Eleição sem (Lula) Ladrão é fraude? | Manuscrito Medieval | #3
Eleição sem Lula Ladrão é fraude?
Hoje tive uma experiência incrível! Recebi um convite de uma grande amiga, psicóloga, excelente pesquisadora de história antiga e medieval, doutorando em história e também pertence ao mesmo Núcleo de estudos que eu Meridianum. O convite foi para ajuda-la em um projeto de artigo sobre alegorias benjaminianas. O que eu precisaria fazer? Tirar fotos do Centro da cidade de Florianópolis. Mas não era simples fotos. Em semanas anteriores, observando as ruas do centro, ela percebeu as diferentes temporalidades em confluência em um memsmo espaço, por entre as pessoas que iam e vinham...
Entre as 333 fotos que tiramos mais alguns vídeos que gravamos, houve uma que, particularmente, me chamou a atenção. Essa imagem descreve profundamente a capacidade de nossas sociedade brasileira, hoje, em não conseguir (ou não querer) dialogar. O que leva uma pessoa deixar tal frase no centro da cidade? A frase que ora fora Eleição sem Lula é fraude, se tornara Eleição sem Ladrão é fraude.
Imagens: Acervo pessoal
É obvio que eu compreendo a intenção de quem reescreveu sobre a palavra Lula, a palavra ladrão, buscava atribuir ladrão à pessoa de Lula. Mas ao fazer isso, esse sujeito assumiu o paradoxo que é a atual sociedade brasileira.
Onde está o paradoxo? Pensemos um pouco...
Se:
Eleição sem ladrão é fraude.
Logo:
Eleição para ser legítima deve ter ladrão.
Se:
Lula é ladrão.
Logo:
Eleição deve ter Lula para ser legítima.
Não quero, pelo menos nesse momento, que se defina "lados". Mas sim, tentar refletir sobre o que leva alguém a manter a frase como está, sem ao menos riscar o resto, uma vez que tenha visto o que sua composição significa.
Aguardarei os comentários para continuar essa reflexão de forma dialogada...
#FazendoHistoria | O DESAFIO | Edição 01
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Gostei da reflexão e da provocação. Isso põe em evidência o quão danoso é para a população de um país, estar polarizada desta forma. Como você bem escreveu, parece que esta polarização conseguiu tirar qualquer possibilidade de diálogo. E isso é muito triste! E ao mesmo tempo, as pessoas não se focam nas soluções e em um projeto de país melhor, que realmente faça a nação avançar e progredir. Neste sentido, esta polarização não passa de uma distração.
Muito bem colocado @paulomurilo. Eu tentei, analisando brevemente a frase dessa foto, explorar essas dicotomias em nossa sociedade contemporânea e ainda pretendo pensar mais, coletivamente. Além de expor de forma didática (creio eu) o quão contraditória é alguns fanatismos políticos, que, por vezes, vem sendo assimilados sem muita reflexão.
Obrigado por seu comentário.
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É isso ai! Continuando: O povo brasileiro infelizmente ama este estereótipo de "bandidão", vide Lampião. Então se ele roubou e saiu ileso, ai é que a popularidade aumenta e as chances de ser eleito sobem bastante. Vamos ver no que vai dar.
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Amigo kk acho que o pichador não teve um reflexão tão boa como a sua, apenas viu a oportunidade de vincular o nome de Lula ao Ladrão, é o resultado de um sentimento anti-pt, o que não é ruim apenas natural, que foi provocado pelo próprio partido. Abraços
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Será? Talvez conscientemente não. Mas nossas ações nem sempre são comandadas exclusivamente por nosso consciente racional. Está aí @matheusggr que não me deixaria mentir. Ainda assim... Acho que nos vale uma reflexão mais profundo até mesmo da que eu iniciei. Como disse, meu objetivo não é defender/acusar Lula, mas pensar o contexto de forma mais ampla. Obrigado por seu comentário, abraço e até a próxima!
haha daí já entramos em uma área que não domino, lembro que uma vez escrevi no blog sobre pichadores, porquê picham etc, fiz uma analogia com os homens das cavernas, mas na pesquisa descobri que eles se consideram revolucionários sociais, uma forma de protesto para se "mostrar" pro mundo.
Ta aqui o link: Picho - Protesto ou Vandalismo
Exatamente! Somos seres que vivem através das relações, em uma "mistura" da nossa formação psíquica individual, e do coletivo. Não existe livre arbítrio. Somos movidos a paixões e busca do que falta, o "porvir". O meio nos molda, e respondemos a ele, mesmo sem ser nossa intenção.
Complicado @leodelara. Bom aqui sempre foi desde que cheguei um local que conseguimos discutir questões como essa civilizadamente. O Brasil passa por um momento difícil, assim como outros lugares do mundo, mas fazemos parte desse.
As generalizações, o uso da massa, da falta de entendimento do sistema politico, de educação de base, de uma cultura que percorre desde a colonização (por sinal estou lendo a tese de mestrado que é incrível), passando pela Ditadura, e vive hoje o período consciente de que o passado "glorioso", deve ser retornado em busca de um futuro melhor.
Não aprendemos com o passado, busca-se repeti-lo continuamente, justamente por não conseguir refletir sobre ele, sem precisar defender um lado, falar "sobre"e não "de" alguma posição. E estamos falando de um passado recente.
Por isso apoio muito, e gosto muito de tê-lo entre a gente! Aprender com quem entende do passado, que pode discorrer "sobre", trazer isso a discussões, talvez em algum tempo, nos coloque a entender o presente, para assim podermos direcionar com mais clareza o futuro.
E não viver em uma sociedade paranoica, onde tudo e todos são os culpados. É hora de nos responsabilizarmos, de trazer o saber, e de estimular a criação de mais saberes. Quanto mais sabedoria, e mais humanização, mais próximos estaremos na busca de melhores relações humanas. Lula foi condenado muito antes de seu julgamento, um julgamento mais moral do que respaldado no próprio meio jurídico.
No entanto o fanatismo sobre o mesmo, nos deixa a merce do retorno a tempos recentes de muita hostilidade, e restrição dos diretos humanos. É preciso dar um passo a frente, Lula é um individuo, a politica em torno dele deve seguir. Não precisamos de um líder, precisamos de um presidente que una os ideais, não que divida mais ainda a população. Para assim buscar reformas estruturais que nosso país tanto precisa.
Sim @matheusggr, estou em pleno acordo com o que dizes. Só não sei se nós historiadores temos essa tal capacidade que se referes, que "nos coloque a entender o presente". Talvez consigamos instrumentalizar aqueles que fazê-lo, muito mais do que fazer em si. Digo isso, porque não vejo muitos historiadores e historiadoras preocupados com isso. E se estão, pouco fazem para tentar entender a atual conjuntura. Incluo-me nesse processo como uma auto-crítica. De qualquer forma, assim como Lula é apenas um sujeito, um indivíduo, não acredito que será um(a) historiador(a) ou mesmo apenas a história, sozinha, que trará as respostas. Apenas através de discussões, reflexões coletivas e transdisciplinares é teremos uma chance de alcançar algumas das respostas que tanto buscamos.
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E é exatamente isso. Nunca terá uma resposta. O que nos fazer também estar em uma posição de não deixar de criar questões. Não precisa compreender o passado como historiador, e apresentá-lo ao presente. As "discussões, reflexões coletivas e transdisciplinares", que nos fará encontrar balizas para amenizar esse abismo de polos. Estar disposto a isso, já é para mim a capacidade de fazer entender de alguma forma o presente. Não na academia, e sim onde falta essas discussões. Só que em um tempo onde o capital prevalece, não é em qualquer rede que será realizada. E isso nos coloca nessa trajetória de muitas possibilidades dos ativos digitais. As perguntas, e as reflexões são o mais importantes, e não se satisfazer com as respostas, o que nos move. Espero que nunca a encontremos, e que se algum dia no futuro eventualmente olharem para aqui, se coloquem caso satisfeitos com a resposta, a questionarem-se novamente ou ao menos a saberem que nos motiva procurar as respostas que nunca teremos, mas que podem levantar questões a serem refletidas, nesse ou em algum momento com esses trabalhos.