou escrevendo os Diários; pergunta à @cleateles? Ela viu no Skype, pela câmera, eu passo mal de tanto rir!) Enfim, continua, Dudu, continua. Adoramos o que você faz e, agora, com Joaninha então na área, vai ficar melhor ainda!

Abraços com carinho de irmão por ti!

Uau.

E eu que achava que para escrever, teria que me entender antes. Eu, tolinha!rs
Ei, Mano... Somos feitos do que vivemos, não é mesmo? O que passamos, nem entendemos porquê... Para quê... De fato, tantas coisas poderiam ser diferentes. Mas não foram. E o que me admira em pessoas como você é deixar que as marcas presentes falem mais alto que as marcas passadas.
As marcas passadas não eram decisões nossas. Mas, as presentes são. Somos nós que decidimos e elas podem ter a cor, o formato, o cheiro e o som que quisermos. Você escolheu que suas marcas presentes sejam tornadas cômicas e te arranquem risadas, mesmo que não na mesma hora, e congelem do jeito que escolheu. As passadas viram lembranças ou, por uma escolha infeliz e massacrante, nossa e somente nossa, um chicote concreto que nos castiga todos os dias.
Eu me identifico "pá caramba" contigo! De verdade, devemos ser irmãos de almas. E com certeza sou aquela irmã pentelha, não duvide! Não quero te iludir e depois você queira "me jogar no vento"! kkkk
Conversaremos mais disso no skype, sim!
Forte abraço, xeros xerosos pra tu!

Já conversamos tudo pelo Skype hoje, não é? Minha querida Mana. Você é sensacionalmente especial! 💙💙💙

Historia Fascinante.

@manandezo, quem dera essa sensibilidade, hein? E que bênção foi a professora Rosângela. Acredito que muitos de nós temos uma professora assim, que em muitos casos, só com um simples toque, pode fazer inundar a alma do aluno de alegria.
No meu pouco tempo como professora, pude perceber como às vezes uma palavra ou outra que se use com o intuito de fazer crescer um aluno, pode fazer muita diferença e, lendo seu relato aqui isso dá mais incentivo para mim.

Sobre a Clarice, não é para menos que a minha filha tem esse nome. Grande parte da minha adolescência foi ao redor da prateleira que continha suas obras no colégio onde eu estudava. Tem um trecho que ficou na minha cabeça desde aquela época, mas que eu não ocnsigo lembrar o nome do livro, acredito que seja no Água Viva, que diz mais ou menos assim: "Tenho inveja das nuvens porque elas não choram. Mas então chove, e aí eu me vingo". Você tem ideia de qual livro possa ser?
Abraços.

Oi, @caroline.muller, muito obrigado pela visita! Fico feliz com você aqui e, no fundo, eu que te devo um "visitão" há muito tempo, porque você escrevendo me arrepia todo! Hoje mesmo, eu e @cleateles estávamos falando sobre como você é profunda e, ainda (agora é uma fofoquinha belíssima, e minha Mana Cleinha não vai se incomodar), como vocês são uns fofos, a turminha toda, a família toda! Enfim, só amor e alegria!

Sim, nós professores conseguimos tocar algumas alminhas pelo caminho. Eu mesmo tive algumas experiências assim também com alunos e alunas e, hoje, quando os vejo pelas ruas de Petrópolis, eles sempre dizem que as conversas que tivemos mudaram, e muito, a visão deles! Fico feliz com as sementinhas que semeamos! Por sorte, também recebi esse carinho da professora Rosângela e, por sorte, você também vai semeando em sua vida esse jardim que será bem florido. 🌷

Eu comentei com seu marido, meu amigo querido, que sua filha já traz metade do meu amor, só pelo nome. Preciso conhecê-la para completar a minha metade! Com relação à citação, estou na dúvida entre Como Nasceram as Estrelas ou O Mistério do Coelho Pensante. Clarice tem essa coisa de conectar o sentimento abstrato com algo natural, dando vida ao que "parece" não ter, e atribuindo uma característica a quem narra, uma emoção por conta de felicidade ou sofrimento. Ler Clarice é para bem poucos, mas ela é um sucesso para muitos por suas célebres frases. Eu mesmo coloquei uma dela no meu perfil, lá embaixo da minha foto! O meu maior problema é que eu não consigo guardar nada na mente sobre quem disse o quê, ou quem escreveu o quê ou quando. Nem recitar poemas de cabeça eu sei. Uma frustração em minha vida! Mas, paciência, não é?

Beijos, querida @caroline.muller, e mande beijos para todos também! 🌼

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