#FILMOTECA# - "Se Deus Vier Que Venha Armado" (2015)

Fonte: Divulgação (Livestream)

Sinopse: Damião tem direito à saída temporária (graças ao indulto do dia das mães) da prisão e aproveita para visitar seu irmão, Josué. Lá fora, ele tem que cumprir uma missão para o crime organizado (PCC), mas acaba se distraindo com o reencontro de seu amigo de infância Palito, que o apresenta à linda professora de teatro Cléo.

Nos últimos anos o cinema nacional vem se esforçando de uma maneira monstruosa - algo nunca antes visto de uma forma tão direta e presente - para se tornar visível e relevante diante dos olhos dos brasileiros e da mídia internacional. Há vários ótimos exemplos de filmes que surgiram ao longo dessa jornada de transformação (comprovando a boa intenção dos profissional relacionado à área)... Mas infelizmente, não é o caso de "Se Deus Vier Que Venha Armado", que ajuda a fechar o saldo na balança de forma negativa.

Fonte: Divulgação (Coisa de Cinéfilo)

A premissa do roteiro é boa (embora batida em alguns pontos... mas nada que viesse a se tornar algo prejudicial), e o início do filme é promissor. A história se estabelece de uma maneira que nas entrelinhas diz que uma boa produção estaria a caminho e assim o filme se mantém por um tempo, prendendo à atenção de quem o assiste.

Ganhando forma e peso (quando consegue se alinhar afim de trabalhar a ideia de um conflito envolvendo a moral e a ética relacionado ao trabalho da polícia em comunidades carentes... em contraste aos interesses e a desvalorização social daquela mesma população que ali vive), o filme parecia seguir no caminho certo, mas em um dado momento é como se todo o alicerce narrativo para impulsionar os próximos acontecimentos caísse por terra e enterrasse o filme de uma maneira brutal.

Há uma desconstrução narrativa que faz o filme se perder por completo nele mesmo. Não há mais um segmento a ser direcionado e a coisa começa a correr solta de uma forma que consegue incomodar o espectador. Sem ter uma razão específica que as justifique, as situações lembram muito uma colcha de retalhos mal costurada com tecidos totalmente discrepantes entre si.

Fonte: Divulgação (VEJA)

A direção de Luís Dantas é um desserviço forte para esta produção. É nítido que ele não estava sabendo conduzir a história de uma maneira minimamente correta. Os momentos de confusão que ele cria são vários e bagunçam ainda mais o que já estava ruim. Não há nenhum momento inspirador na sua função... Um trabalho realmente ruim.

O elenco acaba sofrendo por tabela, porque eles são uma galera boa. A aposta do longa é Vinícius de Oliveira (eternizado pelo papel do jovem Josué no filme Central do Brasil), que se mostra totalmente confuso e entrega uma atuação nada inspirada e o restante dos atores segue o mesmo bonde, e ficam muito limitados em seus papéis... Sem poder oferecer nada que os salve (o mais irônico nisso é que todos são bons personagens e tinham ótimas chances de crescimento para se tornarem relevantes... mas não, isso não acontece de forma alguma).

Fonte: Divulgação (Blah Cultural)

Edições de cenas extremamente corridas e desconexas e uma trilha sonora inadequada completam a lambança e favorecem categoricamente para criar uma visão turva que fica na retina do público a todo momento durante a projeção. Nada funciona... As cenas estão ali apenas por estar (tentando amarrar uma trama muito mal executada, que não emplaca e nem se sustenta).

Uma sucessão de erros é o que define bem esse filme. Um exemplo claro do quanto o cinema nacional ainda precisa evoluir. Mas é claro que isso não é uma exclusividade nossa, porque todo país faz filmes ruins... O grande problema é que nós, brazucas, parecemos ter um fetiche particular com essa prática.

Fonte: Divulgação (ABCine)

"Se Deus Vier Que Venha Armado" desperdiça uma história interessante e personagens super bacanas (por sinal, extremamente mal desenvolvidos) de uma maneira assustadoramente veloz, deixando um vazio dentro da narrativa que se perde a cada nova cena que tenta desenvolver ao longo dos seus 87 minutos... Tornando-se, em diversos momentos, uma experiência sem muito sentido e quase sonífera.