Mudança Social - Parte 3 - Minorias e Mudança Social

in #psychology6 years ago (edited)

Realidade Social: Violência, Poder e Mudança
Mudança Social - Parte 3 - Minorias e Mudança Social


"Todo mundo é uma minoria de Um que pode mudar o mundo."- charlie777pt

Introdução


Estamos numa era de estagnação económica, de reforço de autoridade, salários mais baixos, desemprego e uma crise social em todos os países, que vão ter de acodomodar e acostumar-se ás novas minorias étnicas (expulsas por guerras iniciadas pelo mundo "civilizado") e ás repercussões gerais que isso terá nos comportamentos das maiorias onde eles tentarão se integrar.
O crescimento do racismo e neonazismo minoritários estão a atrair as maiorias para mudanças negativas na sociedade com argumentos de "roubo de emprego" e "abusos do estado social" pelos os recém-chegados.

A mudança social é centrada em quatro elementos fundamentais, num conflito, relacionado com as normas, as relações de poder, e o papel da influência das minorias na difusão da inovação de comportamentos e ações alternativas que poderam beneficiar toda a coletividade.
"Mudança é a construção da conformidade e regulação social e uniformização" - charlie777pt

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1- Conflito Social


O Conflito normativo social nascido a partir da reciprocidade de comportamentos de atitudes opostas é resolvido em negociações para benefícios mútuos.
A transformação real na sociedade é uma mudança social significativa, com efeitos de longo prazo, como as mudanças geradas nos movimentos sociais.
Os conflitos podem ir de reações para resolução por negociações persuasivas até ao uso disruptivo da violência, fechando as portas para um acordo.
Sabemos que o conflito entre uma minoria, que tem comportamentos consistentes e mensagens estruturadas, que chama á atenção e apela á consideração da maioria que as resolverão com as suas resistências e ajustes para mudar e favorecer a integração dos grupos menores dissidentes.

Nemeth em 1987 demonstrou que o tipo de posição de uma minoria produz uma dissonância cognitiva na maioria, criada por sua natureza lógica que suaviza o conflito, possibilitando as negociações dos caminhos concretos de mudança que iniciaram o confronto.

2 - Normas Sociais


As normas servem como um padrão de referência para a ordem social e para facilitar a interação entre as pessoas, como regras comuns de coordenação e cooperação humana.
As normas são a comprovação de expectativas de conduta estáveis, bem como as regras sociais que definem um senso comum em valores, crenças, atitudes e comportamentos e um regulador das inter-relações sociais.
As normas são como estruturas ou diretrizes para o comportamento esperado nas interações sociais.
A normas intermediam grupos e indivíduos, para a estruturação da sociedade e a diferença entre e para o comportamento humano em geral. Os valores são individuais mas podem também ser crenças socialmente partilhadas dos modos desejados de ser e sentir.

Estudos sociológicos reportaram quatro tipos de normas: cultura popular (convenções), costumes (moral), tabus (proibições) e leis (justiça).
O controle social é uma espécie de convenção para recompensar ou punir o que é considerado "anormal" no contato humano com uma sociedade.
São os comportamentos desviantes ou "anormais" que criam o progresso contra a convergência e unificação do contexto normativo, levando algum tempo para a resolução das pressões sociais pelo impacto cognitivo individual que mudará a ordem social.

Ibanez, em 1987, refere-se ao fato de que todo ser humano tem a necessidade de "conformidade assimilada" forçada por formas de abertura á "diferenciação-resistência" para as transições normativas da sociedade.

3 - Relações de Poder


A influência social é sempre cercada por uma relação visível e invisível com o poder social, onde todos têm a possibilidade de influenciar atitudes de outras pessoas e comportamentos correlacionados, que não pertence à minoria nem à maioria.
Uma das relações com o poder é o medo de ser diferente que as maiorias impõem se as pessoas começarem a seguir os comportamentos que estão criticando na minoria.

4- Papel minoritário


As Minorias são sempre a gênese e força que impulsiona a mudança social e Ibanez encontrou três hipóteses para definir as influências do grupo menor:
  • a) - As propostas de mudança das minorias só são viáveis ​​se representarem o progresso social.
  • b) - Mecanismos de regulação social reproduzem e modificam a realidade social.
  • c) - Mesmo que as modificações da realidade sejam produto do sistema, são as minorias que detectam os sinais de mudança e as mostramá maioria. As minorias, às vezes, não são a génese da mudança, mas são as que a anunciam, tornando-se o instrumento para a mudança social.
Na estrutura do conflito inter-relacional, as diferentes visões minoritárias sobre as normas sociais devem ser propagadas em mensagens cognitivas para influenciar a maioria com persuasão para levar à sua identificação e aceitação. As Minorias ativas são fontes inovadoras para as normas e atitudes desejadas para apoiar a evolução social Mudança é a construção de conformidade e regulação social.

4.1 - Minorias que fizeram uma influência real.

Os movimentos sociais são atividades ou eventos coletivos projetados para reforçar ou resistir às normas e condutas sociais existentes e às atitudes individuais (níveis cognitivos, emocionais e orientados para a ação). Lutas ativas de minorias de movimentos de direitos são formas muito conhecidas de influência para fazer com que a maioria converta e internalize novas atitudes, comportamentos e regras sociais.
  • Uma influência extraordinária das minorias foi a causa do movimento dos direitos civis nos EUA nas décadas de 50 e 60, apoiando direitos iguais para todos os cidadãos apesar de sua raça, resultando na Lei dos Direitos Civis em 1964 para impedir a segregação pública.
  • O movimento sufragista, no Reino Unido no início do século XX, que buscava obter o direito de votar nas mulheres e mudar seu papel na sociedade, com a ajuda de uma importante e carismática mulher, Emmeline Pankhurst, líder da União Social e Política da Mulher (WSPU).
As normas da maioria são uma massificação do cumprimento de regras, mas haverá sempre uma pessoa ou um grupo menor que para de validar as atitudes, comportamentos ou pontos de vista existentes sobre a adaptação da realidade.

Uma parte da influência das Minorias são suas ações para explicitar seus motivos, para serem percebidos, agir desinteressadamente e mostrar os aspectos que são de interesse comum para a maioria.
Nos próximos posts, vamos finalizar o tema da Mudança Social, com a empolgante questão da minoria da Descentralização e do Blockchain.

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C - Mudança:(cont.)

A Mudança social
  • Parte 4 - A minoria da descentralização e do blockchain
Conclusão - A série que mudou para uma saga

Referências consultadas:

Les concepts fondamentaux de la psychologie sociale - Gustave-Nicolas Fischer
La psychologie sociale - Gustave-Nicolas Fischer
A dinâmica social-violência, poder, mudança - Gustave-Nicolas Fischer , Planeta/ISPA, 1980
Gustave-Nicolas Fischer é Professor de Psicologia e Diretor do Laboratório de psicologia na Universidade de Metz.

Raven, B. H. e ; Rubin, J. Z. (1976). Social psychology: People in groups
French, J. R. P., e ; Raven, B. H. (1959). The bases of social Power. In D. Cartwright (Ed.),Studies in social Power. Ann Arbor, MI: Institute of Social Research
Castel, R.As metamorfoses da questão social.Vozes, 1998.
Moscovici, S. (1976).Social influence and social change. London: Academic Press.
Michel Foucault, Discipline and Punish: The Birth of the Prison
Festinger, L. (1954). A theory of social comparison processes.
Dahl, R.A. (1957). The Concept of Power,
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Grabb, Edward G., Theories of Social Inequality: Classical and Contemporary Perspectives,1990.
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Lewin, K. (1948) ‘Action Research and Minority Problems’, in G.W. Lewin (ed.),Researching Social Conflicts , New York: Harper and Row
Parsons, T. (1966). Societies: Evolutionary and comparative perspectives.
Levy, A. (1986) Second-order planned change: Definition and conceptualization, Organisational Dynamics
Watzlawick, P., Weakland, J.H., Fisch, R. (1974) Change: Principles of Problem Formation and Problem Resolution. New York, Norton.

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Às vezes eu tenho a impressão de que as minorias conseguem - na grande maioria das situações - enxergar o que a maioria não consegue ver por conta própria.

Daí, o que acaba acontecendo é: uma minoria sempre precisa sofrer para a maioria entender do que se trata o assunto.

Boa, mas uma vantagem de ser minoria é que se antecipa a mudança que em termos psicológicos é muito mais benefico, do que quando resistimos e somos arrastados pela transformação.
Para quem antecipa a mudança, não existe mudança.:)

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